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"Quando não há vitória no Benfica, tem de haver mudança. É uma missão"

Martim Mayer é um dos candidatos que vai a votos no Benfica no próximo dia 25 de outubro. Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o neto de Borges Coutinho faz um "apreciação medíocre" ao mandato de Rui Costa e aponta à mudança.

"Quando não há vitória no Benfica, tem de haver mudança. É uma missão"

© Candidatura Martim Mayer - 'Benfica no Sangue'

Martim Borges Coutinho Mayer é um dos seis candidatos assumidos à presidência do Benfica e conta com um importante argumento de peso. É neto de Borges Coutinho, antigo presidente das águias, que desde cedo lhe incutiu o "sentimento benfiquista". 

 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Martim Mayer admite que o laço familiar lhe trouxe vantagens na hora de anunciar a sua candidatura, mas que depressa também se tornou num maior sentido de responsabilidade. 

O empresário de 51 anos entende que o Benfica precisa de uma "mudança" e diz ter todas as soluções para resolver os problemas que o clube precisa de combater desde o primeiro dia. 

Qual a principal razão para apresentar esta candidatura à presidência do Benfica? 

Neste momento sou a melhor pessoa para liderar o futuro do Benfica. Sou a pessoa mais bem preparada, sou a pessoa com a equipa mais competente, sou a pessoa com maior clareza de ideias relativamente a por onde deve passar o futuro do Benfica. Seja do ponto de vista de clube, seja do ponto de vista desportivo - não só futebol, mas todo o seu ecletismo, tão bem sublinhado.  Seja do ponto de vista de clube como empresa e com todas as tecnicidades que isso envolve, porque temos aqui um mandato muito relevante do ponto de vista dos factos e do ponto de vista de questões que irão afetar, em muito, o clube.

Portanto, ao reunir todas estas competências e todas estas especialidades numa equipa profundamente motivada para implementar tudo isto no Benfica e, iremos conseguir um nível de sucesso desportivo radicalmente diferente. Nos últimos 35 anos ganhámos 10 campeonatos e nos últimos cinco anos ganhámos, portanto impõe-se fazer. Não há vitória e no Benfica, quando não há vitória, tem de haver mudança. Eu sou essa mudança.

O contexto familiar foi uma das partes que o fez avançar com esta candidatura?

Eu tive a graça, sem qualquer mérito, no dia em que eu nasci, o meu avô ser presidente do Benfica. É, de facto, assinalável uma pessoa poder dizer isso e, sublinho, não tenho nenhum mérito no assunto. Mas é certo que isso fez com que eu crescesse num ambiente de imenso benfiquismo. Crescesse num ambiente onde fui habituado a ouvir, discutir e viver o Benfica para lá do jogo. E, portanto, desde cedo que ganhei esse sentido do clube.

Obviamente, independentemente de poder ter um sonho de menino, não é um sonho aquilo que eu estou a fazer. Aquilo que eu estou a fazer é um objetivo para o qual me preparei duramente e para poder dizer, com toda a humildade, que sou a pessoa certa para liderar o Benfica neste momento. Efetivamente, houve aqui uma preparação de longo prazo e que tem a ver com um crescimento profissional. Tem a ver com um crescimento pessoal, com o travar conhecimento com as pessoas certas, com diferentes especialidades e muita competência para agregar uma equipa coesa que é tão importante para levar uma operação complexa como é o Benfica para a frente. E, portanto, efetivamente isto nasce de um sonho, mas é um objetivo e a partir do primeiro dia do meu mandato será uma missão. Uma missão de vida.

Mas ser neto de Borges Coutinho é uma vantagem ou um fator de pressão extra? 

Tem ambas as faces da moeda. Vou citar aquela que até agora é a vantagem mais evidente e, ao mesmo tempo, aproveitar para agradecer a todas as pessoas que demonstram um respeito pelo nome do meu avô e por aquilo que o meu avô fez no Benfica. Um respeito muitíssimo grande  que perdura até hoje. Quando foi anunciada a minha candidatura, e ao contrário do que normalmente acontece quando alguém se anuncia sem ter qualquer mediatismo, que é o meu caso, há sempre muita desconfiança. E aqui houve a reserva de esperar para ver. Houve um sentimento de: 'Espera lá, sendo neto de quem é, vou querer saber mais até formar a minha opinião'. E, portanto, isso é claramente uma vantagem. 

A partir do instante que essa vantagem se esgota no tempo, passa a ser uma acrescida responsabilidade. Aliás, cada um dos membros que eu trago para a direção que proponho e para os dois outros órgãos sociais, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia Geral, foram objeto de várias conversas individuais com cada um, onde eu tive que ser capaz de transmitir essa componente de responsabilidade adicional.

