Global Media. Sindicato de Jornalistas preocupado com "falta de diálogo"
A vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifestou hoje preocupação com a "falta de diálogo" e de "transparência em termos de informação" na Global Media, desconhecendo qual é a estratégia do empresário Marco Galinha para o grupo.
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Economia Jornalistas
Leonor Ferreira falava na audição do SJ na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) sobre a degradação laboral vivida no grupo Global Media, que detém o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), O Jogo, TSF, entre outros.
"O que nos preocupa no Sindicato em relação a este grupo, como em outros, é de facto o historial e a continuação do mesmo tipo de atuação: falta de diálogo, falta de transparência em termos de informação, não se percebe qual é, de facto, a estratégia que o empresário Marco Galinha tem para este grupo", afirmou Leonor Ferreira, que também é delegada sindical na Global Media.
Apontou que há colaboradores que "ainda não receberam" e que, até agora, "não foi feito, que saiba o Sindicato, investimento forte em termos de equipamentos, quer nos jornais, quer na rádio", disse.
"Ao mesmo tempo em o empresário Marco Galinha compra a parte da Impresa na Vasp, compra também ações da Lusa, portanto, ficamos sem perceber como há dinheiro para umas coisas e não há dinheiro para outras, o que é que pretende exatamente o empresário Marco Galinha ao entrar para este grupo", prosseguiu a sindicalista.
Marco Galinha, dono do grupo Bel, detém através da Páginas Civilizadas 29,75% da Global Media (segundo informação que consta no 'site'), tendo sido eleito presidente do Conselho de Administração do grupo em 17 de fevereiro.
"O Sindicato percebe que o acionista quer ganhar dinheiro, não é isso que está em causa, o que está em causa é que há muitas formas de o fazer", disse, considerando que a "escola de gestores" que entram nos grupos de media, quando fazem opções de gestão que não funcionam e "que trazem prejuízos para as suas empresas", depois "é muito mais fácil ir aos trabalhadores e cortar".
O SJ pediu uma reunião com administração da Global Media, mas em em 07 de maio foi recebido pela diretora de comunicação do grupo Bel.
"Infelizmente" Marco Galinha "não esteve presente, fez-se representar pela diretora de comunicação do grupo Bel" e isso "motivou de imediato um lamento do Sindicato dos Jornalistas porque a situação era grave e, portanto, quem deveria estar ali era o administrador", contou a vice-presidente.
"Queríamos saber o porquê à adesão ao programa de retoma progressiva, porque é que se estavam a verificar atrasos no pagamento a colaboradores e também às pessoas que estavam a receber indemnizações e que tinham sido abrangidas pelo despedimento coletivo, tínhamos, e havia informações de que chegou a estar equacionado uma hipótese de se avançar com um despedimento coletivo, sublinho, rumores", prosseguiu.
"Ou seja, havia uma série de questões que era muito importante o administrador responder, o facto é que ele não estava", rematou.
"Acho que todos os trabalhadores, até por uma questão de respeito, têm que ter uma informação, eles não podem, nem devem ter a sensação de que (...) nos estão a fazer um favor em dar e em serem claros na informação que prestam, estamos a falar da vida de muita gente e, como devem calcular, as pessoas estão muito desgastadas", sublinhou, referindo que o SJ acompanha a Global Media e "as suas angústias" há muitos anos e que, "de facto, não se vislumbra qualquer tipo de mudança de atitude".
Leonor Ferreira disse ainda que, aquando da entrada de Marco Galinha no grupo e dadas as suas entrevistas, o SJ "ganhou alguma esperança de que até houvesse uma forma de diálogo, uma forma de convivência diferente, mas basicamente as coisas estão na mesma".
Os deputados da comissão parlamentar da Cultura e Comunicação aprovaram a audição de Marco Galinha sobre a situação da Global Media, mas até ao momento não foi possível agendar por incompatibilidade da agenda do empresário.
"Lamento muito mesmo, embora confesse que não me surpreende, o facto do empresário Marco Galinha não estar aqui, mas como se costuma dizer, está em linha com a sua atuação", afirmou a vice-presidente do SJ.
"Independentemente de ser feito por privados ou por órgãos públicos, a informação é um bem público e o Sindicato considera que o Estado tem que arranjar mecanismos de fiscalizar de quem entra nestas empresas, quem compra, quem investe, porque isto é uma questão de idoneidade saber quem temos à frente destes grupos", defendeu.
"Se não isto acaba por ser muito angustiante como agora o rumor de que há dívidas à Segurança Social [na Global Media] e não há ninguém que esclareça se isto é verdade, se isto é mentira", referiu.
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