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"Apesar dos 'mas' e 'senão', esta foi a melhor solução para o país"

Francisco Seixas da Costa é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.

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Andrea Pinto
28/08/2018 09:10 ‧ 28/08/2018 por Andrea Pinto

Política

Seixas da Costa

Foi embaixador das Nações Unidas e secretário do Estado dos governos de António Guterres em 1995 e 1999. Hoje está aposentado mas isso não significa que leve uma vida menos agitada. Francisco Seixas da Costa mantém-se no ativo, assumindo as funções de docente e de administrador não executivo em empresas como a Jerónimo Martins, a Mota-Engil e a EDP.

A experiência do passado fá-lo ter a certeza de que jamais quer voltar a assumir um cargo político, uma vez que descobriu que não tem vocação para o exercício desta função. Isso não significa, porém, que não mantenha o interesse em acompanhar a atualidade política, tema que inclusive analisa nesta entrevista que concedeu ao Notícias ao Minuto.

Se por um lado, continua a ter a certeza de que António Costa é o melhor primeiro-ministro que Portugal poderia ter, por outro lado não exclui a hipótese de Santana Lopes poder dar "um abanão" ao sistema político português.

Na conversa, que pode ler de seguida, assume ainda dois erros que terá cometido: primeiro, não ter acreditado na solução governativa (bem-sucedida) liderada por António Costa e outros partidos à Esquerda e, segundo, a capacidade de Mário Centeno em chegar a presidente do Eurogrupo. 

Concilia atualmente a função de docente, gestor e consultor. Apesar de aposentado, como arranja tempo para isto tudo?

Não tenho horários completos nas várias áreas em que atuo. Sou administrador não executivo, o que não implica um compromisso de horários muito carregado. E sou consultor, coisa que implica apenas ter disponibilidade para preparar e apresentar estudos. Não é um ‘full time job’ e, portanto, é possível compatibilizar essas funções. Outras há que tenho, em alguma parte do ano, com mais intensidade, como é o caso académico, mas é um tipo de trabalho que é possível conciliar em termos temporais.

De todas estas funções, qual é a que o desafia mais?

Devo confessar que a área empresarial é uma área que conhecia mal, apenas no âmbito da diplomacia na medida em que mantinha contactos com algumas empresas. Diria, por isso, que a perspetiva que tinha era enquanto servidor público. Acho que a área que me realizou mais ao longo destes últimos anos é a área académica e a possibilidade de transmitir a outras gerações um pouco daquilo que foi a minha experiência enquanto diplomata e enquanto servidor público durante 42 anos. Esse aspeto foi o mais estimulante e interessante sob o ponto de vista intelectual, quer nos cursos de Relações Internacionais, quer na preparação de candidatos à carreira diplomática, e até na formação de militares. Estas três áreas de ensino às quais me tenho vindo a dedicar são as que mais me agradam de tudo aquilo que faço.

Disse que conhecia pouco a área empresarial. Agora que lá está inserido, o que mudou?

O que mudou foi o conhecimento mais prático do que é a realidade e os desafios das empresas. Quando se está à ajudar à promoção das empresas, no plano externo, tem-se uma visão exterior àquilo que é a sua própria estrutura, a sua função de criadora de empregos e riqueza. Quando se passa a integrar os quadros da empresa, começa-se a perceber melhor o que são os seus problemas no campo internacional, desafios e riscos que têm, quer de natureza política como de segurança daquilo que é o investimento no exterior.

