Parlamento discute hoje eliminação do conceito de violência obstétrica

A Assembleia da República discute hoje se o conceito de violência obstétrica, incluído na lei que "promove os direitos da mulher na gravidez e no parto", deve ser eliminado.

grávida, hospital, Violência obstétrica, gravidez

© ShutterStock

Lusa
11/07/2025 07:10 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

Assembleia da República

A discussão partiu da entrega em junho de um projeto de lei do CDS-PP que sugeriu a revogação da lei aprovada em março a partir de propostas do Bloco de Esquerda e do PAN. Além do projeto do CDS, hoje serão também discutidos e votados projetos de lei do PSD, do PAN e do Livre relacionados com este assunto.

 

No segundo artigo da lei, são considerados como violência obstétrica os atos físicos e verbais exercidos por profissionais de saúde que tenham como base um comportamento desumanizado, abuso de medicalização ou "patologização dos processos naturais, desrespeitando o regime de proteção", desde a preconceção até ao nascimento.

Esta lei permitiu também a criação de um enquadramento legal para a episiotomia [um corte no períneo para ampliar o canal de parto], promovendo a sua erradicação como prática rotineira, tal como recomenda a Organização Mundial de Saúde.

Agora, o CDS-PP propõe que a lei seja revogada, eliminando o conceito de violência obstétrica, por considerar que o mesmo "não está alinhado com os padrões seguidos noutros países da União Europeia". O PSD referiu no respetivo projeto de lei que o atual conceito é "excessivamente lato e indesejavelmente vago".

Por outro lado, o Livre pretende alargar a definição legal de violência obstétrica para que o conceito passe a incluir "todas as formas de abuso físico, verbal, psicológico e emocional, assim como práticas institucionais".

O PAN vai mais longe e sugere que o conceito de violência obstétrica passe também a incluir - além daquilo que foi sugerido pelo Livre - qualquer condicionamento de escolha das mulheres, administração de medicamentos sem informação consentida e perdas de mobilidade e autonomia.

Durante a semana, mais de 20 associações criticaram as propostas do CDS-PP e do PSD e, considerando que a revogação da lei seria um "ato de violência institucional" e seria "proteger práticas desumanas".

Também a Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ) considerou que a revogação da lei sobre os direitos da mulher na gravidez e no parto representaria "um grave retrocesso", mas defendeu que a sua redação deveria ser aperfeiçoada.

Já em abril, a propósito da aprovação desta lei, a Ordem dos Médicos pediu a sua revogação, alegando que a mesma foi mal redigida e que os profissionais de saúde não foram ouvidos para a sua elaboração.

Leia Também: Violência obstétrica: Lei "vaga" ou "mandar abaixo vozes das mulheres"?

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas