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Eleições no Irão: "Não vou votar porque não vai mudar nada"

 

Eleições no Irão: "Não vou votar porque não vai mudar nada"
Notícias ao Minuto

11:58 - 21/02/20 por Lusa

Mundo Eleições no Irão

Sentados a uma mesa da cafetaria do Centro de Arte Kamraneih, uma antiga casa tradicional agora transformada em espaço público para exposições de arte, Ali e Maral gozam o sol num dia de descanso e ela afirma convicta que não vai votar.

"Para quê? Não vai mudar nada", explica, assertiva, Maral, que se formou em Ciências Políticas.

Ali, de 33 anos, formado em Engenharia, também em Barcelona, responde "talvez", ainda não tem a certeza se vai votar, embora reconheça a importância do parlamento na vida do país.

"O Irão é um país complexo. Tem uma grande importância a nível regional e é por isso que digo que as eleições para o parlamento são importantes, mas depois do que fizeram, impedindo candidatos de concorrer, questiono se vale a pena. Ainda não sei. Vamos ver", acrescenta.

"Nas cidades mais pequenas, não tenho dúvidas de que haverá maior participação eleitoral que do aqui em Teerão, onde há muita desigualdade e quem não concorda [com o regime] opta por não votar", salienta.

Maral pega-lhe na palavra e continua: "É claro que o voto é importante e o parlamento é importante pelas decisões que devia tomar. Lutamos por democracia e não vejo isso do lado do governo".

Ambos coincidem na importância do parlamento, mas argumentam sobre a viabilidade das decisões adotadas pelos deputados.

"Os deputados votam uma lei e depois o Conselho Guardião, que não é eleito, veta-a. Isto não faz sentido. O Conselho Guardião tem todo o poder e não respeita o voto do povo. O parlamento é o único órgão colegial que é escolhido por sufrágio universal", salienta Ali.

No Centro de Arte Kamraneih, Ali e Maral são um dos vários casais e grupos de familiares e amigos que fazem um 'brunch' aproveitando o dia de descanso que são as sextas-feiras nos países islâmicos.

O plano para o resto do dia é ir ao cinema.

Mais de 57 milhões de iranianos estão inscritos para elegerem hoje 290 deputados e sete membros da Assembleia de Peritos em cinco províncias iranianas -- Teerão, Qom, Khorasan Norte, Khorasan Razavi e Fars.

Os resultados das eleições apenas deverão ser conhecidos dentro de dias, esperando-se que no sábado seja divulgada a taxa de participação no escrutínio.

Nas anteriores legislativas, a taxa oficial foi de 62% e para as eleições de hoje o porta-voz do Conselho Guardião, que falava uma conferência de imprensa realizada na quarta-feira em Teerão, disse que uma votação à volta de 50% não seria uma má notícia.

O Conselho Guardião é o órgão que supervisiona os atos eleitorais no Irão e que desqualificou milhares de candidatos do bloco reformista e moderado, abrindo caminho a uma mais que esperada vitória dos conservadores e dos ultraconservadores.

"Antecipamos que 50% do eleitorado vai votar", disse.

Abbasali Kadkhodaee salientou ainda que se os votantes forem menos de 50% tal não será motivo de preocupação.

"Há países europeus em que a participação eleitoral é inferior a 50%", rematou.

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