Nigéria recusa-se a receber cidadãos deportados dos EUA: "Pressão"

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria anunciou hoje que o país se recusa a aceitar 300 cidadãos venezuelanos que serão deportados dos Estados Unidos da América até porque já têm "230 milhões de habitantes".

Yusuf Tuggar

© Getty Images

Lusa
11/07/2025 18:32 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Nigéria

"Os Estados Unidos da América (EUA) estão a exercer uma pressão considerável sobre os países africanos para que aceitem venezuelanos deportados, alguns diretamente das prisões", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Yusuf Tuggar, em entrevista ao cança africano Channels Television, na quinta-feira.

 

"Será difícil para a Nigéria aceitar prisioneiros venezuelanos, pelo amor de Deus. Já temos problemas suficientes (...) Somos mais de 230 milhões de pessoas", acrescentou.

Trump contactou pelo menos quatro nações africanas - Benim, Essuatíni, Líbia e Ruanda - para acolherem deportados sendo que, no início do mês, oito pessoas foram enviadas para o Sudão do Sul, após uma batalha judicial que as levou a ficarem detidas no Djibuti durante várias semanas, segundo o órgão de comunicação social britânico BBC.

Esta semana, o chefe de Estado norte-americano reuniu com cinco homólogos africanos do Gabão, Guiné-Bissau, Libéria, Mauritânia e Senegal e o norte-americano Wall Street Journal noticiou que este foi um dos temas abordados e que Trump os pressionou para tal.

Contudo, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse aos repórteres que Trump levantou a questão das deportações para países terceiros, mas não lhes pediu "para receber de volta os imigrantes".

A deportação de pessoas para países terceiros tem sido uma prática do Governo Trump aos migrantes indocumentados, nomeadamente com o envio de centenas para uma prisão em El Salvador e para o Panamá, países da América Central.

Os EUA ameaçaram o bloco político BRICS - do qual faz parte a Nigéria - com taxas o que, para Tuggar, é uma medida que está relacionada precisamente com a questão das deportações, noticiou o meio de comunicação social francês RFI.

Especificamente sobre a Nigéria, Trump anunciou uma tarifa de 10% aos produtos deste país da África Ocidental.

Também esta semana, terça-feira, os EUA anunciaram novas restrições para vistos a cidadãos nigerianos que não se enquadram nas categorias de "imigração" ou "diplomacia", uma medida que tem sido considerada vingativa, apesar da diplomacia norte-americana ter negado hoje essa retórica.

De acordo com o aviso publicado no 'site' da embaixada norte-americana na Nigéria, os vistos emitidos serão estritamente de entrada única e não excederão um período máximo de três meses.

Até agora, os nigerianos podiam beneficiar de vistos de múltiplas entradas, com validades muito superiores.

Os estudantes, comerciantes e turistas nigerianos terão, portanto, muito mais dificuldade em viajar para os EUA, noticiou a RFI. 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros nigeriano considerou que "esta decisão parece contrária aos princípios de reciprocidade, equidade e respeito mútuo que devem orientar as relações bilaterais entre nações amigas".

Por isso, pediram "respeitosamente" aos Estados Unidos que reconsiderem esta decisão "num espírito de parceria e cooperação".

Em 2024, a Nigéria representava 20% dos vistos de não imigrantes distribuídos pelos EUA, sendo esta a nação africana que mais jovens tem lá a estudar.

Segundo o comunicado de hoje da embaixada dos EUA em Abuja "a verdadeira razão para as restrições de vistos são os padrões técnicos e de segurança que tinham de ser respeitados".

Leia Também: Exército da Nigéria mata centenas de alegados membros de grupo criminoso

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas