"O Governo e o senhor primeiro-ministro e o senhor ministro Miguel Pinto Luz estão, ou parecem estar, a fazer o máximo para vender a TAP pelo preço mínimo e não perceberam que, com sentido de Estado, aquilo que o secretário-geral do PS tem vindo a dizer é que devemos maximizar o esforço de investimento dos portugueses", criticou o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, numa declaração nos passos perdidos do parlamento.
Para o socialista, este maximizar do investimento deve respeitar "as comunidades, o 'hub' em Lisboa e o sentido estratégico que tem para Portugal ter uma companhia aérea".
"O senhor ministro [Pinto Luz] é conhecido por ter vendido, por 10 milhões de euros, 60% da TAP com garantias públicas num Governo que demorou 20 dias a ser derrubado e é conhecido por ter feito isso nessa circunstância com grave e grande prejuízo para Portugal", condenou.
Brilhante Dias criticou ainda as declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que "a TAP não pode ser um poço sem fundo".
"Com sentido de Estado, cabe ao Governo e à República maximizar o dinheiro investido que permitiu proteger a TAP e a sobrevivência da TAP. O Governo comporta-se como um vendedor que degrada o produto que quer vender. Os portugueses não mereciam isto", afirmou.
A aprovação em Conselho de Ministros do decreto-lei foi o primeiro passo para arrancar com a venda da TAP, que vai voltar a ter acionistas privados depois de em 2020 o Governo ter avançado para a nacionalização no âmbito do impacto da pandemia no transporte aéreo.
A reprivatização da transportadora aérea tem estado em cima da mesa desde 2023, mas foi interrompida com a queda dos dois últimos governos PS e PSD.
Originalmente estatal, a TAP foi parcialmente privatizada em 2015, mas o processo foi revertido em 2016 pelo governo de António Costa, que retomou 50% da empresa.
No ano passado, o executivo de Luís Montenegro retomou o tema e manifestou intenção de avançar com a alienação de uma participação minoritária em 2025. Desde então, têm decorrido negociações com grandes grupos europeus como a Air France-KLM, Lufthansa e IAG.
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