China censura referências ao ciberataque à polícia de Shanghai
Censores chineses estão a eliminar notícias sobre o alegado ataque informático a um banco de dados da polícia de Shanghai, que contém informações privadas de mais de mil milhões de pessoas.
© Reuters
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A confirmar-se, esta seria uma das maiores fugas de informação privada de todos os tempos.
Uma busca na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China, pelas palavras-chave "vazamento de dados", "ataque a banco de dados de segurança nacional de Shanghai" e "vazamento dos registos de mil milhões de cidadãos", que acumularam nos últimos dias milhões de visualizações e comentários, dá agora como resultado o aviso que, "de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes", este tópico não está disponível - uma mensagem de erro comum para conteúdo excluído pelos censores.
O mesmo acontece no Baidu, o principal motor de busca do país.
Um suposto pirata informático revelou parte dos dados obtidos, num fórum dedicado a crimes cibernéticos, no final do mês passado, alegando que o arquivo completo contém vários terabytes de detalhes, incluindo nomes, endereços, identidades, números de telefone e antecedentes criminais de mais de mil milhões de chineses.
O incidente gerou alvoroço nas redes sociais chinesas, até que as informações começaram na segunda-feira a ser eliminadas.
Identificando-se com o pseudónimo ChinaDan, o 'hacker' enviou uma amostra dos dados obtidos para o fórum e propôs vender todo o material que afirmou ter pirateado por 10 bitcoins, ou cerca de 195.000 euros, de acordo com cotação atual.
As amostras contêm o contacto, endereço, nome, número de identificação nacional, altura, género e antecedentes criminais de vários cidadãos chineses.
O jornal norte-americano Wall Street Journal confirmou a veracidade das amostras, após ter contactado várias das pessoas na lista. Também o The New York Times afirmou ter confirmado alguns dos dados incluídos na amostra.
As autoridades chinesas não comentaram, até à data, o suposto vazamento de dados.
O pirata informático disse que as informações roubadas foram recuperadas de um serviço de nuvem privada, fornecido pelo grupo chinês de tecnologia Alibaba.
"É difícil confirmar a veracidade, mas posso confirmar que o arquivo existe. Se a fonte for o Ministério da Segurança Pública [chinês], isto seria mau por vários motivos. O mais óbvio é que constaria entre as maiores falhas [de cibersegurança] de sempre", explicou Kendra Schaefer, analista de dados e de tecnologia da consultora Trivium China, na rede social Twitter.
A venda de dados pessoais dos cidadãos era frequente na Internet chinesa, mas a Administração do Ciberespaço conseguiu em grande parte eliminar esse tipo de atividade, nos últimos anos, criando algumas das leis mais rígidas do mundo de proteção de dados.
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