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Um abono que devia ser só mais um jogador: As notas de Marítimo-Benfica

As águias venceram, mas é preciso falar-se sobre este triunfo. À boleia de Darwin e mais ninguém, os três pontos foram para a Luz. O problema começa aí, estendendo-se para outros aspetos que (certamente) serão grande preocupação para o novo treinador do Benfica.

Um abono que devia ser só mais um jogador: As notas de Marítimo-Benfica
Notícias ao Minuto

08:01 - 01/05/22 por Tiago Antunes

Desporto I Liga

O Benfica garantiu nova vitória na tarde de sábado. Apesar do resultado positivo para as águias, há muito a refletir e, caso tenho achado estranho o título deste artigo, fez bem em vir aqui para perceber.

Em campo, a equipa encarnada mostrou duas faces absurdamente antagónicas. Na primeira parte, a frente de ataque ia trabalhando bem, muito à boleira de um Gil Dias com cinco minutos de inspiração e um Darwin que tem sido o motor, a transmissão, o combustível e até o propulsor desta equipa, isto enquanto a defesa não se acertava facilmente.

Na segunda parte, tirando a entrada agressiva, o Benfica foi uma equipa diferente, nada assertiva, nada criteriosa, muito descaracterizada. O Marítimo, com todo o mérito, mesmo com uma unidade a menos, teve a qualidade para ameaçar a defesa encarnadas por várias vezes. Acabou por valer a falta de baterias dos insulares para algo mais, mas acredita-se que ficou aqui um sério aviso para o Benfica.

Numa época igual à anterior, na qual o clube da Luz vive de altos e baixos constantes, é novamente contra os teoricamente mais pequenos que o Benfica passa mal. Aconteceu frente ao Famalicão em casa, na última jornada, e voltou a acontecer neste sábado frente ao Marítimo. Há algo a acertar para a nova época, caso contrário arrisca-se a uma terceira temporada de insucesso desportivo sem qualquer tipo de proveito, a não ser para os rivais.

Feita a introdução, vamos às notas...

A figura

Mesmo quem não viu o jogo saberá que o destaque foi Darwin, e é aqui que temos de conversar. Numa equipa como a do Benfica, munida de tremenda qualidade, não é concebível haver apenas um jogador com entrega e iniciativa como a do uruguaio. Depois do golo marcado, logo ao segundo minuto de jogo, todos os jogadores com a camisola branca desligaram da partida, andaram ao colo de um jogador decisivo e isso é um grande alerta para o próximo treinador, que terá de começar a trabalhar a partir deste aspeto. Ao contrário dos restantes jogadores, Darwin manteve-se ativo no ataque, arriscou, voltou a sair da posição como tem vindo a fazer várias vezes e isso mostra o empenho e a adaptabilidade de um craque que, principalmente nos momentos maus da equipa, arranja forças sabe-se lá onde para compensar.

A surpresa

Numa partida que se partiu facilmente, o destaque veio da equipa que reagiu. Guitane foi esse destaque, até que de forma surpreendente. O francês começou a partida algo condicionado pela incapacidade da sua sair a jogar. Para um médio de características ofensivas, a tarefa de defender não lhe dá o brilho que os ataque dão. Por isso é que Guitane foi um claro elemento em evidência na segunda parte. Revelou alguma falta de pilhas para aguentar o ritmo que a partida ganhava, mas, para surpresa de muitos, decidiu ir ao limite das suas energias e entregar uma exibição de qualidade ao Marítimo. Esteve em vários lances que quase deram golo aos insulares, em alguns deles foi o autor da finalização, mas Vlachodimos esteve sempre atento. É um jogador que certamente estará a ser observado e não é só por este jogo.

A desilusão

Não seria de estranhar se os nomes de Paulo Bernardo, Everton ou Gil Dias surgissem neste quadro, graças às exibições bastante pobres que fizeram, mas a desilusão deste jogo acaba por ser a mais fácil de apontar. Cláudio Winck foi claro elemento em destaque pela negativa. Podia ter feito um jogo de qualidade ao explorar, quando lhe fosse permitido, o corredor direto dos maritimistas, mas não teve tempo para isso porque foi expulso. Uma entrada impiedosa acabou por lhe valer um vermelho direto e foi aí que o brasileiro esteve pior. Acabou por condicionar a exibição da equipa que, com 10 jogadores jogou de forma surpreendente, prevendo-se que, com 11, jogasse melhor. O facto de limitar a equipa num jogo de dificuldade acrescida deve ser pensado pelo jogador que, para a próxima, deverá ter mais prudência na abordagem dos lances.

Os treinadores

Vasco Seabra

Um aplauso para Vasco Seabra que, mesmo em inferioridade numérica, não tirou o pé do travão, não baixou a sua equipa durante o resto do jogo nem reformulou a linha defensiva. Jogou até à segunda parte sem um defesa direito de raiz, exigindo enorme pulmão a André Vidigal para correr toda a ala em contrapartida. Acertou ao fazê-lo porque conseguiu ameaçar o adversário assim. Controlou o Benfica com uma equipa bastante organizada, só perdeu num erro individual que deu um golo demasiado madrugador. Quando quis mexer, esperou pela jogada do adversário para fazer a sua e fê-la bem. O azar do jovem técnico foi mesmo a incapacidade física da sua equipa para mais. Se der continuidade ao projeto do Marítimo, prevê-se uma temporada sorridente para os insulares em 2022/23.

Nélson Veríssimo

Que não pareça implicância, mas é tudo muito questionável logo desde as escolhas iniciais. Colocar André Almeida em detrimento de um mais 'rodado' Lazaro é estranho, insistir na dupla Weigl-Paulo Bernardo depois do resultado frente ao Famalicão é estranho, voltar a jogar com Gil Dias em sub-rendimento é estranho, não apostar em Gonçalo Ramos para titular num jogo em que se pedia mais poder de fogo é estranho. São escolhas do profissional e há que as respeitar, mas a ideia que passa é que só quer que a temporada termine para acabarem as dores de cabeça. As opções válidas também eram poucas e a convocatória dos dois jovens, Sandro Cruz e Tiago Gouveia, foi um ponto positivo, dando alguma credibilidade à 'aposta' na formação encarnada. Durante o jogo, forçou a exibição de alguns jogadores e só perdeu com isso, podendo lançar novas caras no jogo para procurar mudar o rumo dos acontecimentos. É uma vitória que vale pouco se tivermos em conta aquilo que o Benfica fez em Anfield e em Alvalade e o compararmos com o que fez neste jogo.

O árbitro

Hélder Malheiro não quis fugir à regra e também teve uma exibição de duas fases. Acertou na expulsão, até porque não deixou grandes dúvidas, mas foi muito 'teimoso' ao apitar constantemente e, ainda pior, atribuir cartões sem sentido. Mostrou um a Otamendi sem razão aparente, não hesitou em mostrar outro para o banco maritimista. O maior erro foi quando apitou para intervalo a meio de um contra-ataque do Benfica, o que nunca poderia acontecer, voltando a tirar o cartão amarelo do bolso por causa de protestos justificáveis. Este perder de controlo do jogo tem sido uma constante dos árbitros portugueses nesta temporada e começa a ficar evidente que o critério tem de ser outro para bem do jogo.

Leia Também: Benfica triunfa com golo madrugador numa tarde de calor e desinspiração

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