Porque não há nada que eu diga, não há nada que eu faça, não há nenhuma posição que eu tome que não tenha de ter o crivo da responsabilidade do nome que eu transporto. E, portanto, isso é transversal a toda a minha equipa, porque não poderia ser de outra forma. Vamos trabalhar em conjunto, vamos estar ligados às mesmas tomadas de decisão e aos mesmos episódios.

E, portanto, isso precisou, desde já, de estar salvaguardado, estar muito bem conversado e estar ciente em cada um dos elementos que compõem a nossa proposta.

De que forma é que pode causar, então, pressão? 

Não é uma pressão. É a pressão da responsabilidade adicional. Só isso. Não mais do que isso. Sou um homem, tenho 51 anos e respondo por mim. Aquilo que é avaliado é a minha competência, a forma como eu vejo o Benfica, o que serei capaz de fazer e não o que o meu avô será capaz de fazer. Aquilo que ele tinha para fazer, já fez. Fica o exemplo, um grande exemplo e, certamente, seguirei, em muitas linhas. 

Já disse que é muito diferente. O que é que oferece que os outros candidatos não oferecem? 

Frescura na equipa. A minha equipa é uma equipa coesa, uma equipa de pessoas altamente competentes e a trabalhar com uma só agenda, mas tem, transversalmente, esta característica: frescura. São tudo pessoas que vivem o Benfica há muitas décadas, mas que nunca estiveram envolvidas na gestão do Benfica. Ou seja, sem passado no Benfica. Isto é uma das coisas que o Benfica precisa. É preciso virar uma página.

Para quebrar vícios antigos?

Com certeza que sim. Eu não lhe chamo só vícios, porque isso é demasiado depreciativo. Chamo-lhe inércias. É preciso uma nova energia para quebrar vícios, mas também para quebrar inércias. Para trazer frescura ao Benfica e trazer futuro. Ao fim de mais duas décadas é preciso virar à página. Ainda não se virou a página deste período de mais duas décadas. É preciso trazer alguma coisa de novo.

Aliás, eu próprio também me revejo nessa necessidade de regeneração do clube. O clube é muito grande, tem muitas pessoas competentes, tem muitos empresários, muitas pessoas bem-sucedidas para poderem trazer valor para o clube. Sempre disse que gostaria que os sócios me dessem a oportunidade de fazer dois mandatos. E, ao fim de dois mandatos, não pretendo fazer mais nenhum. Pretendo entregar o Benfica ao próximo. É assim que eu vejo o assunto.

Há aqui outra diferença evidente. É fácil e é uma tendência que, num processo eleitoral, se utilizem chavões, se utilizem paragonas, se utilizem ideias universais que transportam os sócios para um sonho. Mas o Benfica não vive de sonhos. O Benfica vive da realidade. E, portanto, quando se passa uma ideia, quando se apresenta uma ideia, há uma pergunta que tem de ser feita e essa ideia tem de responder a esta pergunta: Como é que vai fazer isso? Como? E eu não vi, até agora, em nenhuma das outras listas, uma ideia que responda ao como. E a minha proposta, os eixos programáticos da minha candidatura estão publicados no nosso site (benficanosangue.pt), desde o dia 24 de julho e dizem como é que nós vamos fazer cada uma das coisas.

Como vamos fazer a internacionalização verdadeira do Benfica através do Programa Benfica Global. Como vamos colmatar um desequilíbrio de contas e um déficit anual de 70 milhões de euros do Benfica. Como vamos reorganizar o futebol e como vamos conseguir, com isso, reter talento. Como vamos colocar a academia e o scouting a trabalhar juntamente com a equipa B e a equipa Sub-23 para aportar e acelerar talento que entre na equipa A. Portanto, há a resposta ao como de todas as nossas propostas. Não vejo nas outras candidaturas, por aquilo que já publicaram, a resposta a esta pergunta. Há dois meses, não poderia dizer isto, mas penso que já é tempo de cada uma das propostas explicarem como vão implementar as ideias. Nós dizemos isso.

Caso seja eleito como presidente do Benfica, qual é que seria a primeira medida a equipa que iria implementar no clube?

O Benfica tem um sério desequilíbrio financeiro para resolver. Os resultados positivos ou negativos têm de ser vistos numa ótica de recorrência. E quando os resultados positivos assentam em receitas excepcionais, eles não são repetíveis. E isto destrói os resultados do futebol do Benfica. A mim não me diz nada ter um semestre positivo ou um semestre negativo. É preciso ir mais a fundo e perceber qual é a origem desse resultado.

