'O Tango': Jorge Luis Borges desvenda os mitos de uma arte
Em 1965, Jorge Luis Borges deu quatro conferências sobre tango, que durante muito tempo ficaram esquecidas e agora se publicam – mais de trinta anos após a morte do escritor.
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É um Borges luminoso e brilhante, que se permite recitar e cantar durante as conferências, ao mesmo tempo que descreve a origem, os símbolos e os mitos da grande música do Rio da Prata.
Estas conferências inéditas de Borges (autenticadas em 2013 por María Kodama, viúva do escritor) percorreram um longo caminho até chegarem às mãos do escritor Bernardo Atxaga em 2002.
Nestes textos notáveis e coloridos, Borges conta a história do porto e dos bairros de Buenos Aires e do seu violento lirismo de navalha e sangue: "O tango dá-nos a todos um passado imaginário". Por isso, conhecer o tango é conhecer o lado negro da alma portenha, que entrou na literatura com esse universo de compadritos, 'mulheres de má fama', histórias de amor e morte, com um tom valente e feliz que depois seria também triste e melodramático.
"E há, além disso, um nome, um nome que os senhores, sem dúvida, estarão à espera de ouvir, e que é um nome um tanto posterior, de Carlos Gardel. Porque Carlos Gardel, além da sua voz, além do seu ouvido, fez algo com o tango, algo que tinha sido tentado antes, mas de um modo parcial, e que Gardel levou, não sei se à perfeição, mas a um ponto culminante".
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