O Botafogo está no centro das atenções um pouco por todo o mundo depois da surpreendente vitória sobre o PSG (1-0) no Mundial de Clubes. A equipa orientada por Renato Paiva tem sido uma das surpresas na prova e já leva duas vitórias na competição.
O duelo, que aconteceu na madrugada de quinta para sexta-feira, gerou interesse porque colocava frente a frente Renato Paiva e dois jogadores da formação do Benfica com quem se cruzou no Seixal, no caso Gonçalo Ramos e João Neves. O técnico português até tinha dado a entender que ia dar uma bofetada, caso lhe marcassem algum golo, o que não se veio a verificar. Mas a dupla do conjunto de Paris, que há dias conquistou a Liga dos Campeões, acabou mesmo por perder a partida que teve lugar nos Estados Unidos da América. Após o apito final, houve mesmo encontro caloroso, onde também participou William Pacho, defesa-central do PSG que Renato Paiva lançou no Independente del Valle.
"Estive com os jogadores (portugueses do PSG) no fim, trouxe camisolas e o carinho deles. Não vou dizer agradecimento pelo impacto nas suas carreiras. Eles gostam muito de falar em agradecimento, mas digo sempre que eles não têm de agradecer, porque são os principais responsáveis. 'Se vocês não quisessem isso e não fossem quem são, não teriam chegado onde chegaram'", referiu Renato Paiva, em entrevista concedida ao jornal brasileiro GloboEsporte.
"Posso contar a minha conversa com o Pacho e o Gonçalo Ramos, com quem tenho uma ligação muito maior: estavam frustrados pela derrota, mas senti um pouquinho de felicidade no abraço, nas palavras dos dois. O Gonçalo disse-me: 'mister, eu detesto perder, mas se tiver de perder, que seja para si. Estou muito feliz por si, merece muito o que lhe está a acontecer'", prosseguiu o treinador português.
"O Pacho deu-me um abraço muito apertado e até emocionado, disse que tinha sonhado muito em ser jogador profissional, chegar a altos patamares, mas não acreditava que fosse tão rápido. 'Você é que me abriu a porta para me estrear como profissional', disse-me. São estes momentos que fazem muito valer a pena o que é a profissão de treinador de futebol, em especial um que trabalhou na formação e viu estes meninos todos crescerem", vincou.
Renato Paiva falou ainda do constante apoio que as equipas brasileiras têm tido no Mundial de Clubes, até mesmo de adeptos que são de formações rivais no Brasileirão.
"Na forma como eu vejo o desporto, acho isso absolutamente normal. Sempre torci pelo Benfica e queria sempre que o Benfica ganhasse nas competições portuguesas. Mas quando eram competições europeias, queria que os clubes portugueses ganhassem, porque era bom para Portugal. Vejo o desporto dessa forma. E entendo que o verdadeiro adepto que ama o futebol e o seu país, e que não fica nada atacado na sua paixão pelo seu clube específico em valorizar o outro mesmo que seja rival, só o torna mais nobre", referiu.
"Acho que é um momento de orgulho para todos. Depois, há os antis, mas isso haverá no futebol como há na sociedade. Hoje, infelizmente, podes fazer 50 coisas ótimas. Se fazes uma que não é tão boa, é essa que vai vender ganhar dimensão. Nâo é um problema do futebol, mas da sociedade, e o futebol não se dissocia. Hoje o Renato Paiva é um génio, há três dias era um burro. Hoje o jogador X é fantástico, há três dias era perneta. Mas sei como nós, Botafogo e grupo, vivemos com isso: fechados, não ouvindo absolutamente nada que te ponha na Lua ou cá em baixo. Nós precisamos de equilíbrio. E até já contextualizando, precisamos de jogar o último jogo para ganhá-lo e passar de fase, o que ainda não fizemos", finalizou.
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