[A Jerónimo Martins, EDP e a Mota-Engil] São empresas que têm milhares de trabalhadores e colaboradores que atuam em mercados muito diferentes e isso implica uma leitura, por exemplo, dos riscos que os investimentos têm em cada um desses mercados e a própria evolução interna. Estando por dentro das empresas, percebe-se um pouco melhor quais são os desafios que se colocam aos detentores da empresa e de capital e aos responsáveis pela manutenção de dezenas de milhares de pessoas. Há variações conjunturais muito diversas com que trabalho. Estou em empresas que, no seu conjunto, operam em cerca de 40 países e, cada vez mais, existe uma realidade distinta e complexa que tem de ser analisada a par e passo para garantir que as empresas não cometem atos falhados nessas ações.Estou totalmente desinteressado em participar de forma institucional na vida política do país. Mas acompanho-a com todo o cuidadoDedicar-se à área empresarial fê-lo afastar-se da política. Chegou a afirmar que já não estava disponível para assumir cargos políticos, quer por falta de disponibilidade quer de interesse. Por que razão perdeu o interesse na política?

Não perdi o interesse em acompanhar a política mas perdi o interesse em ter ou vir a ter qualquer cargo político. Isso está completa e totalmente afastado das minhas perspetivas. Achei muita graça quando passei pela política, também foi uma passagem de menos de seis anos por dois governos, regressei à minha carreira diplomática quando acabei essa carreira e decidi definitivamente não intervir formalmente na política. Estou completa e totalmente desinteressado em participar de forma institucional na vida política do país. Mas acompanho-a com todo o cuidado.

Mas porquê essa decisão?

É difícil explicar mas há pessoas que têm uma vocação para o exercício de cargos políticos, há outras que o podem fazer durante algum período e depois regressar a outras atividades profissionais. Eu pertenço a este segundo grupo. Não tenho ambições, nunca tive, em termos de ascensão política e não me sinto minimamente vocacionado para assumir cargos políticos.

Duvidei que solução ancorada em dois partidos que não se reviam em algumas áreas essenciais daquilo que é a matriz do PS, pudesse aguentar no tempo. Pelos vistos enganei-me e ainda bemAcompanha, contudo, a vida política do país, como disse. Que análise faz do Governo em funções? Continua a achar que António Costa  é “a personalidade mais bem preparada para ser primeiro-ministro de Portugal”?

Sem a menor dúvida. Quando esta solução governativa foi criada, manifestei publicamente algumas dúvidas relativamente à sua sustentabilidade. Não tinha a mais pequena dúvida de que a escolha de António Costa para primeiro-ministro era uma boa escolha, mas tinha algumas dúvidas sobre a possibilidade de uma solução deste género. Ou seja, duvidei que uma solução ancorada em dois partidos que não se reviam em algumas áreas essenciais daquilo que é a matriz do Partido Socialista, pudesse aguentar no tempo. Pelos vistos, enganei-me e ainda bem. Esta solução governativa, tendo embora os seus ‘mas’ e ‘senão’ é uma solução que provou que está ao nível do que são os seus resultados. Esta foi a melhor solução para o país após um período muito complexo e traumático Foi uma solução que recuperou algum bem estar, recuperou algum equilíbrio e deu alguma justiça a vários setores.

Acha que António Costa está devidamente apoiado pelos restantes partidos de Esquerda ou ir “simplesmente caminhando”, como o próprio afirma, é suficiente?

Acho que António Costa é um hábil político que conseguiu fazer aquilo que parecia ser a quadratura do círculo. O que Costa teve foi a perceção de que havia dois partidos que podiam garantir uma solução governativa e que preferia ligar-se a essa solução do que correr o risco de um regresso àquilo que tinha sido o modelo político anterior. Esses dois partidos – o PCP e o Bloco de Esquerda – fizeram uma opção no sentido de aproveitar esta oportunidade política para darem corpo e concretização a algumas das suas reivindicações, que estavam claramente alheias à solução política anterior mas ao mesmo tempo têm, face ao que é a governação do PS, algumas reticências nomeadamente no que diz respeito ao compromisso europeu e em algumas opções de matéria de política externa que são estruturantes para o PS.

E Costa conseguiu muito claramente separar as águas. Fez uma espécie de 'firewall', e o PCP e Bloco também respeitaram isso. Nessa medida, e enquanto assim for possível, esta solução do governo parece estável.

