Sem proteção aos jornalistas, adesão do Montenegro à UE está "bloqueada"
O processo de adesão do Montenegro à União Europeia será "bloqueado" sem progressos visíveis na questão da proteção dos jornalistas e da liberdade de imprensa e após o ataque contra uma jornalista, preveniu hoje o comissário europeu para o Alargamento.
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Mundo Comissário europeu
Olivera Lakic, 49 anos, especializada em questões criminais, foi ferida a tiro numa perna na noite de terça-feira por um desconhecido perto do seu domicílio em Podgorica.
A agressão foi a última de uma longa série de ataques, mas até ao momento não foi identificado qualquer responsável pelos mesmos.
"Se não existirem progressos nestas questões, um verdadeiro progresso sobre o qual possamos tranquilizar-nos, isso bloqueará evidentemente a perspetiva europeia do Montenegro", declarou Johannes Hahn de visita ao pequeno Estado dos Balcãs, onde se encontrou com Olivera Lakic.
A agressão à jornalista "é claramente um ataque contra a liberdade dos 'media'", considerou o comissário, que acrescentou: "É algo de inaceitável para nós. E tem certamente impacto na reputação do país".
O responsável da UE pediu ainda que "os culpados sejam encontrados" e que "os seus apoios, os que estão por detrás, compareçam perante a justiça".
Candidato à União Europeia, e aguardando a adesão para 2025, o Montenegro confronta-se há largos anos com um grave problema de criminalidade organizada, que para diversos peritos possui ramificações no poder político, um fenómeno que Olivera Lakic investigava.
O assassinato em 2004 de Dusko Jovanovic, chefe de redação do diário Dan, nunca foi esclarecido, para além da dezena de graves agressões contra jornalistas que ocorreram nos últimos 15 anos.
O Montenegro situa-se no 103.º lugar na classificação 2018 dos Repórteres sem fronteiras (RSF) sobre a liberdade de imprensa.
Segundo os RSF, que têm denunciado o comportamento dos responsáveis políticos montenegrinos face aos profissionais da comunicação, "a questão da autocensura e da segurança dos jornalistas permanece um desafio decisivo" no Montenegro.
O Presidente do Montenegbro, Milo Djukanovic, no poder quase sem interrupção desde 1991 até 2016, e que se prepara para regressar à presidência do país após a sua vitória nas eleições de 15 de abril, condenou o ataque contra Olivera Lakic.
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