Em declarações à agência Lusa, João Afonso disse que a autarquia disponibilizou "cerca de 1.012.000 euros em alojamento, equipas de rua, centros de apoio à integração e saúde" para apoiar os sem-abrigo, estabelecendo parcerias com instituições de solidariedade social.

Em relação à atual estratégia municipal para a integração dos sem-abrigo, o autarca explicou que vão ser aplicadas medidas para "assegurar que toda a cidade tem uma rede de monitorização" através de equipas de rua e que os centros de alojamento vão ser redimensionados para proporcionar respostas diversificadas de acolhimento.

Estão previstas "mais respostas ao nível dos espaços de inserção, ou seja, capacitação social, capacitação profissional, encaminhamento para respostas de emprego" e que deixe de haver "alimentação em rua, exceto casos pontuais em que de facto as pessoas recusam qualquer tipo de socialização".

João Afonso frisou que a distribuição de alimentação nas ruas "é muito pouco dignificante" e que há quem confunda "processo de alimentação junto das pessoas sem-abrigo com pessoas que nem sequer necessitam desse tipo de apoio, mas já que é uma refeição à borla também comem".

No âmbito da assinatura de um protocolo de colaboração entre a Câmara de Lisboa e o Centro Social do Exército de Salvação, que decorreu hoje nos Paços do Concelho, para definir o funcionamento do Centro de Alojamento Temporário de Xabregas, o vereador defendeu que os centros de alojamento destinados a apoiar a população sem-abrigo têm que ter, para além do alojamento noturno, "capacidade de receber as pessoas durante o dia", ter um espaço para quem não tem para onde ir e permanece junto aos equipamentos à espera que reabram.

Segundo o autarca, os quatro equipamentos existentes na cidade -- Centro de Abrigo da Graça, Centro de Alojamento do Beato, Centro de Alojamento de Xabregas e Centro de Acolhimento Temporário da Mãe D'Água -- são suficientes para responder às necessidades.

"O objetivo não é as pessoas permanecerem nos centros de alojamento. O objetivo é que as pessoas procurem as suas ocupações, que lhes sejam disponibilizados apoios que os levem a integrarem-se na sociedade", reforçou João Afonso, acrescentando que estes alojamentos visam proporcionar "um processo de transição da rua para a comunidade".

Sobre o balanço da integração das pessoas sem-abrigo que passam pelos centros de alojamento, o vereador afirmou que "o número, neste momento, não é positivo, mas há processos de integração de sucesso e outros que não".

"Temos clara consciência é que temos que fazer respostas mais personalizadas", defendeu o autarca, considerando que "é um processo lento de construção de confiança, de readquirir hábitos de sociabilização, de readquirir hábitos de utilização de espaços que são tão comuns como um quarto, uma cozinha, uma casa de banho".

João Afonso informou que vai ser inaugurada, na quinta-feira, a Loja da Solidariedade da Associação de Assistência de São Paulo, que também vai ter a valência de alojamento para sem-abrigo.

"Em princípio, o financiamento [da Câmara de Lisboa para apoiar os sem-abrigo] está praticamente concluído. Haverá situações excecionais que estaremos sempre disponíveis para avaliar, mas o apoio contratualizado para 2015, e porque os orçamentos são feitos anualmente, está neste momento efetuado", esclareceu.