Segundo o South China Morning Post (SCMP), entre os perfis suspensos consta Yu Jianrong, um investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais que tem mais de sete milhões de seguidores e é visto como defensor de "políticas liberais".
A conta de Yu vai estar inacessível durante os próximos 90 dias.
"É muito estranho: não sei qual dos meus comentários violou os regulamentos", disse, citado pelo SCMP.
O académico acrescentou que, nos últimos dois anos, se absteve de publicar qualquer mensagem política na sua conta.
Para o Weibo, "informação política prejudicial" não se refere apenas a conteúdo que viole as leis ou a Constituição da China, mas também a rumores ou "informações adversas", suscetíveis de minar os "valores da sociedade".
"São temas quotidianos sobre arte. Não houve qualquer" informação política, garantiu o especialista.
Yu ganhou notoriedade nas redes sociais chinesas em 2011, quando os regulamentos eram menos restritos, através da publicação de uma série de fotografias de crianças a mendigar, visando reuni-los com os seus pais e promover a doação de livros para as áreas rurais.
Outra das contas "silenciadas" nos próximos 90 dias é a de Wang Xiaolei, ex-repórter da agência noticiosa oficial Xinhua.
Apesar de não publicar mensagens com conteúdo político explicito, o antigo jornalista, que tem meio milhão de seguidores, refere-se muitas vezes à dinastia Tang ou a histórias sobre artes marciais de Jing Song - o pseudónimo da jornalista de Hong Kong Louis Cha -, vistas como uma alusão indireta à atualidade na China.
Estas suspensões fazem parte de uma campanha para "limpar e retificar" a Internet, lançada, no ano passado pela Administração da China do Ciberespaço (CAC), a agência encarregue da censura dos conteúdos 'online'.
Em novembro passado, a agência anunciou a suspensão de 9.800 contas nas redes sociais do país, incluindo no Weibo e WeChat.
O regulador chinês para o ciberespaço considerou ainda que o Weibo "violou as leis e regulamentos do país, ao orientar a opinião pública para a direção errada e exercer má influência".
As autoridades puniram a rede social com a suspensão, por uma semana, de algumas das suas ferramentas, incluindo a lista dos tópicos mais compartilhados, ou um serviço pago para fazer perguntas a celebridades.
A censura imposta por Pequim no ciberespaço resulta no bloqueio de vários portais estrangeiros e alguns serviços de "gigantes" do setor, como o Facebook, Google ou Twitter.
Considerada até há poucos anos o espaço mais livre na China, a Internet tem sido alvo de crescente censura, após a aprovação de uma lei de segurança no ciberespaço, no verão passado.
O Governo ordenou aos responsáveis por conteúdo 'online' que forneçam informação que esteja "ao serviço do socialismo e da orientação correta da opinião pública".
O Weibo tem quase 500 milhões de usuários ativos. O país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, é também o que tem a maior população 'online' - mais de 800 milhões.