'Minha mulher, a Solidão', de Fernando Pessoa, apresentada em Lisboa
A obra 'Minha mulher, a Solidão - Conselhos a Casadas, Malcasadas e algumas Solteiras', de Fernando Pessoa, que reúne textos do poeta e dos seus heterónimos sobre as mulheres, é hoje apresentada em Lisboa.
© Reuters
Cultura Poeta
A sessão tem início às 18:30, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, e conta com o escritor Pedro Norton, o jornalista Pedro Marta Santos, a atriz Sandra Barata Belo e o editor Manuel S. Fonseca.
O livro, uma edição da Guerra&Paz, tem uma tiragem limitada a 1.850 exemplares, abre com a reprodução de uma pintura original de Ana Vidigal, sucedendo-se um texto-poema de Eugénia de Vasconcellos, apresenta capa em cartão grosso, de 3,5 milímetros de espessura, com as faces do miolo pintadas à mão, a vermelho, lombada solta, com costura à vista.
"A par dos textos sobre as mulheres, impressos em papéis de luxo (dois Munken diferentes de 150 gramas), irrompe um segundo livro, em papel de jornal, [ambos] reveladores de outras sexualidades, da pulsão homoerótica à perversão masoquista", explica uma nota da editora.
A organização é de Manuel S. Fonseca, que escreve o prefácio intitulado 'Toda a volúpia', e o grafismo é de Ilídio Vasco.
No prefácio, Manuel S. Fonseca afirma que "este livro quer ser a antologia" de todos os corpos que "Pessoa criou e dramatizou, em verso ou em prosa", assinalando-se textos assinados por Pessoa e os seus heterónimos Álvaro de Campos, Bernardo Soares, Barão de Teive, Jean Seul, Henry More, António Mora "e até, corcunda, tuberculosa, e à janela, Maria José".
O editor refere-se à obra como "dois livros em conflito, com textos e poemas completos", referindo que "há um livro dominante que espelha o diálogo maior que o autor manteve com o, uma vezes exaltado, outras esmaecido, desejo pelo corpo feminino e com a trama que entretece a relação amorosa de um homem e de uma mulher".
"O outro livro, selvagem, em papel, de jornal, rasga o livro canónico com seis cadernos panfletários, isolando e sublinhando excertos", escreve Manuel S. da Fonseca, referindo que, "neste livro guerrilheiro, soltam-se velas à pederastia, a umas masoquistas espátulas em cruz, solta-se a loucura sádica de ser a cadela de todos os cães e, se isso não lhe bastar... Solta-se, enfim, a polimorfia amorosa que Fernando Pessoa poética e intelectualmente cultivou".
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