Porque, na realidade, poderão haver semestres com resultado negativo que façam mais pelo Benfica do que semestres que mostrem um resultado positivo, que às vezes tapam o sol com a peneira e adiam problemas gravíssimos.

Temos 70 milhões de euros para resolver. Eu sei como resolver esse problema e sem tirar competitividade ao futebol.  Sem tirar orçamento às modalidades e às demais características do clube, incluindo os seus mais de mil colaboradores. Não vamos reduzir 70 milhões de euros a despedir colaboradores. Não vamos reduzir 70 milhões de euros a ser menos competitivos. Pelo contrário, vamos ser mais competitivos.

Mas esse é o primeiro plano que tem de ser posto em ação no Benfica. Isso começa por, desde o primeiro dia, entrará comigo no Benfica o Instituto Kaizen. O Instituto Kaizen trabalhou nas indústrias que tenho e que giro há 10 anos, na organização da estrutura das minhas indústrias que eram altamente deficitárias e passaram a estar afinadinhas. O Benfica precisa disso. O Benfica tem 162 milhões de euros de custos médios numa amostra entre 2017 e 2024. E há, nesses 162 milhões de euros de custos, sensivelmente 20% que se consegue reduzir.

Estimulando os colaboradores, reorganizando os colaboradores muito melhor, criando um espírito de equipa que desapareceu, apontando toda a gente no mesmo objetivo, renegociando uma quantidade de contratos e reorganizando uma série de situações que estão há muito tempo desorganizadas. E, portanto, metade do déficit que nos faz tomar decisões de vender o João Neves no auge da sua carreira, fica resolvido através de uma redução de custos.

E a outra metade?

A outra metade terá sempre enfoque em receitas recorrentes e não receitas extraordinárias. Nós iremos fazê-lo com uma melhor gestão das várias receitas que o Benfica tem: direitos televisivos, match day e merchandising. E temos, relativamente a isso, já publicadas ideias muito concretas para responder ao como o vamos fazer. Eu demoraria, se calhar, uma hora a explicar-lhe tudo [risos]. Agora, em cima disso, trazemos uma ideia que irá potenciar as receitas do Benfica de uma forma que nunca foi feita.

No início da sua campanha falou-se muito da tal questão dos quatro euros... 

Anunciaram que eu tinha dito que se cada benfiqiuista desse quatro por mês, o Benfica tinha 500 milhões por ano para investir, ao estilo Operação Coração, mas não foi nada disso que eu disse. O Benfica tem 20 milhões de adeptos vitalícios no mundo. Não são adeptos este ano porque o Manchester City ganhou a Champions na China e para o ano já são de outra equipa. Não, são adeptos que nasceram do Benfica e que morrem do Benfica. E esta gente está espalhada pelo mundo e o clube nunca se preocupou em permitir a estes adeptos viver o Benfica mais de perto, nem em criar uma oferta para estes adeptos que lhes permita uma coisa que a nós nos dá muita satisfação que é gastar dinheiro com o Benfica. Comprar o cachecol do Benfica, comprar a camisola do Benfica, comprar um bilhete para ir ao estádio ver o Benfica, pagar a assinatura da televisão para poder ver em casa os jogos do Benfica.

Nós temos esta oferta, esta capacidade de gastar dinheiro com o clube do nosso coração, mas muitos adeptos espalhados pelo mundo não têm essa atenção do clube. E, portanto, é uma oportunidade para os adeptos que estão mais distantes viverem o clube de perto e é uma oportunidade para o Benfica potenciar as receitas monetizando essa paixão.

Em Angola e em Moçambique vamos abrir dois estádios, Maputo e Luanda, respetivamente, onde em parceria com um conjunto de empresas locais iremos transmitir os jogos do Benfica e iremos associar a esses eventos o cartão de sócio do Benfica moçambicano ou cartão de sócio do Benfica angolano e que terá, obviamente, características específicas para estes mercados.

Para além disso, temos um conjunto de parcerias com empresas locais que irão permitir, logisticamente, rentabilizar esta operação de transmissão dos jogos e criar esta Fun Zones muito à medida do que é feito nos Mundiais e nos Europeus. Com isso, vitalizar, e de que maneira, a marca Benfica em dois países que têm mais de quatro milhões de benfiquistas, como é o caso de Angola e de Moçambique. Daí, contamos, de uma forma conservadora, vir a arrecadar ao fim do segundo ano 15 milhões de euros de cada um desses países. Falamos, assim, de 30 milhões de euros.

