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O seu cão sabe que fez asneira?

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Saiba o que nos diz a ciência e a experiência de especialistas em comportamento animal sobre este comportamento dos cães. Um artigo da autoria de Rita Lavado, da Sociedade Protectora dos Animais.

O seu cão sabe que fez asneira?
Notícias ao Minuto

16:51 - 23/04/18 por Notícias Ao Minuto

Lifestyle SP-Animais

"Se tem um cão na família, saberá do que falamos. Chegou a casa e o seu cão estava encolhido e cabisbaixo, com o característico 'olhar de culpa'. Viu que havia xixi fora do sítio, objetos roídos, grandes buracos no jardim... e pensou: “ele sabe que fez asneira”?

A culpa é uma emoção complexa, que pressupõe um código moral e a capacidade de diferenciar o que é bom e o que é mau. Mesmo nos seres humanos, aquilo que é considerado moralmente correto ou incorreto varia de acordo com vários factores, nomeadamente a cultura e a religião. O indivíduo que sente culpa tem consciência de que fez algo que foi contra as regras estabelecidas, de acordo com aquilo que é o seu código de moral. Acreditar que o cão está a sentir culpa quando adota o comportamento acima descrito é uma interpretação errada dos seus sinais comunicativos.

Segundo vários estudos realizados (1), esta ' postura de culpa' neste contexto, será uma reação de medo e estará relacionada com a repreensão e não com o comportamento que a terá desencadeado.

Dizem-nos os especialistas que estes comportamentos - como o conhecido “olhar de culpa”, a cauda entre as patas, baixar ou virar a cabeça, as orelhas para trás, encolher-se, esconder-se quando o tutor chega a casa, manter-se imóvel ou caminhar lentamente ou rente ao chão - serão sinais de apaziguamento, que os cães utilizam para comunicar calma e evitar confrontos.

Quando os animais adotam estes comportamentos mesmo antes de serem repreendidos - resultando daí a ideia de que eles sabem que fizeram asneira - significa que aprenderam, pelas repetidas vezes em que a chegada do tutor é sinal de repreensão ou castigo, que existe uma grande probabilidade de punição nesses momentos, independentemente daquilo que tenham feito antes.

Aquilo que os cães aprendem com a repreensão e o castigo é a associar os seus tutores (ou a sua chegada a casa, por exemplo) com a punição. O mesmo acontece quando há urina no chão, buracos no quintal, entre outra situações que originam repreensão, ainda que não tenham sido provocadas por eles.

Além de ser uma técnica ineficaz para reverter comportamentos indesejados, a punição piora a relação dos animais com o seu tutor e pode originar outros problemas de comportamento.

Cláudia Pereira Estanislau, treinadora e fundadora da It’s All About Dogs, diz-nos o seguinte no seu blog: “Ele não faz ideia do que fez mal, se soubesse, bastaria um castigo para o cão aprender a não repetir a façanha, de forma a evitar novos castigos no futuro. Tudo o que você faz ao seu cachorro, se o castigar por algo que ele fez há algumas horas, é ensiná-lo que você é imprevisível, e associar a punição à sua chegada.”

Aquilo que consideramos uma 'asneira' é geralmente um comportamento natural ou uma necessidade do cão - fazer buracos, urinar, roer...

Muitos animais têm comportamentos indesejados por passarem muitas horas sozinhos e sem estímulo. Ficam entediados e com muita energia por gastar.

Em vez de punir o seu amigo, a solução passa por lhe ensinar aquilo que ele pode fazer e dar-lhe alternativas para poder exibir os mesmos comportamentos sem que isso prejudique o resto da família: por exemplo, levá-lo mais vezes a passear e dar passeios mais longos; providenciar-lhe brinquedos estimulantes, recheados de comida, que o mantenham entretido por algum tempo; restringir-lhe o alcance a objectos que possa estragar.

Se o seu animal tem problemas comportamentais que não consegue resolver, procure ajuda de um especialista em comportamento animal ou de uma escola de treino com reforço positivo."

Rita Lavado, Sociedade Protectora dos Animais

(1) Alguns dos estudos científicos publicados recentemente que concluem que a postura que associamos à culpa nos cães é uma reacção de medo e que esse comportamento varia conforme a reacção do tutor e não com aquilo que os cães tenham feito anteriormente:

Horowitz A. - Disambiguating the “guilty look”: Salient prompts to a familiar dog behavior. Behavioural Processes 2009; 81:447-452.

Hecht J, Miklosi A, Gacsi M. - Behavioral assessment and owner perceptions of behaviors associated with guilty in dogs. Applied Animal Behavior Science 2012; 139:134-142.

Ostojic L, Tkalcic M, Clayton N. - Are owners’ reports of their dogs’ “guilty look” influenced by the dogs’ action and evidence of the misdeed? Behavioural Processes 2015; 111:97-100.

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