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Avante!: "Geringonça" é "mal menor" entre comunistas

Militantes e simpatizantes comunistas ouvidos pela Lusa na 40.ª Festa do "Avante!", Seixal, concordaram esmagadoramente com a posição conjunta que viabilizou o Governo PS, a denominada "geringonça" (com BE e PEV), "mal menor" face aos executivos PSD/CDS-PP.

Avante!: "Geringonça" é "mal menor" entre comunistas
Notícias ao Minuto

15:06 - 03/09/16 por Lusa

Política PCP

Ao comando do grelhador improvisado - duas metades de bidões metálicos, já com "barriguinha" (entremeada) e espetadas a crepitar -, os famalicenses Luís Ribeiro, segurança reformado de 64 anos, e Augusto Faria, metalúrgico aposentado de 61, foram unânimes quanto aos acordos parlamentares batizados ironicamente como 'geringonça' pelo colunista Vasco Pulido Valente.

"Funciona sempre bem. Então, qualquer geringonça, se estiver à minha beira, funciona sempre bem. Agora, vamos ver até quando...", brincou Augusto Faria, fazendo uma comparação entre as brasas do assador e o entendimento do PCP com o PS na Assembleia da República.

Porém, "o PS é que tem de fazer pela vida" e, "ao PCP, cabe o papel de exigir que o Governo do PS governe bem", pois "o PS é que tem de se portar bem", continuou o especialista em grelhados de um dos muitos restaurantes prefabricados do renovado recinto da Amora, "o tasco" da organização regional comunista de Braga.

Segundo Augusto Faria, os anteriores líderes de Governo Passos Coelho e Paulo Portas eram "dois miúdos que estiveram no Governo e nasceram das 'jotas' (juventudes partidárias) do CDS-PP e do PPD/PSD e não sabem nada da vida" e "o que querem é roubar para o cesto do maior, dos que têm milhões".

Para o colega de funções à grelha Luís Ribeiro "o Governo do PS é o Governo melhor que pode existir" até "por aquilo que víamos e que estava, só tem queixas quem não gostar mesmo do sistema", afirmou, atestando "todo o apoio àquilo que o partido (PCP) disse e está assinado" - "enquanto for cumprido", há "certeza absoluta de que tudo estará bem".

A gestora de clientes de uma empresa multinacional Carla Marques, 45 anos, considera que a atual solução governativa "é um mal menor", frisando que o PCP não faz parte do Governo.

"Perante o cenário que estava em cima da mesa, deixaram-nos poucas opções. Embora discordemos de muita coisa, chegou uma altura em que pesou o facto de termos de olhar para o país, no estado em que as coisas estavam, é uma solução que é 'do mal, o menos'... uma situação de recurso", desejando que perdure os quatro anos de legislatura.

A atriz de 34 anos Mafalda Santos também considerou "que era a única alternativa a quatro anos de política desastrosa para o país" e que "o PCP fez o seu papel", devendo "manter esta situação enquanto aquilo em que acredita não seja também destruído e seja cumprido o acordo que foi feito com o PS, o que, até ao momento, de alguma forma, está a ser assegurado".

"Acredito que sim e há gente muito competente e capaz a gerir todo esse processo, acredito que não caia. Temos todos motivos para segurar a geringonça, como eles lhe chamam, que está a pôr o país a produzir mais, a crescer, a economia a melhorar. Torcemos todos, como portuguesa, como militante do PCP, torcemos para que funcione", confiou Mafalda Santos.

Sobre a "caranguejola" - como alcunhou a coligação PSD/CDS-PP o presidente e líder parlamentar do PS, Carlos César -, outra habitual participante no evento político-cultural do PCP, Josefa Correia, operária fabril reformada de 62 anos, prefere igualmente o PS, que "é melhor que a direita", enquanto simula por gestos o degolar ou mesmo um tiro quando questionada sobre o desempenho do presidente do PSD - "como se faz aos coelhos, é um coelho".

Contrariando a tendência geral, Joaquim Sousa, 49 anos e emigrado na Suíça a trabalhar em ar condicionado há 10, declarou que "a situação em Portugal cada vez está pior, com salários mínimos de 500 euros para baixo".

"Sou sincero, sou contra esta coligação. Sou do PCP, mas não concordo porque quem ganhou (eleições legislativas de outubro de 2015) foi o PSD e era quem devia governar. Não concordo com esta coligação com o PS. Acreditava até mais no Governo do PSD do que neste, do PS. O PSD assume o que faz, o PS é: 'sim, talvez, não sei, vamos ver...' O PSD assume o que faz, mal ou bem, assume", concluiu.

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