Além da redução de custos que faremos com o Kaizen, com essas medidas, ao fim de dois anos temos as contas praticamente equilibradas. Mas vamos fazer mais. O Benfica Global pretende olhar para as comunidades benfiquistas que estão concentradas em cidades onde existem mais de 100 mil benfiquistas. No Canadá, Montreal e Toronto. Nos Estados Unidos, Newark e Boston. Na Suíça,  Genève e Zurique. E, em França, obviamente, Paris. Ainda há o Luxemburgo, mas vamos considerar isso como parte da Suíça. Vamos abrir escritórios de representação no Canadá, nos Estados Unidos, e um na Europa, entre França e a Suíça. E iremos, juntamente com as casas do Benfica locais, estudar e recolher dados destas comunidades de benfiquistas. Lembro que são cidades onde existem mais de 100 mil benfiquistas. Em Paris, existe um milhão de benfiquistas.

As casas do Benfica não têm estes dados trabalhados, mas o Benfica vai, de uma forma profissional, num sistema CRM, recolher todos estes dados e tomar consciência de quem é que são estes benfiquistas e quais as suas características. E vamos, associados às casas do Benfica, fazer uma coisa que muitas casas do Benfica já fazem no nosso país, que é abrir escolas de formação, seja de futebol, seja, eventualmente, de outra modalidade. Mas vamos focar, mais do que tudo, no futebol.

Isso fará com que a marca Benfica ganhe outra dimensão? 

Isto são operações que podem ser muito rentáveis. Irão globalizar, de outra forma, a marca Benfica. Irão trazer outro sentido às casas do Benfica destes países e irão permitir ao clube agregar, à volta destas operações de formação, o universo de benfiquistas que ali vivem. Isto será um primeiro passo de uma operação que não se esgota aqui. Gostava de trazer para cima da mesa um exemplo que vem da bíblia do Benfica, de um livro editado em 2009, e que fala do que aconteceu em Braga depois do bicampeonato europeu do Benfica.

O Benfica tinha tantos adeptos no norte do país que sentiu a necessidade de abrir um clube filial em Braga, que se chamou Estrela Vermelha. Este clube existiu durante uma série de tempo e ainda hoje existem muitos benfiquistas na zona de Braga por causa do impacto de abrir esse clube filial do Benfica.  Obviamente, nos anos 60, não era viável para quem vivesse em Braga vir a Lisboa ver o jogo e voltar para casa. É uma operação que pode ser feita nestas cidades que eu mencionei.

Olhamos para Zurique e Geneve como a primeira provável operação que iremos fazer dentro desta lógica. E em potência, depois de estudados os dados e avançar com a operação de formação, que é essencial para aglutinar à volta as famílias dos atletas que virão para a formação, Lançar, num modelo de negócio a definir para cada zona. A participação do Benfica, que tem de ser sempre maioritária em qualquer sociedade anónima desportiva, estatutariamente está assim definido, um clube correspondente que possa ser, por exemplo, o Benfica de Geneve. Onde entendemos que, a partir do momento que o vamos lançar, é porque já temos a certeza que vamos ter uma adesão massiva de 30 ou 40 mil benfiquistas que terão disponibilidade e vontade de se afiliarem nesse clube e de serem sócios desse clube. Obviamente, com esse volume de associados, terá muitas condições para progredir desportivamente e se tornar um caso de sucesso.

Tudo isto está para fazer, tudo isto eu irei fazer, tudo isto, ao ser eleito pelos sócios, estarei mandatado para fazer, passo a passo, sem aventurismos, mas a capitalizar todo o valor que tem. Temos 20 milhões de adeptos vitalícios do Benfica espalhados pelo mundo que não podem nem viver o Benfica, nem monetizam a sua paixão a favor do clube.

Nesse seu projeto para encontrar a saúde financeira do Benfica, consegue garantir que vai conseguir manter os melhores jogadores no plantel?

As coisas fazem-se por uma ordem. Como dizem os ingleses: first things first. Uma vez conseguido este equilíbrio financeiro, que não é algo que possa ser muito demorado. As coisas, quando são para fazer, são para fazer. Portanto, nós em dois anos, pretendemos estar consistentemente no verde com receitas recorrentes. Note-se que há aqui uma grande ameaça às receitas do Benfica, que se chamam direitos televisivos das duas épocas que falta contratualizar antes da centralização, e o método que virá a ficar fechado para a centralização dos direitos. Mas já lá iremos.

Agora, com o equilíbrio de contas e com a forma como temos organizado a proposta para o futebol, com a introdução de algo que não existe, que é um diretor-geral para o futebol, alguém de proa do futebol europeu, e que virá a coordenar o futebol do Benfica em prol da equipa principal, de uma forma totalmente diferente daquilo que neste momento é a realidade do Benfica. Não só iremos conseguir reter esse talento, como efetivamente o principal objetivo é que ao fim dos meus dois mandatos, ao fim dos oito anos, o Benfica deixe de ser um entreposto de venda de jogadores e passa a ser um clube até comprador de jogadores.

