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Syriza na rua num último esforço de campanha pelo 'OXI'

O encerramento dos bancos durante pelo menos uma semana foi a principal preocupação manifestada por populares durante uma ação de rua do Syriza, o partido no governo na Grécia, hoje num município do oeste de Atenas.

Syriza na rua num último esforço de campanha pelo 'OXI'
Notícias ao Minuto

23:59 - 02/07/15 por Lusa

Mundo Referendo

No domingo os gregos vão pronunciar-se em referendo sobre o acordo final proposto pelos credores e rejeitado pelo Governo, que decidiu "dar a voz ao povo".

"O meu marido está doente e preciso de dinheiro do banco", protesta uma cliente num cabeleireiro face à deputada do Syriza Anneta Kawadia, que liderou a ação de campanha em algumas ruas do município de Aghia Varvara (Santa Bárbara), uma zona popular do oeste de Atenas.

No fim de semana, em resposta à decisão do Banco Central Europeu de congelar o financiamento aos bancos gregos, o Governo ordenou o encerramento de todos os balcões e impôs o limite diário de levantamento em caixas multibanco de 60 euros.

"Se pedir um documento no hospital que justifique a situação pode levantar o dinheiro de que necessita", informa a deputada, natural da ilha de Corfu mas eleita por Atenas nas eleições de janeiro, quando o Syriza ficou à beira da maioria absoluta.

"Confio no Syriza, pus dinheiro nos bancos, mas assim não sei se vou continuar a confiar", insiste a eleitora. "Nos últimos tempos quase só como esparguete, a minha preocupação é a saúde do meu marido", adianta.

A pequena comitiva do Syriza percorreu durante cerca de uma hora a zona comercial deste bairro de trabalhadores, onde grande parte das fábricas foi sendo encerrada desde o início da "crise da dívida" em 2009. O desemprego é elevado.

Os apoiantes do Syriza entram em todas as lojas, distribuem panfletos com a frase em destaque "no dia 5 vamos falar".

Discutem abertamente e todos poem com ardor os seus problemas. Dizem o que sentem, e a deputada também não hesita em respostas quase imediatas.

"Fazer agora o referendo é mau devido ao controlo de capitais. Querem assinar o acordo ou não", pergunta um homem de meia-idade a quem acabaram de entregar um panfleto. Fala-se de Wolfgang Schauble, o ministro das finanças alemão, fala-se do Eurogrupo, fala-se de Angela Merkel.

Em algumas zonas, cartazes com OXI (Não) em maiúsculas, estão presos a candeeiros, uns com a marca do Syriza e de grupos de cidadãos independentes, outros de formações mais radicais e que também ocupam desde esta manhã o centro de Atenas, onde Schauble surge com "cara de poucos amigos" e a frase "estão a sugar o nosso sangue. Agora digam não a Schauble".

"Se os bancos estivessem abertos, decerto que ganhávamos com 60%", diz Giorgios, 54 anos, licenciado em matemática e consultor do ministro da educação.

"Há 20 anos visitei Portugal com a minha mulher, Óbidos, Lisboa, Cabo Espichel. Adorei, e gosto muito de fado. Mas ficámos muito surpreendidos pelos supermercados estarem abertos ao domingo", recorda.

Face aos mais renitentes a comitiva, que também inclui independentes, membros do Anel (o partido da direita, anti-memorando, que integra a coligação de governo com o Syriza) e ex-militantes do Pasok, o partido socialista grego, insiste em argumentar durante longos minutos.

Anneta insiste na necessidade de alternativas políticas, diz que o referendo de domingo não está relacionado com a saída do Euro "como também já disse Schauble", mas antes com a rejeição de novas e mais pesadas medidas de austeridade.

Nos balcões de uma mercearia, uma idosa escolhe alguns tomates e manifesta a reação menos amistosa. "Estamos com fome! Não posso retirar o meu dinheiro". Vocifera, eleva a voz. A comitiva segue, com os protestos a diluírem-se na distância.

Mais à frente, numa loja de chás, um apoio explicito ao voto "não", mas com um lamento. "Não estamos unidos, tenho receio", diz um dos empregados. Quase no final do trajeto, uma loja de roupas expôs na montra fotocópias de notas do dracma, a antiga moeda grega. Não respondem porque o fizeram.

No regresso à tenda de campanha e perante algumas dezenas de pessoas a deputada do Syriza fez uma curta intervenção onde também denunciou o aumento da dívida pública grega nos últimos cinco anos, mais de 315 mil milhões de euros. Em redor, o cartaz oficial do Syriza: "Estamos juntos e vamos vencer. O povo está connosco".

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