Trump e Musk são "fenómeno interessante" assente na lógica de poder

A professora do Instituto para a Ética na Inteligência Artificial em Oxford Carissa Véliz classifica, em entrevista à Lusa, a 'parceria' de Trump e Elon Musk de "fenómeno muito interessante" que segue a lógica das relações de poder.

WASHINGTON, DC - MARCH 11: U.S. President Donald Trump and White House Senior Advisor, Tesla and SpaceX CEO Elon Musk depart after looking at Tesla vehicles on the South Lawn of the White House on March 11, 2025 in Washington, DC. Trump spoke out against

© Getty Images

Lusa
23/03/2025 22:30 ‧ 23/03/2025 por Lusa

Tech

Inteligência Artificial

O dono da rede social X, da Tesla e da SpaceX foi nomeado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), responsável pelo corte na despesa pública.

 

Questionada sobre a relação entre Trump e o multimilionário ligado às tecnologias, a filósofa e professora na Universidade de Oxford classifica de "um fenómeno muito interessante".

"Podíamos vê-lo a chegar ao longe, mas acho que poucas pessoas pensaram que chegaria tão longe", prossegue Carissa Véliz, que é uma das oradoras do TEDxPorto 2025, que decorre no Porto em 29 de março sob o mote "A Grande Questão", onde vai abordar o papel da privacidade e da ética na era digital.

No entanto, esta 'parceria' "segue a lógica das relações de poder que descrevo no meu livro Privacy is Power [Privacidade é Poder], em que, quando alguém iliberal chega ao poder, a primeira coisa que faz é buscar dados pessoais".

O objetivo disso é "tentar garantir acesso ao máximo possível de dados pessoais e aos tipos mais sensíveis de dados pessoais e é exatamente isso que estamos a ver com Elon Musk", sublinha a académica, que foi distinguida com o prémio Herbert A. Simon em 2021 pelo contributo na interseção entre computação e filosofia.

Isso "é um motivo de grande preocupação", admite a especialista que integra o grupo de líderes especialistas Women4Ethical AI da Unesco.

Sobre o papel da Europa, "temos que ter muito cuidado ao enquadrar exatamente de que corrida estamos a falar aqui", adverte.

No espaço europeu, "estamos a jogar um jogo de proteção de direitos e esse é um caminho muito diferente do que a China e os Estados Unidos estão interessados agora".

Contudo, "é claro que, para a Europa ter sucesso na proteção de direitos, temos que estar à altura da ocasião" e isso "não é um desafio fácil", admite a académica.

"Precisamos estar seguros de rivais poderosos que não partilham necessariamente os nossos valores e temos que ser mais inovadores quando se trata de tecnologia", remata.

Leia Também: "Temos mais poder do que as tecnológicas gostariam"

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