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Sócrates regressa com farpas a Cavaco e sem planos para Belém

O antigo primeiro-ministro José Sócrates regressou à cena mediática numa entrevista à RTP, onde lançou críticas ao Presidente da República e à política de austeridade do actual Governo, rejeitou a responsabilidade de "ter deixado o País nas mãos da troika" e descartou a possibilidade de vir a ser candidato a um qualquer cargo político que não o de comentador, com o único objectivo de contribuir para a diversidade de pontos de vista no debate político.

Sócrates regressa com farpas a Cavaco e sem planos para Belém
Notícias ao Minuto

05:12 - 28/03/13 por Eudora Ribeiro

Política Entrevista

José Sócrates diz que é “tempo de quebrar o silêncio e regressar ao debate político”. O antigo primeiro-ministro quebrou esta quarta-feira cerca de dois anos de silêncio e de um isolamento da vida política portuguesa que, diz, lhe pareceu o mais adequado na altura. Numa muito aguardada entrevista concedida à RTP, onde o antigo líder do PS passará a ter um espaço de comentário semanal, aos domingos à noite, Sócrates descartou a responsabilidade de ter deixado Portugal e os portugueses “nas mãos da troika”, lançou críticas ao Presidente Cavaco Silva e apelou ao fim da “loucura da austeridade”.

“Não reconheço no senhor Presidente da República (PR) nenhuma autoridade moral para dar lições de solidariedade institucional”, afirmou Sócrates, recordando que Cavaco Silva lhe fez uma acusação de deslealdade institucional um ano depois de ter saído da vida política e se ter remetido ao silêncio, algo que acha “extraordinário” e que “diz muito da atitude do PR”.

O antigo líder socialista justificou que Cavaco Silva nunca se demarcou do que considera uma “conspiração organizada” contra o seu governo, e que surgiu na Casa Civil, considerando que Cavaco “assumiu-se como um opositor ao governo” que liderava, sendo “um patrono desta nova solução política”. O ex-primeiro-ministro considerou também que Cavaco Silva podia ter evitado uma crise política, mas “não tinha interesse nisso”. “Fez tudo para uma crise política. Foi a mão atrás do arbusto”, acusou.

Sem planos para Belém nem outro cargo político

Depois de várias vozes terem sugerido que o seu regresso a Portugal, como comentador da RTP, teria o desígnio secreto de uma candidatura à Presidência da República ou a outro cargo político, Sócrates garantiu que não tenciona candidatar-se a qualquer cargo político, assegurando que o seu regresso tem apenas um objectivo: “participar no debate político e contribuir para a diversidade de pontos de vista”.

"Não tenho planos de ser candidato a Belém nem candidato a nenhum cargo político. Não tenho esse plano, não tenho esse desejo", afirmou o antigo primeiro-ministro em entrevista à RTP.

José Sócrates também negou a responsabilidade de "ter deixado o País nas mãos da troika", não admitindo, por isso, fazer um pedido de desculpa aos portugueses, e argumentando que "o pedido de ajuda externa resultou do chumbo na Assembleia da República do PEC IV".

"Aceito as responsabilidades que tenho e não aquelas que me querem atribuir à força”, afirmou José Sócrates, na entrevista à RTP. “Não aceito a responsabilidade de ter deixado o País nas mãos da troika”, frisou.

"Parem com a loucura da austeridade"

Sobre o caminho que Portugal deve ou não seguir para sair da actual crise que enfrenta, o ex-líder do PS deixou um pedido com tom de alerta ao actual Executivo: “Parem de escavar o buraco. Parem com mais austeridade. Parem com esta loucura”. “O País tem a urgente necessidade de parar com a austeridade. É um erro continuar na senda da austeridade”, afirmou José Sócrates.

O antigo dirigente socialista referiu que a ideia que tem do actual governo é a de que “se meteu num buraco e acha que a única solução é continuar a escavar”. "Nestes dois anos já se mostrou que essa solução não resulta”, por isso, é preciso “parar de escavar, parar com a estratégia de austeridade, parar com os cortes”, defendeu Sócrates, acrescentando que, “se continuarmos a cavar não cumprimos, nem na dívida nem no défice”.

Na mesma entrevista, José Sócrates adiantou que foi ele que exigiu que o seu comentário semanal na RTP não fosse pago. “Fui eu que exigi que o meu comentário fosse pro bono", ou seja, “sem receber qualquer remuneração porque é minha função contribuir para o debate público”.

O antigo primeiro-ministro também admitiu que “há muitos erros de governação”, lamentando: ”Nunca devia ter formado um governo minoritário”.

Sobre o actual Governo de Passos Coelho, Sócrates considera que “tem um problema de comando político, de direcção política e tem hoje um desgaste”. Questionado sobre o eventual chumbo do Orçamento do Estado por parte do Tribunal Constitucional, o antigo primeiro-ministro considerou que “diz tudo de um governo se a sua principal lei, o Orçamento do Estado, for chumbada duas vezes pelo Tribunal Constitucional”.

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