Frelimo diz que presidente "não tem nada a ver" com processo
Um porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) disse hoje que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, não tem qualquer relação com as dívidas ocultas do Estado, após ter sido referenciado durante o julgamento do caso em Nova Iorque.
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Mundo dívidas ocultas
O chefe de Estado "continua calmo e segue os acontecimentos" e "não tem nada a ver com a questão das dívidas", referiu Caifadine Manasse, secretário do comité central do partido para a Comunicação e Imagem, em declarações ao serviço em inglês da Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Sobre o facto de o partido também ter sido citado, aquele responsável disse que aquela força política está "a seguir o julgamento".
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, pediu hoje que Filipe Nyusi colocasse o lugar à disposição no prazo de 72 horas e que a Frelimo, partido no poder, explicasse o seu papel no caso das dívidas ocultas.
Jean Boustani, principal arguido no caso das dívidas ocultas do Estado moçambicano, em julgamento nos Estados Unidos, afirmou na quarta-feira que a empresa Privinvest pagou cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros) para a campanha presidencial de Filipe Nyusi de 2014 (um milhão para a campanha própria e quatro milhões para a Frelimo), a pedido do antigo Presidente Armando Guebuza.
Já numa sessão anterior do julgamento, a acusação norte-americana tinha revelado registos bancários de uma transferência de 10 milhões de dólares (nove milhões de euros) de uma subsidiária da Privinvest, para a Frelimo, em quatro tranches, em 2014.
O mesmo texto da AIM refere que a legislação sobre o financiamento de campanhas eleitorais moçambicanas "é extraordinariamente permissiva", com os partidos e candidatos a serem obrigados a prestar contas "apenas do dinheiro que receberam do Orçamento de Estado".
"A lei permite explicitamente contribuições de cidadãos estrangeiros ou organizações não-governamentais (ONG) e proíbe apenas contribuições de governos ou organizações governamentais ou empresas públicas estrangeiras", sendo que "empresas privadas estrangeiras não são mencionadas", acrescenta.
O estaleiro naval Privinvest é acusado de subornar governantes, políticos e banqueiros para levarem avante os projetos das empresas marítimas moçambicanas Ematum, MAM ou Proindicus que, entre 2013 e 2016, assumiram dívidas ocultas de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) com avales do Estado.
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