"Sei que na Sérvia a NATO permanece controversa. As recordações desta campanha aérea permanecem dolorosas para muitos", disse Jens Stoltenberg no final de uma deslocação de três dias à Sérvia.
O balanço dos civis mortos durante as 11 semanas de ataques da NATO, destinadas a forçar o então líder sérvio, Slobodan Milosevic, a retirar as tropas enviadas para o Kosovo, nunca foi estabelecido oficialmente.
Os números situam-se entre os 500 e os 2.500 mortos, segundo a organização Human Rights Watch e os responsáveis sérvios, respetivamente.
"Nunca devemos esquecer o passado. Mas podemos ultrapassá-lo. É o que a NATO e a Sérvia estão em vias de fazer com a sua parceria", disse, num momento em que foram organizados exercícios conjuntos, que envolvem 2.000 operacionais de 40 países.
"Não é um exercício militar. A NATO não é apenas uma aliança militar. É um exercício civil para gerir situações de desastre e salvar vidas", assinalou Jens Stoltenberg.
Uma larga maioria da população sérvia mantém uma forte animosidade contra a NATO, que se acentuou durante a campanha aérea entre finais de março e início de junho de 1999 motivada pela designada "guerra do Kosovo", e quatro anos após a intervenção da Aliança na Bósnia-Herzegovina contra as forças sérvias locais.
No entanto, segundo o Centro para a política de segurança, um centro de reflexão sediado em Belgrado, as forças sérvias participaram em cerca de 150 exercícios conjuntos com a NATO desde 2006.
Nos últimos cinco anos, e segundo a mesma fonte, também se envolveram em uma dezena de exercícios militares com a Rússia.
Jens Stoltenberg assegurou que a NATO "respeita plenamente" o desejo de neutralidade da Sérvia, e a sua recusa em aderir à Aliança.
Por sua vez, o Presidente sérvio Aleksandar Vucic explicou que esta colaboração se situa "ao nível racional", e quando a impopularidade da Aliança entre a população sérvia é explicada "por razões emocionais e psicológicas".