Ovidio Guzmán López declarou-se, esta sexta-feira, culpado num caso de tráfico de droga, tornando-se assim o primeiro dos filhos de Joaquín Guzmán - mais conhecido por El Chapo -, a fazer um acordo com a justiça.
A informação é avançada esta sexta-feira pela imprensa norte-americana, que dá conta de que Ovidio se declarou culpado das acusações de tráfico de droga, branqueamento de capitais e acusações relacionadas com armas de fogo, no âmbito do seu papel como líder de cartel.
Escreve ainda a imprensa norte-americana que Ovidio Guzmán López concordou, no âmbito deste acordo, em adiar a sua sentença para um data posterior. O juiz, Sharon Coleman, irá determinar a sua sentença dentro de seis meses, e espera-se que Guzman evite a prisão perpétua se concordar em cooperar com a justiça.
Note-se que também a audiência em que este se declarou culpado, que decorreu esta sexta-feira, estava inicialmente agendada para quarta-feira, tendo sido atrasada dois dias.
Como parte do acordo 'fechado' atualmente com a justiça norte-americana, o filho daquele que é talvez um dos mais famosos traficantes de droga, admitiu ter ajudado a supervisionar a produção e o contrabando de grandes quantidades de cocaína, heroína, metanfetamina, marijuana e fentanil para os Estados Unidos. Também o pai foi responsável pela introdução de droga nos Estados Unidos, algo que aconteceu durante cerca de 25 anos.
A introdução destas drogas nos EUA por parte de Ovidio, que assumiu a liderança de uma fação do cartel de Sinaloa (antes liderado pelo pai), tem alimentado uma crise de consumo de drogas que, anualmente, contribui para dezenas de milhares de mortes por overdose.
O procurador disse que pedirá uma pena inferior à perpétua, desde que Guzman "cumpra" aquilo a que se comprometeu, ou seja - embora não o tenha dito explicitamente - dê informações suficientes à justiça norte-americana para continuar a perseguir o tráfico de droga.
Guzman usou da palavra para dizer que sofre de depressão, diagnosticada em outubro passado, e que por isso está a tomar medicação, e esclareceu que ninguém o obrigou a declarar-se culpado.
Já a acusação pediu a Guzman que pague uma multa de 80 milhões de dólares (68,4 milhões de euros), mas tanto o montante da multa como a pena final de prisão serão fixados pelo juiz Coleman.
Já durante a manhã, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, criticou a "falta de coerência" da política norte-americana em relação aos cartéis mexicanos, sublinhando que o governo dos EUA declarava os cartéis como organizações terroristas estrangeiras, mas também fazer acordos com os seus líderes.
A possibilidade de estar a ser 'fechado' um acordo com Ovidio já era rumor há alguns meses. El Ratón foi detido em janeiro de 2023 durante uma megaoperação na cidade mexicana de Culiacán. Houve tiroteios, bloqueios de estradas e roubos em diferentes pontos da cidade durante esta megaoperação, que depois resultou na ida de El Ratón, de 35 anos, para os Estados Unidos.
Já o ano passado, outro dos filhos de El Chapo foi detido. A situação aconteceu há um ano, em julho, quando as autoridades norte-americanas detiveram Joaquín Guzmán López em El Paso, no Texas, no sul dos Estados Unidos.
Segundo as autoridades, ambos foram abordados à saída do avião em que seguiam, tendo na altura sido noticiado que o filho de El Chapo se entregou "voluntariamente", mas o outro narcotraficante que com ele foi detido, Ismael Zambada, conhecido por El Mayo, foi contra a sua vontade. Depois, o advogado de El Mayo referiu que este não se entregou e que ele tinha, por sua vez, sido "sequestrado" por Joaquín Guzmán López.
Meses depois, em outubro do ano passado, já se noticiava que ambos os filhos de El Chapo estavam a negociar um acordo.
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