Concorda, então, com António Costa quando este diz que que não vai pedir a maioria absoluta nas próximas eleições, até porque os portugueses estão satisfeitos com este Governo?

Ninguém sabe se haverá ou não maioria absoluta nas próximas eleições. Não acho que seja essencial para o PS ter uma maioria absoluta para poder continuar a governar com eficácia.

O país de vez em quando traz ao cimo as suas fragilidades. Os incêndios são uma delas, mas há outras que continuam a existir, como o sistema de ensino, saúde, transportes...

A imagem de António Costa pode sair fragilizada com a gestão que tem feito do dossier incêndios?

Em política, cada vez mais a imagem dos líderes, das personagens, dos atores políticos, tem um desgaste muito forte pela razão de que ficam polarizados por aqueles que gostam e os que não gostam e porque são eles que dão a cara por aquilo que são as políticas do Governo. Diria mesmo que isso acontece mais neste Governo do que em outros pela simples razão de que António Costa personaliza bastante este Governo. E isso tem um preço em termos daquilo que é o seu próprio desgaste e o desgaste natural de quem está numa ação política, numa situação complexa, num país que tem uma dívida fortíssima e que todos os anos é testado relativamente à manutenção do défice no seu Orçamento e num país que de vez em quando traz ao cimo as suas fragilidades. Os incêndios são uma delas, mas há outras que continuam a existir, como o sistema de ensino, saúde, transportes... Todas essas fragilidades são de um país que não nasceu ontem.

Somos um país que ao longo destas décadas melhorou extraordinariamente mas não foi capaz - o país em geral independentemente dos ciclos políticos - de garantir uma qualificação em particular daquilo que são os braços do serviço público à altura do que eram as expetativas das pessoas.

António Costa, naturalmente, paga isso. Ele faz o possível, tem uma navegação à vista no plano político e assim terá de continuar a ser se as condições se mantiverem idênticas, mas isso não significa que este Governo não tenha conseguido saltos qualitativos muito interessantes e não tenha conseguido ganhar a confiança dos portugueses.

Agora, problemas como os incêndios são problemas comuns, tal como é a situação dos hospitais, ou dos Comboios de Portugal (CP). São problemas com os quais este Governo terá de se confrontar mas que não decorrem apenas da sua ação mas de décadas de descaso em relação ao ordenamento florestal, de escasso investimento no campo da ferrovia, décadas de atraso em algumas opções no campo da saúde e mesmo ao nível das corporações da saúde. Tudo isso faz parte do corpo do regime e do corpo daquilo que é a situação política portuguesa, com que qualquer governo teria de se confrontar.

Rui Rio tem alguma coragem e sentido de Estado mas isso pode não ser suficiente para garantir que a sua imagem perante o povo português seja sólidaEsse desgaste da imagem do primeiro-ministro de que falava pode colocá-lo em desvantagem em relação ao seu principal opositor, Rui Rio? Ou continua a achar que “não há espaço para um líder da oposição, ainda por cima ausente da visibilidade da bancada parlamentar”?

Quero dizer o seguinte: tenho uma leitura do Dr. Rui Rio que não é marcadamente negativa. Rui Rio é uma pessoa que tem sentido de Estado, sentido de compromisso e, mais do que isso, tem coragem de assumir, por exemplo, a possibilidade de fazer alguns entendimentos com o Governo, que devem ser saudados e a meu ver devem ser reconhecidos. Isto não significa que as suas possibilidades para as eleições de 2019 sejam excessivamente elevadas por duas razões. Primeiro, o ciclo político é nesta altura aparentemente favorável a António Costa. Depois, porque Rui Rio decidiu fazer uma clivagem no seio do seu próprio partido, que é um partido que se habitou ao poder e que sofreu nas ultimas eleições autárquicas um forte desgaste desse mesmo poder naquilo que é um dos centros essenciais da afirmação política do PSD: as autarquias. Por isso mesmo, Rio está numa situação complexa tendo em conta que tem hoje dentro do seu próprio partido uma fortíssima oposição, parte da qual está agora polarizada por esta iniciativa de Santana Lopes. Outra parte estará um pouco a aguardar o que pode vir a ser o descalabro do PSD nas eleições de 2019 para contestar a sua própria liderança.

