Teatro S. João apresenta os livros inaugurais da coleção Empilhadora
Os dois primeiros títulos do projeto editorial Empilhadora, do Teatro Nacional São João (TNSJ), dizem respeito a William Shakespeare e Anton Tchékhov, dois nomes-chave da dramaturgia mundial, e são apresentados hoje, no Porto.
© Lusa
Cultura Porto
'O Repúdio do Conhecimento em Sete Peças de Shakespeare', do filósofo Stanley Cavell, e 'Olhai a Neve a Cair - Impressões de Tchékhov', do escritor e editor Roger Grenier, são os títulos inaugurais da coleção, criada no âmbito das comemorações do centenário do TNSJ, e são apresentados hoje, pelo catedrático António M. Feijó e o escritor Pedro Mexia, numa sessão a decorrer no teatro nacional do Porto, a partir das 16:00.
'Olhai a Neve a Cair - Impressões de Tchékhov', com tradução de Manuel de Freitas, "é um ensaio biográfico que conta a vida de uma das figuras centrais do teatro moderno e contemporâneo, seguindo o fio do seu percurso como dramaturgo, novelista e epistológrafo", segundo a apresentação da obra.
O ângulo escolhido por Roger Grenier (1919-2017) "é o de alguém que viveu empaticamente" com o autor de 'O Ginjal' e 'A Gaivota', ao longo de todo o processo de escrita.
No prefácio, Pedro Mexia elogia o livro pelo "modo como dialoga com os contos e as peças, com os testemunhos de contemporâneos e também com o Tchékhov escritor de cartas".
'O Repúdio do Conhecimento em Sete Peças de Shakespeare', primeiro livro publicado em Portugal de "um dos maiores filósofos do século XX", Stanley Cavell (1926-2018), aborda as peças 'Rei Lear', 'António e Cleópatra', 'Otelo', 'Coriolano', 'Hamlet', 'O Conto de Inverno' e 'Macbeth'. A tradução é de Alda Rodrigues.
O escritor Daniel Jonas, autor do prefácio, afirma que se trata de uma "antologia de ensaios shakespearianos de um não shakespeariano tornado uma autoridade entre shakespearianos".
"Cavell adverte à partida para a existência de uma distância cautelar entre filosofia e literatura. O diálogo que enceta com Shakespeare é, assim, o de um filósofo com um arguente filosoficamente pouco interpelável", escreve Jonas.
"A hibridez disciplinar de Cavell está na defesa de que Shakespeare não poderia ser quem é se a sua obra não convocasse as preocupações filosóficas mais profundas da sua cultura", assumindo "que as suas peças parecem falar, fazem perguntas, testam a filosofia".
De acordo com a informação inicial sobre a coleção, uma parceria das Edições Húmus com o TNSJ, os próximos títulos são 'Palco Assombrado - O teatro como máquina de memória', de Marvin Carlson, numa tradução de Paulo Faria, e 'Falhar Melhor - A vida de Samuel Beckett', de James Knowlson, com tradução de Fernando Villas-Boas.
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