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Equipamento inovador permite próteses dentárias em meia dúzia de cliques

As mãos de Sofia e Catalin trabalham minuciosamente durante semanas para que a 'placa base' se transforme a ponto de não se ver dentro da boca de quem não tem dentes. Com poucos cliques, Eveline faz o mesmo em dias, usando um equipamento inovador que a Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, inaugura hoje à tarde.

Equipamento inovador permite próteses dentárias em meia dúzia de cliques
Notícias ao Minuto

10:15 - 27/03/19 por Lusa

Lifestyle 'placa base'

Enquanto na sala de produção manual as folhas de cera se transformam em gengivas para depois receberem os dentes, e não pode haver erros, senão o trabalho tem de começar do zero, na nova sala digital os alunos, com alguns cliques, conseguem refazer a prótese que sairá da máquina (fresadora) já cortada.

"Isto é o futuro e eles começam na faculdade a trabalhar com o que hoje em dia já existe em muitos laboratórios e que vai ser a ferramenta principal na prótese dentária", conta à Lusa João Martins, professor do curso de Prótese Dentária.

Em frente aos computadores onde os alunos conseguem acelerar o trabalho de produção e os desafiam a dar o salto para o futuro, o professor explica: "Passamos de uma fase muito manual, em que fazemos os projetos e as próteses manualmente, para o CAD-CAM, que traz grandes vantagens em termos de qualidade, precisão e rapidez".

João Martins explica que os alunos que estão agora no primeiro ano serão "os primeiros a fazer o curso completo com esta ferramenta digital" e diz, com orgulho, que no final "todos têm emprego".

"Temos alunos que se espalham desde Melgaço até Cabo Verde (...) e temos empregabilidade para todos", afirmou João Martins, depois de mostrar à Lusa como funciona o equipamento inovador que a faculdade conseguiu, com um protocolo com uma empresa italiana.

Explica que "daqui a uns anos, provavelmente, as salas manuais desaparecerão". Uma ideia que não será por certo pacífica para alunos como Sofia Ruivo, que contou ter escolhido o curso de Prótese Dentária porque o sorriso sempre a atraiu e sempre gostou de trabalhos manuais.

"Desde pequena, o que mais me chamava a atenção era o sorriso das pessoas. Sempre quis ser médica dentista (... ) e quando comecei a ver outras opções, como sempre gostei de artes manuais, decidi vir para este curso", contou.

Sobre a nova sala digital (CAD-CAM), reconhece que "vai facilitar o trabalho", sobretudo reduzindo o tempo de produção, mas confessa que tem pena de perder o contacto com os materiais: "Eu entrei para o curso por causa das artes manuais e ali deixamos de ter contacto com os materiais".

"Mas vai ajudar-nos imenso. Facilita-nos mais o trabalho, há coisas em que demoramos tempo a fazer atualmente e que ali já vêm feitas, só as selecionamos", reconhece.

Sofia confessa que no início teve dificuldade, mas diz estar a adorar e que o curso de Prótese Dentária foi "a escolha acertada".

"As pessoas nem têm noção do trabalho que dá fazer uma prótese", afirma, explicando que é minucioso e leva tempo. O mesmo que sublinha Catalin, que conta que desde o molde da boca da pessoa à "caracterização gengival" -- para a tornar a prótese o mais real possível -- vão cerca de duas semanas.

"Só no final é que se passa para acrílico, pois [a prótese] tem de ser resistente e não se pode deformar", explica Catalin, para quem poder fazer tudo de forma digital é "uma grande vantagem", sobretudo quando há imprevistos.

"Aqui [no trabalho manual], se errarmos não podemos voltar atrás, temos de começar de novo. Mas ali, se houver um erro, com dois cliques está resolvido".

Com os mesmos cliques, Eveline desenha a placa em que está a trabalhar. Sentada num dos computadores com o novo programa, a aluna confessa que foi ao ver trabalhos de uma amiga do curso de Prótese Dentária que se convenceu.

"Tinha em mente a medicina dentária, mas foi ao ver os trabalhos de uma colega que estava neste curso que comecei a pesquisar e a interessar-me mais. Afinal, era mesmo o que eu queria fazer".

Admite que já se rendeu ao digital, mas sempre vai dizendo que, quando se termina, se faltarem detalhes, podem ser sempre dados à mão, no laboratório.

Em declarações à Lusa, o diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa sublinhou que a nova sala -- única na península ibérica para formação universitária -- "é muito importante" porque faz "a transição dos métodos analógicos de fabrico de próteses dentárias para métodos digitais, que permitem de uma maneira mais simples, mais rápida e mais económica produzir as próteses dentárias".

"É uma evolução grande e vai ter um impacto muito grande ao nível da formação dos nossos estudantes, quer de medicina dentária, quer de prótese dentaria", afirmou Luís Pires Lopes.

Diz ainda que esta mudança no ensino é relevante "sobretudo para quem perdeu dentes ou tem restrições dentárias em que a reparação desses dentes tem de ser feita com restaurações muito extensas", como é o caso das coroas, pontes ou próteses esqueléticas.

Num país onde mais de 70% da população tem falta de dentes naturais, o responsável reconhece que esta mudança "tem um grande impacto": "A possibilidade de usar métodos mais simples e economicamente mais favoráveis também terá um impacto futuro significativo ao nível da população".

Pires Lopes recordou ainda a consulta disponibilizada à população pela faculdade, que tem uma clínica onde os estudantes dos últimos anos de medicina dentária ou que querem tirar uma especialidade fazem tratamentos dentários, a preços mais acessíveis do que os praticados no mercado.

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