António Costa neste momento é praticamente insubstituível como figura de opção governamental e Rui Rio, volto a dizê-lo, tem alguma coragem e sentido de Estado mas isso pode não ser suficiente para garantir que a sua imagem perante o povo português seja tão sólida que permita sustentar-se se as coisas lhe correram mal.

Marcelo poderá ajudá-lo a ganhar essa visibilidade ou acha que se vai abster desse tipo de apoio?

Não está nas funções do Presidente da República ajudar o líder da oposição a ter maior visibilidade. Acho que o Presidente da República tem tido nesta matéria uma posição relativamente equilibrada, embora seja claro que gostasse de ver a oposição um pouco mais forte perante aquilo que é a opção governativa.

Marcelo Rebelo de Sousa é originário dessa família política mas acho que tem dado sinais de um grande equilíbrio na leitura que faz do sistema político e daquilo que é desejável para esse sistema, portanto não me parece que esteja no âmbito das suas funções nem, julgo eu, dos seus prognósticos, intervir dentro daquilo que é o percurso interno dentro do PSD, que é bastante turbulento. E acho que ainda não vimos tudo.

Se Santana Lopes conseguir romper aquilo que é o equilíbrio interno entre os vários partidos, pode representar um abanão no sistema político e com consequências que só o tempo diráFalava há pouco de Santana Lopes. Que papel poderá ter no panorama político português este novo partido, o Aliança?

É muito interessante olhar para este partido à luz das experiências que houve no passado relativamente a outras iniciativas para romper a cristalização do sistema partidário. Portugal é talvez dos países da Europa ocidental, com exeção do Reino Unido, em que a estrutura do desenho dos partidos, em função daquilo que foi o modelo constitucional aprovado em 1976, se mantém muito idêntica há muito tempo.

O Bloco de Esquerda talvez seja a única novidade no processo mas que também teve a ver com a presença na Assembleia da República da UDP durante algum tempo. E, portanto, diria que Santana vai inaugurar uma tentativa de romper com esse equilíbrio. Mas sejamos claros, esse equilíbrio que a iniciativa liberal quer só pode ganhar espaço roubando [apoiantes] ao PSD, e talvez um pouco ao CDS, mas não a nenhuma outra área política. A maioria atual não vai ser seduzida por esta iniciativa de Santana Lopes pelo que o setor mais à direita é aquele que pode vir a sofrer mais consequências negativas. A questão essencial a saber é se Santana Lopes consegue com o seu protagonismo e visibilidade pessoal conseguir um grupo de deputados para as eleições para a AR de 2019. Se isso acontecer, é evidente que ele passa a ser também um potencial parceiro da maioria para as combinações políticas e esse, julgo eu, é o seu objetivo: conseguir, como acontece noutras partes do mundo, ter com um partido pequen um papel maior do que o que teve com a sua própria projeção eleitoral. Se ele conseguir romper aquilo que é o equilíbrio interno entre os vários partidos, isto só teve lugar no caso do PRD nos anos 80, Santana pode representar aqui um abanão no sistema político e com consequências que só o tempo dirá.

E acredita que será capaz disso?

Não sei. Resta saber em que medida alguns setores do PSD, que apoiaram Santana Lopes na sua corrida à liderança contra Rui Rio, ou alguns setores do CDS, que possam mostrar-se menos mobilizados pela liderança de Assunção Cristas, estão disponíveis para arriscar uma aposta atrás de um homem que tem uma história política toda feita dentro do PSD e que apresenta um enunciado de propostas que são a meu ver, mas eu sou suspeito pela simples razão de que sou opositor dessas propostas, uma mistura um pouco heterogénea de soluções de natureza liberal, social-democrata ou de direita tradicional. É uma espécie de 'patchwork' que não tem uma grande coerência política mas isso não significa que não possa ter algum apelo no plano do voto.

