Troika foi "decisiva" para a reforma do poder local
O anterior presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou hoje que a 'troika' foi decisiva para a reforma do poder local feita pelo Governo PSD/CDS-PP, que é tema do livro dos ex-governantes Miguel Relvas e Paulo Júlio.
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Economia Durão Barroso
"A verdade é que foi precisa a 'troika' para termos esta reforma", afirmou Durão Barroso, na apresentação desse livro de Miguel Relvas e Paulo Júlio, intitulado "O outro lado da governação".
Segundo o ex-presidente da Comissão Europeia, "foi decisivo o impulso que veio de fora", e sem isso, "provavelmente, a reforma teria ficado no caminho".
O primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, o banqueiro José Maria Ricciardi, o antigo ministro socialista Jorge Coelho, o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e os ministros Paula Teixeira da Cruz e Luís Marques Guedes estavam entre as cerca de 350 pessoas presentes nesta sessão de apresentação, realizada num hotel de Lisboa.
A ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o antigo presidente do PSD Luís Marques Mendes, os secretários de Estado Sérgio Monteiro, Teresa Morais e Luís Campos Ferreira também marcaram presença.
No início da sua intervenção, José Manuel Durão Barroso disse ter recebido "com alguma surpresa" o convite do ex-ministro Miguel Relvas para apresentar o livro "O outro lado da governação", editado pela Porto Editora.
"É um convite de um amigo, e é para mim muito difícil dizer não a um amigo", justificou.
Por outro lado, segundo o antigo primeiro-ministro, o convite para apresentar este livro faz sentido tendo em conta a reforma do poder local que o Governo que chefiou entre 2002 e 2004, e que teve Miguel Relvas como secretário de Estado da Administração Local, tentou, sem sucesso, concluir.
No seu entender, essa reforma acabou por ser concluída pelo atual executivo PSD/CDS-PP.
Contudo, de acordo Durão Barroso, para que isso acontecesse não bastou a "vontade assumida" pelo atual Governo, "a verdade é que foi precisa a 'troika'".
Isso "é polémico, mas tem de ser dito", defendeu.
"Penso muito sinceramente que, sem esse impulso, provavelmente, perante manifestações que chegaram a atingir 100 mil pessoas, a reforma teria ficado no caminho", acrescentou.
No seu discurso, o ex-presidente da Comissão Europeia comparou a reforma do Estado português a "um estaleiro" e apontou a necessidade de reformar outros setores, como o das empresas públicas, através "da sua privatização".
Numa apreciação da obra de Miguel Relvas e Paulo Júlio, Durão Barroso qualificou-a de "muito interessante e útil", e salientou o facto de o livro ter "testemunhos de responsáveis políticos tão relevantes como Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, Luís Marques Mendes, Luís Montenegro, entre outros".
Quanto à reforma do poder local, o antigo presidente do PSD destacou a redução de freguesias e de cargos executivos das juntas e considerou "curioso" que isso tenha sido feito "por alguém que muitas vezes é acusado de ser um partido de aparelho".
Depois, disse que "alguns dos chamados políticos de aparelho são aqueles que conhecem melhor o país" e que "para reformas destas é necessário um político que conheça a realidade".
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