China diz que não se fechará ao mundo por autossuficiência tecnológica
Pequim, 30 out 2020 (Lusa) - A China garantiu que não se vai fechar ao mundo, ao priorizar o mercado interno, a melhoria da qualidade da produção e a autossuficiência tecnológica, objetivos delineados por Pequim para os próximos cinco anos.
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"Não vamos fechar a porta ao mundo, antes pelo contrário", disse o Ministro da Ciência e Tecnologia chinês, Wang Zhigang, na conferência de imprensa, sobre o novo plano quinquenal (2021-2025), delineado durante a quinta sessão plenária do 19º Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC).
"A China precisa cada vez mais do mundo e de melhorar a sua tecnologia", acrescentou.
Wang considerou que a dissociação entre China e Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo, "não é boa para ninguém" e afirmou que "não importa as mudanças que ocorram no mundo", o país asiático "vai continuar com a sua política de abertura".
O ministro lembrou que, apesar do aumento das tensões, nos últimos meses, entre China e Estados Unidos, no terceiro trimestre de 2020, as trocas comerciais cresceram 16%, em relação ao mesmo período do ano passado.
"Aprofundar a reforma e a abertura continua a ser a opção chave e inevitável para o desenvolvimento. O dinamismo vai libertar todo o potencial da economia chinesa", sublinhou o ministro.
A pressão do Governo norte-americano sobre as empresas para boicotarem entidades chinesas específicas tornou-se num esforço concertado para forçar fornecedores e países terceiros a aderirem a um bloqueio à tecnologia chinesa.
No espaço de pouco mais de um ano, Washington reviu por três vezes as suas regras de controlo sobre as exportações para o grupo chinês das telecomunicações Huawei, afetando fornecedores da empresa chinesa em todo o mundo.
Nos últimos dois anos, a administração de Donald Trump colocou outras 70 empresas chinesas na Lista de Entidades do Departamento de Comércio, limitando o seu acesso a tecnologia norte-americana.
Vários líderes do Comité Central do PCC, que participaram na conferência de imprensa, consideraram que a inovação e a autossuficiência tecnológica são questões "cruciais" para a China.
"Precisamos de soluções tecnológicas mais do que nunca, temos que nos concentrar nesse avanço", frisou.
O ministro considerou "importante fazer isto enquanto procuramos a dupla circulação", o novo conceito de desenvolvimento proposto pela China, para os próximos cinco anos, com foco na expansão da procura interna.
As autoridades chinesas querem "fazer da China o lugar de eleição de talentos, empresas e especialistas de todo o mundo".
Han Wenxiu, vice-diretor da Comissão de Assuntos Económicos e Financeiros do Comité Central, destacou que o peso das exportações e importações na economia chinesa caiu de 60% para 30%, entre 2007 e 2019, assim como o superavit comercial.
"A economia já está baseada na procura interna. A circulação doméstica é o objetivo principal e vai ser reforçada com a circulação externa", disse, destacando que todos os entraves ao consumo devem ser removidos e a distribuição dos vencimentos melhorada.
"O grande mercado chinês vai melhorar a nossa economia e dar a outros países muitas oportunidades", disse.
O plano quinquenal proposto pelo Comité Central é submetido à Assembleia Popular Nacional (APN), para aprovação, em março próximo.
"Reforma, abertura e inovação são as três principais chaves para alcançar a nossa meta de 2025", enfatizou Han.
Os líderes comunistas reconheceram, porém, que a China enfrenta "riscos e desafios", tanto internacional quanto internamente, incluindo o "unilateralismo, o protecionismo e os golpes contra a globalização".
No plano interno, destacaram "desequilíbrios e insuficiências no desenvolvimento" e problemas relacionados com "instituições e mecanismos".
"Existem pontos fracos que precisam ser melhorados e precisamos de enfrentar todos os desafios com ênfase na segurança", disse Ning Jizhe, vice-presidente da Comissão para o Desenvolvimento Nacional e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico do país.
Ning evitou especificar se o Governo chinês vai definir uma meta de crescimento económico para os próximos cinco anos, como fez até 2020.
O Comité dedicou especial atenção à correção das "desigualdades de desenvolvimento" e à crescente disparidade de renda entre as regiões do país e os seus habitantes, nos próximos cinco anos.
"A principal contradição é o desequilíbrio no desenvolvimento. Estamos num momento crítico, quando passamos de um país de renda média, para um de alta renda, com o nosso Produto Interno Bruto (PIB) a ultrapassar os 100 biliões de yuan (12,72 biliões de euros)", disse Han.
A tradição dos planos quinquenais na China remonta aos primórdios do maoísmo, durante o período de influência soviética, na década de 1950.
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