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Obras de sete séculos ilustram relação entre o livro e a arte

A relação entre livros e história da arte sustenta a exposição de 40 obras, de artistas do século XV à atualidade, que fica patente a partir de hoje, até 12 de abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris.

Obras de sete séculos ilustram relação entre o livro e a arte
Notícias ao Minuto

09:15 - 30/01/15 por Lusa

Cultura Gulbenkian

Entre os artistas portugueses representados destacam-se Maria Helena Vieira da Silva, Helena Almeida, Lourdes Castro e Rui Chafes, ao lado de nomes internacionais como Dürer, Diderot, Marcel Duchamp, Bruce Nauman, Sol LeWitt, Christian Boltansky ou Olafur Eliasson, entre outros.

Na mostra "Pliure. Prologue (La Part du Feu)"/"Dobra. Prólogo (A Parte do Fogo)", o cinema está igualmente presente através de projeções de excertos de filmes dos franceses da "Nouvelle Vague" como Alain Resnais ("Tout la mémoire du monde"/"Toda a memória do mundo"), Jean-Luc Godard ("Alphaville") e François Truffaut ("Fahrenheit 451"/"Grau de destruição").

"O grande desejo [da exposição] era ser uma espécie de ensaio sobre a maneira como nos relacionamos com o livro e sobre o que é um livro. Por isso, tal como um ensaio, é mais livre, com a possibilidade de juntar coisas até divergentes e de épocas diferentes, à maneira de Montaigne. Uma forma de propor um sentido sem querer fechar numa verdade absoluta", explicou à Lusa o curador da exposição, Paulo Pires do Vale.

O título da exposição, "Pliure. Prologue (La Part du Feu)", remete para "o segredo da construção do livro, mas também da própria literatura", continuou Paulo Pires do Vale, apontando "a possibilidade de qualquer coisa de misterioso que está" na outra página.

A exposição articula-se em torno de fotografias ("Estudo para Dois Espaços de Helena Almeida" - 1977), esculturas ( "O silêncio de..." de Rui Chafes - 1980-2014), pinturas ("La bibliothèque en feu", de Maria Helena Vieira da Silva - 1974), livros raros ("Livro de Horas de René de Lorena" - 1480) e performances como "Un coup de dés jamais n'abolira le hasard - constellation" de Raffaella della Olga - 2009).

A artista italiana apresenta-se numa sala escura e ilumina o livro que criou a partir da publicação, em 1914, de um poema de Mallarmé, "um poema muito revolucionário, também devido ao formato inabitual para a época".

"Para Mallarmé havia a ideia de imaginar a página em branco como um céu estrelado, ou seja, a página branca como o céu e as palavras como as estrelas. Decidi iluminar as palavras do poema para que a constelação ganhasse forma", descreveu à Lusa Raffaella della Olga.

O percurso da exposição está dividido em cinco núcleos: "Uma fenda no mundo", "Incarnação", "Tudo, no mundo, existe para chegar a um livro", "O livro de fogo", "O começo".

A segunda parte da exposição "Pliure. Epilogue (La bibliothèque, l'univers)" - "Dobra. Epílogo (a biblioteca, o universo)" - arranca a 10 de abril e decorre até 07 de junho, no Palácio das Belas Artes de Paris, com nomes como Baudelaire, Rembrandt, Henri Matisse, Joseph Beuys, Fernanda Fragateiro e Diogo Pimentão, entre outros.

"É uma exposição em dois momentos, tal como o livro. O livro também não tem só um momento temporal, tem a possibilidade - precisamente pela dobra - de ter o tempo que o próprio leitor quiser", precisou Paulo Pires do Vale, acrescentando que haverá dois dias de atividades artísticas entre o final da primeira parte da exposição e o início da segunda.

A entrada na exposição "Pliure. Prologue (La Part du Feu)" é grátis e também vai estar aberta aos domingos.

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