Em final de contrato, Júlio César viu-lhe ser renovado o contrato que o liga ao Benfica até 2018, quando celebrar o seu 38º aniversário.

Em declarações à BTV, o internacional brasileiro garante que o processo foi “tranquilo” e que a demora teve a ver com o desejo de não desestabilizar emocionalmente Ederson, que o rendeu na baliza após se lesionar.

Renovação: Foi muito fácil, tranquilo. Foi uma situação que nunca me preocupou. Vi muitos jornalistas a falar e a especular sobre a minha renovação, mas deixei bem claro que o meu convívio com o presidente do Benfica sempre foi direto, transparente. Sempre estive muito tranquilo.

Especulação: A partir do momento em que se tem o contacto direto com a pessoa responsável, só há que ficar tranquilo.

Timing: Foi o momento certo. O Ederson fez jogos maravilhosos e foi um dos responsáveis pela carreira do Benfica. É um garoto que merece, que está em ascensão. Preferimos segurar esta renovação, porque poderia mexer com o aspeto psicológico. Este clube pensa em tudo, até nesse aspeto. Colocando-me no lugar do Ederson, também ficaria um pouco triste, se estivesse a jogar e o clube estivesse preocupado em renovar com outro guarda-redes. Isso só demonstra que aqui todos têm um tratamento igual, não depende do nome, de quem ganhou mais ou menos. Aqui o mais importante é sempre o Benfica. O tratamento é igual para todos.

Terminar a carreira: Acho que sim. Nestes dois anos vou fazer o que tenho vindo a fazer desde que cheguei ao Benfica: ser o mais profissional possível, exigir o meu máximo, para que termine bem a carreira. Antigamente fazia planos futuros, agora não. Vivo ano após anos. Estou muito feliz, com estes dois anos de contrato tenho a segurança para fazer aquilo que mais gosto, que é jogar futebol.

Clube certo: Esta renovação diz tudo. Quando cheguei ao Benfica muitas vozes disseram que já estava ultrapassado, até porque não tive um bom Mundial. Fomos eliminados de uma maneira muito triste. Isso é normal, estou habituado. Mas peguei no meu trabalho para poder demonstrar que ainda tinha muita linha para queimar. Acredito que nestes dois anos consegui demonstrar que o Benfica não estava errado e fez uma boa escolha.

Lesão: Foi muito difícil. Todos os jogadores querem jogar, mas só onze vão para dentro do campo. Fiz tudo para jogar esse jogo [com o Sporting, em Alvalade] porque sabia que era importante e que íamos ganhar. Aquele jogo ia valer os três que eles tiveram a favor deles. Era o jogo que nos colocava à frente deles no campeonato. Queria muito mas, infelizmente, não consegui. Mas o Ederson entrou muito bem. Antes do jogo tive a oportunidade de dizer o quanto queria jogar aquele jogo. Acabou por ser mau para mim mas bom para o Ederson. As oportunidades aparecem e as pessoas têm de estar preparadas.

Colegas guarda-redes: Não desmerecendo os que jogam à frente, os guarda-redes, pelo facto de trabalharem juntos e serem um número menor, acabam por ter um convívio e um respeito muito grande uns pelos outros. É o que tem vindo a acontecer. Tive a oportunidade de conhecer o Ederson e o Paulo [Lopes] e damo-nos muito bem. Estamos sempre a conversar, a brincar. Apesar da minha idade, quando o Ederson ou o Paulo têm que falar alguma coisa falam comigo. É uma troca sadia, juntamente com o nosso treinador de guarda-redes. Isso só favorece o nosso trabalho, independentemente de quem jogar.

Vai lutar pelo lugar: As pessoas começam a especular sobre quem irá jogar, mas o importante é continuar a respeitar. Acima do Júlio César e de quem quer que seja, está sempre um clube chamado Benfica. Qualquer posição que tome não pode deixar de pensar que está a representar um dos maiores clubes do mundo. Vai ser mais uma dor de cabeça para o Rui Vitória. Quando ele pode trabalhar com 25 jogadores mas todos seguindo a mesma linha, fica complicado escolher os onze.

Motivação: Na minha idade, é mais uma motivação. É o dia-a-dia que determina quem deve jogar. Vou fazer o meu trabalho, como sempre fiz, e respeitar a escolha do treinador.

Referência no balneário. Não me sinto, apesar de muitos me considerarem. Pela minha história, por aquilo que ganhei ao longo da carreira… Eu, Júlio César, não me sinto assim. Cada título que ganho é como se fosse o primeiro. Por isso é que encaixei tão bem neste grupo. Cheguei com um bom histórico, mas num novo clube começa-se do zero.

Balanço: Dois anos maravilhosos. Tive oportunidade de ser campeão, não podia começar melhor esta parceria com o Benfica. Quanto mais se ganha, mais a cobrança aumenta, então os adeptos começam a ficar mal habituados, querem ganhar todos os anos. É normal, principalmente num clube como o Benfica. Espero que o Benfica seja pentacampeão e, comigo, tetracampeão. Depois vamos ver se continuo mais um ano. Ainda quero ganhar a Supertaça e a Taça de Portugal, que é um troféu lindo.

Segredo para o sucesso: O respeito dentro do balneário. Quando se muda o staff, muda muita coisa, que os adeptos não conseguem ver. Este novo staff está de parabéns porque conseguiu substituir um outro staff vencedor e manter aquele respeito e união. Acima de tudo, conseguiu fazer com que o clube assumisse o mais rápido possível as ideias. Acredito que, no segundo ano, as coisas possam ser melhores, porque já conhecemos o trabalho do Rui Vitória.

O que podem esperar os adeptos: Os benfiquistas podem esperar aquilo a que já estão habituados: um grupo aguerrido, com ambição, que acredita sempre. É um grupo de trabalho maravilhoso, que segue a mesma direção e isso é muito importante. Espero deles esse apoio apaixonante. Existem momentos maus e bons. Tivemos um início não muito bom, mas eles continuaram a apoiar, a acreditar.