Os deputados do Partido da Lei e Justiça (PiS) apresentaram um projeto de lei que altera o código eleitoral, permitindo que todos eleitores manifestem o seu voto por correio, uma proposta que será analisada sexta-feira pela câmara baixa do Parlamento, onde o PiS é maioritário.

"Poderemos votar pelo correio. Não precisaremos de ir a uma assembleia de voto, porque não haverá assembleias de voto", explicou Ryszard Terlecki, que preside ao grupo parlamentar do PiS.

No entanto, a aprovação desta proposta no Parlamento não está garantida, segundo os 'media' polacos.

De acordo com alguns meios de comunicação social, o partido Aliança (que integra a coligação governamental liderada pelo PiS), do vice-primeiro-ministro Jaroslaw Gowin, opõe-se frontalmente ao voto postal, em nome de valores de saúde pública, e admitiu mesmo abandonar o executivo, tendo deixado essa ameaça ao líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski.

Perante as resistências de vários partidos, o PiS divide-se entre manter a proposta de votação universal por correspondência ou reservá-la apenas para os eleitores com mais de 60 anos, mas insiste na data de 10 de maio para o escrutínio.

As sondagens dizem que dois em cada três polacos preferem um adiamento das eleições, indo ao encontro da posição dos partidos da oposição e de muitas autoridades sanitárias, que recordam o risco de contaminação nos membros das comissões eleitorais nas assembleias de contagem de votos.

Os analistas dizem que uma votação em maio garantiria a vitória do candidato do PiS, Andrzej Duda, enquanto um adiamento reduziria as suas hipóteses de um segundo mandato.

O candidato liberal à Presidência da República, Malgorzata Kidawa Blonska, disse hoje que a proposta do PiS era "uma violação flagrante da Constituição" e vários autarcas admitiram recusar-se a organizar as eleições, para evitar riscos de contaminação.

Na Polónia, há mais de 2.500 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e foram registadas 45 mortes.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 508 mil infetados e mais de 34.500 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 13.155 óbitos em 110.574 casos confirmados até quarta-feira.

Leia Também: Polónia lança app para garantir que infetados com Covid-19 ficam em casa