A chegada de Mário Centeno a líder de Eurogrupo é algo em que eu não acreditava, e por isso é o segundo erro que cometoAquando da tomada e posse deste Governo de Esquerda, em 2015, disse que o PS deveria associar-se aos debates sobre as grandes políticas europeias e tentar reverter as lógicas austeritárias que prevaleceram nos últimos anos. A chegada de Mário Centeno a líder do Eurogrupo é a prova de que esse objetivo foi cumprido?

A chegada de Mário Centeno a líder de Eurogrupo é algo em que eu não acreditava, e por isso é o segundo erro que cometo. É a prova provada de que há espaço de manobra para trabalhar no plano europeu fora daquele 'template' clássico que era a imagem do Eurogrupo, em particular no tempo em que estava tutelado pelo senhor Wolfgang Schäuble. A entrada de Centeno significa que a experiência do caso português, e talvez do caso grego, fez com que o Eurogrupo, embora continue a pensar a mesma coisa relativamente à eficácia das políticas austeritárias, esteja disponível para integrar nas soluções possíveis para a recuperação de um país deprimido soluções um pouco diferentes daquelas que tradicionalmente pareciam irreversíveis. E Centeno leva para o Eurogrupo o sucesso daquilo que foi o modelo que Portugal seguiu relativamente à austeridade: conseguir encontrar alguns nichos de mudança possível sem deixar de cumprir o essencial, isto é, a manutenção dos critérios que estão no Tratado Orçamental, mantendo e respeitando aquilo que tinha sido assinado ao tempo da troika. Centeno consegue fazer isso, para minha grande surpresa, mas também para meu contentamento.

E em termo práticos, o que ganha Portugal com um ministro das Finanças que é também líder do Eurogrupo?

Em primeiro lugar, nessas coisas da política internacional, o estar nos sítios e no centro da decisão é muito importante mesmo quando a nossa capacidade de influência sobre a decisão é limitada. É completamente diferente estar a receber recomendações do Eurogrupo em cuja decisão não fomos ouvidos suficientemente. Tendo o presidente lá, é natural que os interesses nacionais estejam muito mais presentes na definição dessas políticas

Há também a questão do prestígio global sobre um país e, mais do que isso, sobre as soluções que o país conseguiu encontrar para ultrapassar a situação que estava a viver e que se ganham pela circunstância de termos alguém central na elaboração desse processo.

Mário Centeno corre o risco, que aliás se viu nas últimas horas na questão da compatibilidade entre ser o titular de um discurso europeu mais austeritário e ao mesmo tempo ministro das Finanças de um pais cuja linha política o é menos.

Mas o discurso que protagonizou [no vídeo sobre o fim da crise na Grécia] deixou-o sob fogo...

Isso é o resultado de uma certa necessidade de compatibilização das duas funções. Centeno não podia afastar-se daquilo que é sentimento comum e maioritário que se vive no Eurogrupo das questões europeias, mas tem feito o seu caminho e a sua mudança. E se se perguntar ao governo grego se sentiu essa mudança, essa resposta seria positiva.

Mas não terá sido uma imagem demasiado positiva sobre a realidade que se vive na Grécia?

Posso concordar que sim. Mas isso também é sempre o papel de quem quer puxar pela vontade das pessoas. É evidente que a Grécia passou um período terrível, muito pior que o de Portugal, e que as coisas ainda estão bem mais longe de estarem resolvidas do que o que o discurso de Centeno parece projetar. Mas entre a tragédia inicial e aquilo que se vive hoje, houve uma grande evolução. É normal que aqueles que estiveram ligados a essa evolução procurem extrair uma leitura positiva, mas concordo que essa leitura seja um pouco mais otimista do que aquilo que a realidade aponta. 

*Pode ler a segunda parte desta entrevista aqui.

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