Esse é o objetivo final: trazer o Benfica para um nível de competitividade diferente daquele onde está agora, reter o talento da nossa formação, que é uma formação - louve-se os presidentes que conseguiram fazer isso -, é uma conhecida e reconhecida no mundo inteiro, mas então agora temos de dar o passo seguinte. Saber reter esse talento, e saber reter esse talento para ir buscar títulos para o Benfica, e não para aclimatar prejuízos financeiros.

Falou em alguém para o Conselho Futebol do Benfica e noutra pessoa também para a mesa da Assembleia. Qual o seu plano para a estrutura do clube? 

Nós vamos ter oito vice-presidentes do clube. Está previsto nos estatutos que poderão ser seis a oito, mas eu vou contar com os oito. É mais despesa para o clube, que como sabem passaram a ser remunerados, mas é mais competência para o clube, e portanto estão pagos no primeiro dia do mês. O clube é uma operação complexa, precisa de um conjunto de especialidades que não consegue estar concentrada em menos do que estas pessoas. 

Além disso, no Conselho Fiscal já anunciámos o Dr. Carlos Moura, que também é presidente da AHRESP, e na mesa da Assembleia Geral, para a presidência o Dr. Pedro Ferreira Malaquias. Portanto, também iremos anunciar os outros membros desses órgãos sociais, ao longo destes próximos dois meses. Temos toda a equipa praticamente fechada. Aliás a equipa e estes órgãos já trabalham diariamente, como se trabalhassem no Benfica, portanto no primeiro dia estarão aptos a terem um dia normal. Ou seja, é continuar a fazer aquilo que já estamos a fazer ao longo destes dois meses, antes das eleições.

Algum nome que possa adiantar? Ou até mesmo para diretor do futebol, que falou que tinha de ser alguém com o perfil identificado? Já tem algum contato feito? 

Já referi que tenho identificado as duas pessoas com o perfil certo que quero para ocupar essa posição. Já tenho conversas avançadas com duas pessoas que preenchem esse perfil. Gostava muito de poder até ao fim deste mês, anunciar essa pessoa. Estou a fazer tudo para vir a estar em condições de o fazer nesses timings.

Relativamente aos outros membros da direção, temos aqui uma estratégia de comunicação definida pelo meu diretor de campanha, uma pessoa com muita experiência, o Dr. João Malha. Vamos manter-nos fiéis a esse plano, e vou pedir-vos paciência para que na altura certa tomem conhecimento de quem é que são os nomes. 

Nós vamos anunciar quem é que é o vice-presidente que fica com uma determinada pasta, e vamos transformar o eixo programático, que já está publicado há mais de um mês e que explica o como das medidas, em imenso detalhe, porque será esse vice-presidente que passará a estar responsável por essa pasta. Estes módulos têm uma ordem. 

Olhando para passado mais recente do Benfica, que avaliação faz da presidência de Rui Costa? Que balanço faz do seu mandato?

O balanço que eu faço é factual. O balanço que eu faço qualquer sócio consegue apreciar. Ou seja, não vou fazer qualquer juízo de valores sobre o seu benfiquismo, mas faço uma análise pragmática dos resultados, e a isso atribuo um determinado nível de competência, ou de falta de competência. Desde que existe o campeonato nacional de futebol, esta é a pior década de resultados desportivos que existe do Benfica. Um título em cinco anos, numa década, vamos a meio da década. Não há pior, só há igualmente mal. Isto fala por si. 

Há um retrocesso factual financeiro e há um retrocesso organizacional. Há um retrocesso motivacional, dos mais de mil colaboradores que trabalham no Benfica. Há instabilidade de equipa. Vamos olhar para os órgãos sociais que foram propostos pelo atual presidente do Benfica. Já houve 17 demissões e substituições. É muita gente. Tal qual como na equipa de futebol, também o plantel da direção precisa de estabilidade, porque é isso que traz resultados. Eu tenho de usar eufemismos, porque estou a falar da direção do Benfica e não consigo desligar desse facto. Eu faço uma apreciação medíocre daquilo que tem sido a presidência de Rui Costa.

Leia AQUI a segunda parte da entrevista de Martim Mayer ao Desporto ao Minuto

Nas próximas semanas, o Desporto ao Minuto vai publicar as entrevistas feitas aos candidatos à presidência do Benfica. Até ao momento, João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho foram os primeiros a responder às nossas perguntas.

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