A atriz esteve na tarde desta terça-feira à conversa com Júlia Pinheiro e além de falar sobre as dificuldades em engravidar, recordou ainda a sua infância e adolescência.

Inês revela que sempre foi uma criança tímida e que, uma vez que os irmãos não eram muito dados a brincarem com bonecas, teve que se adaptar aos gostos dos mesmos.

“Pedia ao Pai Natal todos os anos para acordar rapaz. E todos os anos quando acordava a primeira coisa que ia ver era se o meu desejo se tinha concretizado. Amuava durante uma hora e só depois é que via abrir os presentes. Era 'maria rapaz'. Sou bastante feminina, acho que isso tinha a ver com o facto dos meus irmãos não brincarem comigo com bonecas. Por isso tive de me adaptar para ter alguém para brincar. Fazia desporto”, lembrou junto de Júlia Pinheiro, falando de seguida da fase dos piercings, das tatuagens e de querer ir para a tropa.

“Houve uma fase muito estúpida. Acho que todas nós passamos por isso e eu fui uma criança tão simples que acho que tinha de ter uma fase parva. É um bocadinho como o meu filho vai ser. Para já queria ser crescida rápido demais, e depois tive uma fase em que estava com raiva do mundo e achei que a tropa era o sítio certo. Mas era ridículo porque nem sequer sabia o que é que estava a falar. O meu pai acho que nem sequer apanhou essa fase, porque ele esteve, de facto, na guerra. Portanto, imagino que se tivesse apanhado essa fase não tinha achado muita piada. Mas a minha mãe aturou tudo e impediu-me de rapar o cabelo”, partilhou.

Inês lembra-se de passar grande parte do tempo da sua infância “amuada” e confessa que “não conseguia verbalizar, dizer o que estava a sentir”.

Aos oito anos foi capa de uma revista, a Olá Semanário, e, destaca Júlia, estava com um “olhar triste”. Questionada pela apresentadora sobre se isso teria haver com a separação dos pais, que se deu nessa altura, a atriz respondeu: “Provavelmente tinha a ver com isso”.

“Olhando para a terapia que fiz mais tarde, acho que foi um processo natural. Para nós foi um bocado estranho porque os meus pais não discutiam. Foi uma grande surpresa. Depois passas por uma fase inicial de te culpares, achares que é por tua causa. Achas sempre que o pai se foi embora porque nós somos insuportáveis ou porque somos cansativos. Acho que todas as crianças fazem isso. Agora as custódias já são partilhadas, já é outra fase, mas naquela altura não. Ficávamos com a mãe e víamos o pai de 15 em 15 dias. Foi o que nos aconteceu. Houve ali uma fase difícil”, admitiu.

Júlia quis saber mais pormenores sobre o facto de a atriz ter passado por uma fase que não conseguia expressar, momento que Inês realça: “Era uma incapacidade de eu falar”

“Não conseguia, não sei explicar. Só passou em adulta. Foi o meu ex-marido, pai do meu filho, que me ajudou nesse desbloqueio. Agradeço-lhe imenso. Depois fui para terapia e agora não me calo”, destacou.

Quando saiu de casa aos 17 anos - “Mais uma vez foi uma fase muito parva”

“Queria ser crescida para ter um cartão de crédito, a carta de condução, um apartamento… queria ter uma família, sempre foi o meu sonho, e para isso tinha de sair de ali [casa da mãe]”, explicou Inês ao recordar o momento em que passou a viver sozinha, com apenas 17 anos.

Uma conversa onde lembrou ainda a reação da mãe quando lhe disse que ia sair de casa. “A minha mãe morreu. Ficou muito ofendida, chorou, disse que estava a destruir o plano de família dela… Fez-me sentir pequena mas depois disse que se quisesse ir para ir porque não queria ninguém que não quisesse estar ali. E fui”, contou.

Os meses que se seguiram foram composto por “momentos de solidão”, mas também “foi feliz”.

Recorde-se que Inês entrou no mundo da moda aos 14 anos e trabalho como manequim até aos 22. Depois fez um curso de representação, área onde continua a dar cartas e a brilhar.

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