Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 12º MÁX 17º

Investigador critica proliferação de centros culturais pelo país

O professor da Universidade Nova de Lisboa (UNL) António Camões Gouveia criticou hoje, em Góis, a proliferação de centros culturais de norte a sul do país e defendeu que a cultura se faça "de outra maneira".

Investigador critica proliferação de centros culturais pelo país
Notícias ao Minuto

18:31 - 20/09/14 por Lusa

Cultura UNL

Portugal "está inundado de centros culturais" e muitas vezes "não se sabem para quê", nem "o que fazer com eles" em cada concelho, disse António Camões Gouveia.

"Temos de acabar com 'aquilo' de que quem não tem que fazer faz cultura", disse o docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL, ao intervir na abertura do seminário "Cultura e Autarquias -- Que futuro?", integrado no programa comemorativo dos 900 anos do concelho de Góis, no distrito de Coimbra.

Ao propor a criação de redes de municípios para a área da cultura, António Camões Gouveia frisou que "trabalhar em rede é trabalhar em conjunto e os outros não podem ficar de fora".

"O país profundo não é visitar Góis. É saber olhar para Arganil, estando em Góis", exemplificou.

As práticas culturais "são aquilo que se faz de outra maneira", o que, na sua opinião, "faz com que cada autarquia deixe de ser autarquia".

Ao salientar que, normalmente, os agentes culturais e os políticos "têm conceções do mundo divergentes", disse que, em cada localidade, cabe às autarquias e às instituições culturais "garantir as práticas identitárias, globalizando-as".

"Temos de encontrar na programação uma forma de fazer cidade e cultura", apostando na "construção de uma nova cidadania", preconizou.

António Camões Gouveia proferiu a conferência de abertura do seminário, intitulada "Práticas culturais para municípios", sobre programação e bem-estar cultural, públicos e novas cidadanias.

"Vamos jogar o que temos e o que temos é bom. Temos de saber programar com as pessoas que temos e redescobrir os objetos culturais", acrescentou.

Também António Pedro Pita, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e moderador do painel "Projetos culturais em foco nos municípios da Beira Serra" (Góis, Arganil, Tábua e Oliveira do Hospital), defendeu que as pessoas devem ser "cada vez mais exigentes" na conceção de estratégias culturais.

"Estivemos envolvidos [nas últimas décadas], numa tranquila retórica e numa conceção da cultura cada vez menos sustentáveis", afirmou.

Para o antigo diretor regional do Centro do Ministério da Cultura, as autarquias "estão colocadas perante um desafio": "como é que, culturalmente falando, o território pode ser não apenas uma justaposição de elementos?".

Promovido pela Câmara Municipal de Góis, liderada por Lurdes Castanheira, que interveio nos trabalhos, o seminário reúne cerca de 50 participantes, entre eleitos, técnicos de autarquias, agentes culturais e dirigentes associativos.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório