Teatro da Rainha estreia 'Play House', de Martin Crimp, em outubro
'Play House', de Martin Crimp, tem estreia nacional marcada para o dia 05 de outubro, nas Caldas da Rainha, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, que produz uma peça do dramaturgo britânico, pela terceira vez.
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Cultura Caldas da Rainha
A caixa preta que encerra a Sala Estúdio do Teatro da Rainha transforma-se, de 05 e 28 de outubro, no cenário onde, em 13 cenas, se desenrolam as brincadeiras de um jovem casal que acaba de se instalar.
No "laboratório de intimidade em experimentação", como lhe chama o encenador, Fernando Mora Ramos, o casal começa a declarar amores recíprocos e a levar na brincadeira a vida a dois. Mas "ser dois" é complicado, e o imaturo casal depressa acusa o desgaste de compartilhar a vida no espaço de uma "Play House", onde cada vez se brinca menos e discute mais.
"As tentações e as chatices são muitas", ironiza Fernando Mora Ramos, no final de um ensaio aberto à comunicação social, depois de Isabel Carvalho (Kristin) e António Parra (Simon) desfilarem em palco um rosário de problemas, que vai desde o ataque psicótico do pai dela, que pega fogo às cortinas, às chatices com alunos indisciplinados, ou a decisões sérias como ter ou não ter filhos.
Nos 50 minutos que dura a peça, ele sobe na carreira, ela queixa-se de que a casa é um pardieiro, a vizinha de cima propõe uma curtição a três, ela diz que ele já não a ama, ele diz que se calhar sim e, que se calhar, contra todas as expectativas, podem ser felizes.
"Como será o futuro daqueles dois?", interroga-se Fernando Mora Ramos, interrogam-se os atores e haverá de interrogar-se o público já que, como diz António Parra, "os textos dizem tanto e tão pouco".
Das personagens em palco, nada de sabe e tudo se subentende nas meias palavras ou nos gestos que traem emoções e que se sucedem a uma ritmo frenético em que os atores, sem sair do palco, mudam 12 vezes de roupa e de cenário.
Tecnicamente, é "o maior desafio da peça", concordam atores e encenador, que em placo fazem, na frente do público, as mudanças de um texto mais pensado para o cinema e encenado sem "cortes" de cenas nem intervalo.
"Play House", a que Mora Ramos chama a "psicologia dos amores e dos humores", exposta ao público pela crueza da escrita de Martin Crimp, é a terceira encenação do autor que o Teatro da Rainha leva à cena, depois de, em 2012, ter apresentado "O Estranho Corpo da Obra", que combina os textos do autor "Contra a Parede" e "Menos Emergências", e, em 2014, "Definitivamente as Bahamas".
Na altura, Fernando Mora Ramos já definira o teatro de Crimp como "um verdadeiro Cavalo de Troia, crítico e cruel, cómico, no interior das consciências e do sistema burguês parlamentar 'representativo', que serve o financismo".
A peça, com tradução de Isabel Lopes, encenação de Fernando Mora Ramos e interpretação de Isabel Carvalho e António Parra, ficará em cena até ao dia 28 de outubro, de quarta a sábado às 21:30, e durante a semana, com sessões para escolas.
O Teatro da Rainha foi fundado nas Caldas da Rainha há mais de três décadas, tendo desenvolvido atividade em Évora, Coimbra, Lisboa e Porto, antes de regressar à cidade de origem, onde tem em curso, há alguns anos, o projeto da "caixa preta", uma nova sede onde pretende aprofundar as suas práticas de experimentação, criação e formação.
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