As relações próximas os dois chefes de Estado manifestam-se também nas mensagens e telefonemas frequentes trocados em ocasiões marcantes, como os incêndios em Portugal ou a declaração unilateral de independência da Catalunha, no ano passado.

Na sequência desta decisão e da dissolução do parlamento catalão, Marcelo Rebelo de Sousa foi interpelado por uma cidadã espanhola, num mercado nos Açores, que lhe disse: "Senhor Presidente, eu sou espanhola, acho que temos um bocadinho de problemas, não?".

A sua resposta imediata foi: "Eu sei, acabei de falar com o rei, há meia hora".

O Presidente da República adiantou ter transmitido a Felipe VI a "posição muito clara" de Portugal nesta matéria: "É um problema interno da Espanha, a resolver no quadro da Constituição espanhola, no respeito da unidade do Estado espanhol".

"Portanto, isso significa que não há possível reconhecimento de qualquer alegada declaração unilateral de independência da Catalunha", completou, assumindo uma posição coincidente com a do Governo português.

Felipe VI, que foi coroado no dia 19 de junho de 2014, após a abdicação do seu pai, Juan Carlos, assistiu à cerimónia de posse de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, em Lisboa, em 09 de março de 2016.

Oito dias depois, na sua primeira deslocação ao estrangeiro, o novo chefe de Estado português deslocou-se a Madrid, na tarde de 17 de março de 2016, vindo do Vaticano, para um encontro com o rei de Espanha, seguido de um jantar no Palácio Real.

No dia 19 de setembro, Marcelo Rebelo de Sousa e Felipe VI encontraram-se em Nova Iorque, à margem da 71.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), e falaram sobre a candidatura de António Guterres a secretário-geral desta organização, que Espanha apoiou, embora tenha também apoiado as candidaturas da Argentina e da Costa Rica.

Nesta ocasião, o Presidente da República reiterou o seu convite ao rei de Espanha para uma visita de Estado a Portugal, que se concretizaria no final de 2016.

Em 29 outubro, os dois chefes de Estado estiveram juntos em Cartagena das Índias, na Colômbia, na 25.ª Cimeira Ibero-Americana.

Um mês mais tarde, os reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, visitaram Portugal entre 28 e 30 de novembro, com passagens pelo Porto, Guimarães e Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a visita de Estado dos reis espanhóis foi "um sucesso absoluto, politicamente, economicamente, socialmente, pessoalmente", e contribuiu para afirmar "uma dupla na Europa", bem como "no universo iberoamericano".

No início de 2017, Felipe VI deslocou-se a Portugal para as cerimónias fúnebres do antigo Presidente da República Mário Soares e foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no dia 10 de janeiro.

O Presidente da República voltou a estar com o rei de Espanha, em Madrid, para um encontro da associação empresarial Cotec Europa juntamente com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, no dia 10 de fevereiro.

No dia 26 de maio do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa regressou à capital espanhola, para a inauguração da Feira do Livro de Madrid, ao lado dos reis de Espanha.

Em 20 agosto, deslocou-se a Barcelona, a convite de Felipe VI e Letizia, para participar numa missa pela paz e prestar homenagem às vítimas do atentado ocorrido três dias antes nessa cidade, na basílica da Sagrada Família, acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa.

Já este ano, os chefes de Estado de Portugal e de Espanha reencontraram-se em mais um fórum da associação empresarial Cotec Europa, no dia 07 de fevereiro, desta vez na cidade portuguesa de Mafra, em conjunto com o presidente da Itália.

O anterior Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, deslocou-se a Espanha em setembro de 2006, no primeiro ano do seu primeiro mandato, e essa foi a sua primeira visita de Estado.

Por sua vez, Felipe VI e Letizia visitaram o Vaticano em 30 de junho de 2014, na estreia em viagens internacionais como reis de Espanha, seguindo-se uma visita de um dia a Portugal, concentrada em Lisboa, no dia 07 de julho, e depois Marrocos e França, país escolhido para a sua primeira visita de Estado.