Um novo estudo alemão, publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, revelou que a incidência de emergências cardíacas entre os adetos aumenta, em média, 2,66 vezes.

Os homens são também os mais afetados, comparativamente às mulheres, mas, em ambos os casos, registaram-se mais episódios de enfartes, anginas e arritmias cardíacas.

Já em 2013, um estudo realizado por investigadores da Universidade de São Paulo, no Brasil, indicou que as ocorrências de enfarte aumentavam de quatro para 8% entre os brasileiros durante os jogos do Mundial.

"O estudo alemão pode ser extrapolado para quaisquer outras nacionalidades", disse à BBC News o cardiologista Sergio Timerman, especialista em ressuscitação do Incor e Coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, no Rio de Janeiro.

"Pode parecer ridículo para quem não ligue a futebol, mas trata-se de um assunto sério! Estudos têm demonstrado que as emoções fortes são um gatilho extremamente importante, especialmente para quem já tem uma doença do coração”.

‘Aguenta coração’

Para os especialistas, a expressão ‘aguenta coração’, tem de facto fundamento na biologia. O sistema cardiovascular, segundo eles, é o mais afetado durante momentos severos de ansiedade, de angústia e de stress prolongados, como durante aquela partida decisiva em que a bola teima em não entrar na baliza...

Isso ocorre porque situações de grande stress e ansiedade mobilizam as hormonas que preparam o corpo para situações de ataque ou de fuga.

Nomeadamente, são libertadas as hormonas da adrenalina e noradrenalina, e o cortisol que fazem com que o coração acelere, a boca fique seca, a pressão arterial suba desmesuradamente e com que sue mais.

"E porque é pior durante o Mundial, ao invés de outros eventos desportivos? Durante o Mundial a população tende a mudar de hábitos. Por exemplo, quando os jogos são de manhã, vemos pessoas a beber cerveja, a comer gordura ou a tomar demasiado café", diz Timerman.

"Tudo isso, em excesso, aumenta o trabalho do coração e existem milhares de pessoas que desconhecem ter de facto algum problema cardíaco. E às vezes, o primeiro sintoma de um enfarte é a morte”, alerta.