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É por esta razão que ensurdecemos com a idade, segundo um médico

Este artigo é assinado por Nuno Trigueiros, coordenador de otorrinolaringologia no Hospital CUF Trindade.

É por esta razão que ensurdecemos com a idade, segundo um médico
Notícias ao Minuto

21:48 - 04/03/24 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Audição

A audição desempenha importantes funções no relacionamento do indivíduo com o mundo, é um veículo de comunicação através da fala, é um sistema de alerta para eventos ameaçadores que ocorram fora do campo visual e tem uma vertente estética importante como a apreciação da música ou da natureza envolvente. Sendo assim, a perda da audição tem consequências profundas a nível social, funcional e psicológico da pessoa. No entanto, a perda auditiva é de todas as alterações sensoriais do envelhecimento aquela que é mais esperada e melhor aceite pelo cidadão comum. 

A perda auditiva no envelhecimento, designada presbiacusia, é comum e a sua gravidade e prevalência aumentam com a idade. 

'Surdez do envelhecimento', o que é?

A presbiacusia, perda progressiva, bilateral e simétrica da audição associada à idade é a forma mais comum de apresentação da surdez do idoso. Esta perda auditiva atinge inicialmente as frequências agudas, progredindo para as frequências médias e graves com o avançar da idade. 

Notícias ao Minuto © Nuno Trigueiros

A causa da presbiacusia não está completamente esclarecida, existindo múltiplos fatores a concorrer para ela. Hawkins descreveu uma equação que atribui a etiologia da presbiacusia ao somatório das lesões ototóxicas (quando danificam as fibras nervosas associadas à audição) ao longo da vida, mais o somatório das lesões sonotraumáticas, mais o somatório do tempo. 

As células ciliadas - os recetores sensoriais do sistema auditivo - surgem no primeiro trimestre de vida intrauterina e têm de sobreviver durante toda a vida do indivíduo, pois não existe regeneração destas células. Assim, a perda de células sensoriais ao longo da vida resulta num impacto significativo na audição da pessoa que vai perdendo tanto a capacidade de captar o som, como a capacidade de discriminação frequencial. 

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Por outro lado, cada célula ciliada interna está conectada aos núcleos cocleares do tronco cerebral através do neurónio auditivo primário. Estes neurónios também não têm capacidade regenerativa, pelo que a sua perda resulta na diminuição das aferências ao longo da via auditiva central.  A nível dos núcleos da via auditiva central verifica-se diminuição do número de neurónios, do seu tamanho e alterações neuroquímicas que, no seu conjunto, resultam na diminuição da capacidade do sistema nervoso central processar a mensagem auditiva.

As doenças sistémicas que acompanham o envelhecimento como a arteriosclerose, a hipoxia, a diabetes, as alterações metabólicas renais e hepáticas têm influência negativa sobre as estruturas auditivas. 

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A base genética da presbiacusia é difícil de provar pois as pessoas estão expostas a múltiplas outras agressões ao sistema auditivo durante a vida. No entanto, começa-se a reunir evidências que apontam para uma predisposição genética para a presbiacusia e a susceptibilidade para as agressões externas.

Sintomas

Inicialmente os sintomas de presbiacusia são discretos, aumentando progressivamente, mas de forma não linear e muito variável, à medida que a idade avança. A média da perda auditiva das pessoas que procuram ajuda é de 45 dB. Mais do que notarem surdez, estas pessoas começam por referir dificuldade em entender as conversas em ambiente ruidoso ou quando mais que uma pessoa fala ao mesmo tempo. Esta dificuldade parece ser devida à perda de células ciliadas na espira basal da cóclea, responsável pela codificação das frequências agudas, importantes na discriminação das consoantes e do fim das palavras, interferindo na compreensão do discurso. O aparecimento de um acufeno (zumbido) é frequente nestes doentes, sendo particularmente incómodo em ambiente silencioso. 

O conjunto das alterações auditivas apresentadas anteriormente acaba por resultar em dificuldades em desempenhar tarefas quotidianas como conduzir, interagir num ambiente social e mover-se no meio físico envolvente, podendo ser causa de limitação funcional, isolamento social e depressão.

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Não se deve subestimar o efeito duma surdez num quadro de deficiência cognitiva. Por um lado, uma surdez não corrigida torna difícil ou impossível a valorização de testes cognitivos, normalmente dependentes da comunicação verbal, e a deficiência cognitiva torna difícil uma avaliação auditiva correta. Por outro, a surdez é um fator importante a contribuir para o declínio da função cognitiva havendo quem afirme que as deficiências sensoriais são causa determinante da disfunção cognitiva devido à falta de estímulo sensorial sobre as áreas cognitivas, causando a sua degradação. 

Como se trata a perda auditiva do envelhecimento

O tratamento dos doentes com presbiacusia não se pode centrar apenas na colocação duma prótese auditiva para amplificar o som, pois, pelo que foi descrito atrás, não se trata apenas duma dificuldade do som chegar ao receptor mas sim uma deficiência do próprio receptor, das vias que o conectam ao cérebro e do próprio córtex auditivo. Assim, para além da amplificação é necessário ensinar estratégias que ajudem a ultrapassar as limitações no desempenho de atividades diárias, da locomoção e do relacionamento social. É fundamental o acompanhamento por um especialista diferenciado na área. 

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