Sociólogo marroquino critica "diplomacia anti-africana" da Europa
O sociólogo e ativista marroquino Mehdi Alioua considera que existe hoje um discurso xenófobo europeu apenas comparável aos tempos das colonizações das potências europeias.
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Mundo Mehdi Alioua
"Nunca existiu uma diplomacia tão anti-africana como desde os tempos da colonização. 'Fiquem nos vossos países, não necessitamos de vós, o problema é o islão, o problema é a poligamia...', e é um discurso que tem pelo menos 10 anos", acusou o professor de Ciências Políticas na Universidade Internacional de Rabat (UIR), em entrevista à Lusa.
O acordo de Schengen sobre a livre circulação de pessoas no espaço comunitário que entrou em vigor em março de 1995 constitui para o sociólogo marroquino um marco decisivo: "começaram a recolher-se os cadáveres, são 34.000 mortos desde o acordo de Schengen até hoje. Há uma relação direta entre Schengen e o número de migrantes mortos que se deslocavam para a Europa".
O "cemitério do Mediterrâneo" provocou "impacto em algumas consciências", como afirma, entre intelectuais, sociedade civil, alguns políticos. "Ainda estamos longe de uma verdadeira reflexão, mas começamos a assistir a cada vez mais conferências africanas, os 'Ateliers de la pensée (Ateliers do pensamento) em Dakar, onde a questão da migração está no centro, mas não só".
O académico refere-se à emergência de uma nova consciência, que se reforça, mas precisa que as migrações em direção à Europa diminuíram em relação à década de 1990, sublinhando a relação que existe entre mobilidade e desenvolvimento.
"Começa a existir uma espécie de consciência de que a África se construirá sobre as suas migrações, por duas razões. Porque as migrações em direção à Europa foram travadas, e, portanto, é uma construção contra a Europa, e segundo porque os imigrantes que estão na Europa participam na construção de África, têm dinheiro, quando regressam trazem conhecimento, e criam uma cidadania africana por terem diversas pertenças".
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