Meteorologia

  • 10 MAIO 2024
Tempo
25º
MIN 16º MÁX 28º

Teatro Fontenova recebe peça sobre a condição feminina no século XVI

A peça 'Ah! Minha Dinamene!', que aborda a condição feminina no século XV/XVI, volta à cena de quinta-feira a domingo, em Setúbal, pelo Teatro Estúdio Fontenova, depois da estreia da peça no festival da cidade.

Teatro Fontenova recebe peça sobre a condição feminina no século XVI
Notícias ao Minuto

16:07 - 19/09/18 por Lusa

Cultura Ah! Minha Dinamene!

'Ah! Minha Dinamene!', de autoria de Luísa Monteiro, abriu a XX Festa do Teatro de Setúbal, em agosto, e, dada "a grande afluência de público, vai ser reposta no Forte de S. Filipe", em Setúbal, disse o encenador, José Maria Dias, em entrevista à agência Lusa.

A peça conta com uma investigação do arqueólogo José Luís Neto e música original de Jorge Salgueiro, abordando "um universo muito particular, num Portugal do século XVI, em que muitas mulheres foram abandonadas à escolha entre uma vida de reclusão pela fé, nos mosteiros, e a prostituição", afirmou José Maria Dias.

Uma das bases documentais da peça são as "Cartas de Perdão" apresentadas a D. João II, que reinou de 1481 a 1495, por centenas de mulheres, que "muitas, sem sentença formada ou sentenciadas com base em rumores, eram condenadas ao exílio".

O encenador realçou a apresentação no Forte de S. Filipe, construído em 1582, que "dá uma gravidade e dramaticidade" ao texto de Luísa Monteiro, que qualificou como "excecional".

'Ah! Minha Dinamene!' divide-se em três atos, sendo o segundo dedicado a uma "heroína local". Nestas apresentações em Setúbal, revela-se uma carta de uma freira carmelita, que viveu no Convento de Jesus, na cidade, em que confessa os seus amores secretos, "muito dentro da linha das afamadas cartas de amor da freira de Beja, Mariana Alcoforado", contou.

O molhe de cartas da freira, que não se identifica, foi encontrado durante as escavações arqueológicas no convento carmelita de Jesus, em Setúbal.

Projetando uma digressão nacional com esta peça, protagonizada por Graziela Dias, o segundo ato adaptar-se-á a cada uma das regiões onde for apresentada, "desafiando dramaturgos locais a contarem histórias e lendas de mulheres que marcam a memória daqueles lugares".

Além de Graziela Dias, 'Ah! Minha Dinamene!' conta com a participação do violoncelista Marco Madeira e das atrizes Carolina Ferreira, Rafaela Bidarra e Patrícia Paixão, que contam histórias de mulheres que, embora passadas há séculos, "nem estão, muitas vezes, longe dos dias de hoje".

Sobre o espetáculo, o encenador afirmou-se como "um chefe de cozinha, que combina vários elementos, desde logo apoiado por um bom texto e [pela] música de Jorge Salgueiro".

"Não há um bom espetáculo sem um bom texto. Um bom texto pode-se estragar com uma má encenação, e tentei em 'Ah! Minha Dinamene!' combinar tudo, incluindo a música de Jorge Salgueiro", afirmou.

José Maria Dias realçou à Lusa o facto de Luísa Monteiro "escrever para cena, e não simplesmente para editar livros, mas sim para levar à cena", e esta peça foi uma encomenda do Teatro Estúdio Fontenova.

Luísa Monteiro é doutorada em Literatura Comparada, pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese 'O Mito de Édipo na obra ficcional de João Gaspar Simões', e atualmente desenvolve uma tese sobre 'Encenação contemporânea - o contributo de Fernando Pessoa e dos modernistas de Orpheu', na Escola Superior de Teatro e Cinema, de Lisboa.

Luísa Monteiro dirige a Companhia de Teatro Contemporâneo e é encenadora residente do Guizos -- Teatro. Antes de se dedicar ao teatro e à escrita dramatúrgica, foi jornalista, durante 17 anos.

A bibliografia de Luísa Monteiro conta 23 obras de ficção publicadas, entre romance, novelas, contos, ensaios, biografias, e dez peças de teatro. Além de Portugal, as suas peças foram já levadas a cena em Cabo Verde.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório