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Ponto de Fuga lança livro infantil 'O Mundo é Redondo' de Gertrude Stein

Um clássico infantil da autoria de Gertrude Stein, com ilustrações de Rachel Caiano, intitulado 'O Mundo é Redondo', chega às livrarias portuguesas na sexta-feira, pela Ponto de Fuga, numa edição bilingue, em cor-de-rosa, azul e branco.

Ponto de Fuga lança livro infantil 'O Mundo é Redondo' de Gertrude Stein
Notícias ao Minuto

19:48 - 11/10/17 por Lusa

Cultura Literatura

"Rosa é uma rosa é uma rosa" é um dos mais icónicos estribilhos da literatura infantil e provém deste livro de Gertrude Stein, publicado originalmente há 80 anos, sob o título 'The world is round', e que a Ponto de Fuga inclui agora na sua coleção infanto-juvenil.

Metade do livro conta a história em português, traduzida por Luísa Costa Gomes, e impressa a azul em folhas cor-de-rosa, e a outra metade tem a versão original, em inglês, impressa em folhas brancas.

Este modelo é inspirado nas cores e motivos estabelecidos pela autora, originalmente concretizados pelo ilustrador americano Clement Hurd, que nesta edição são explorados pela premiada ilustradora Rachel Caiano, que "imprime a sua marca visual num livro belo, arrojado e desafiante, como as próprias crianças", explica a editora.

Quanto à tradução, a Ponto de Fuga sublinha que "a originalidade rítmica e poética da obra" tornava-a quase impossível.

No entanto, Luísa Costa Gomes conseguiu verter para português, mantendo o estilo inconfundível de Stein, "esta tocante exploração dos conceitos de identidade e individualidade, com os seus inusitados jogos de palavras e sons", num trabalho de tradução que a editora classifica de "magistral".

O facto de o livro ser bilingue permite, de qualquer modo, explorar o estilo particular de Gertrude Stein e a forma como ela originalmente usou as palavras e compará-los com a versão portuguesa traduzida.

'O Mundo é Redondo' já tinha tido uma edição em português, em 2009, com tradução de Luísa Costa Gomes, ilustrada por Jorge Nesbitt, com uma tiragem de 300 exemplares.

Tratava-se de uma publicação da Galeria de Arte Moderna e Contemporânea João Esteves de Oliveira, no âmbito dos "trabalhos sobre papel".

O livro original nasceu em 1938, quando uma editora desafiou vários autores de livros para adultos a escreverem um livro infantil, entre os quais Hemingway e Steinbeck, que recusaram fazê-lo.

Gertrude Stein, contudo, não só respondeu com um "sim", como fez saber que tinha praticamente concluído um livrinho chamado 'O mundo é redondo', conta o editor no 'interfácio' do livro, que separa a metade portuguesa da inglesa.

A personagem principal da história, Rosa, é inspirada numa menina de nove anos, chamada Rose d'Aiguy, filha de vizinhos de Stein e da sua companheira Alice B. Toklas, na localidade alpina de Billignin, onde alugaram uma pequena quinta do século XVII.

Não só Rose, mas também os seus cães Pépé e Love, que figuram na história, tiveram existência real.

Apesar disto, a divisa "a rosa é uma rosa é uma rosa" já acompanhava a escritora desde 1913, tendo ocorrido pela primeira vez no poema 'Sacred Emily'.

Instada pela companheira a inscrever essa frase em qualquer lugar, Gertrude Stein retirou-lhe o artigo inicial (para designar já não a flor, mas a menina protagonista) e a frase tornou-se "um dos mais icónicos estribilhos da literatura infantil".

Como já era habitual nos seus projetos, Stein envolveu-se em todas as etapas da conceção do livro, tendo logo determinado que as páginas fossem cor-de-rosa, a condizer com o nome da protagonista, em cuja cor favorita, o azul, deveria ser impresso o texto.

A editora destaca que o texto de 'O Mundo é Redondo' é "tão ou mais exigente" do que qualquer outro texto da autora, encontrando-se nele "o ritmo peculiar, quebrado, confuso", bem como a ausência de muitas vírgulas e da restante pontuação.

Gertrude Stein justificou esta opção num dos seus livros, em que explicou que, quando começou a escrever, sentia que "a escrita devia continuar e continuar", conta o editor.

Essa mesma ilusão de continuidade é dada pela forma como está narrado 'O Mundo é Redondo', tendo uma criança afirmado, certa vez, que gostou do livro, "porque quando se começa a pensar naquilo não se chega a lado nenhum". "Aquilo limita-se a ir por ali afora", uma citação que, na altura, terá agradado "profundamente" a Stein.

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