"O ano passado, quando recebi o ramo da cruz, a juventude da freguesia mostrou-se logo disponível para ajudar. Com o apoio dos amigos e da freguesia, tudo corre bem. E quando se dá por ela já passou", afirmou à Lusa José Duarte, que ainda não fez as contas ao que vai gastar.

"Caro sai sempre. Também sai do corpo. Mas as contas só no final as vou fazer. Para já, ainda não paguei nada do que encomendei", disse o pintor da construção civil, de 46 anos.

Ex-emigrante em França, José Duarte adiantou que foi "com grande alegria" que em 2014 recebeu, das mãos de um primo, o ramo da cruz, simbolizando que este ano iria ser o responsável pela organizaçao do tradicional almoço pascal na freguesia de Fontão.

"Foi uma grande alegria. Era única festa da freguesia que me faltava realizar", frisou.

Num terreno, ao lado da casa, José Duarte montou uma tenda com 35 metros de comprimento e 12 metros de largura onde vai sentar, no domingo, cerca de 360 pessoas.

O repasto deverá prolongar-se durante mais de três horas para degustar os três pratos que compõem o menu.

"Além dos aperitivos e da sopa de legumes vou servir tamboril assado regado com molho de marisco, vitela e o cabrito como manda a tradição", explicou.

Não vai faltar a doçaria típica da época como o pão-de-ló, o leite-creme queimado, o arroz doce, a aletria com desenhos de canela, os bolos brancos de gema, os rosquilhos, as amêndoas, os beijinhos e os rebuçados da Páscoa, tudo acompanhado pelo melhor vinho da região.

A escolha do mordomo do ano seguinte é sempre um dos momentos altos da refeição.

A mulher do anfitrião, de raminho de laranjeira na mão, percorre as diversas mesas, simulando deixá-lo aqui e ali e pregando vários sustos aos convivas, até o depositar definitivamente nas mãos do eleito.

Além de dar de comer a quase toda a freguesia, o mordomo tem ainda que, durante um ano, assegurar a limpeza da igreja e os serviços do sacristão.

Ainda no concelho de Ponte de Lima, mas na freguesia de Vitorino das Donas, é tradição, durante o compasso pascal, o mordomo e os acompanhantes levarem, atados na cabeça, lenços de mulher ou "cachenés", à moda dos piratas, tendo ainda o mordomo de usar, a tiracolo, uma toalha branca de linho puro.

A outra particularidade da Páscoa naquela freguesia é a orquestra de violinos que acompanha o compasso e que, no final do dia, segue também o ritual da concentração das várias cruzes que andaram pela freguesia.