Miguel Sousa Tavares defendeu, na noite de quinta-feira, na CNN Portugal, que a privatização de 49,9% da TAP é algo positivo e que o processo sofreu vários "erros" ao longo dos anos, por parte dos governos de Pedro Passos Coelho e António Costa.
"Até hoje estou para perceber porque é que a TAP precisou de 3,2 mil milhões de euros dos contribuintes depois de ser renacionalizada. Ninguém se lembrou de ver quanto é que valia a TAP no mercado? Porque os 3,2 mil milhões de euros é mais do dobro daquilo que a TAP está avaliada. Injetámos dinheiro para perder. É óbvio que os contribuintes nunca mais serão ressarcidos", atirou o comentador.
Para Sousa Tavares, apesar a privatização, "os portugueses ainda vão a pagar pela TAP", uma vez que o Estado e os trabalhadores continuam a deter a maior parte do capital da empresa.
"Dizem que a TAP tem de ter a maior do capital público porque é uma empresa estratégica para Portugal […]. Tudo o que se faz pode ser feito por uma companhia privada. Havendo mercado há serviços, havendo procura há oferta. Agora, o que uma companhia privada provavelmente não fará é estar a custear rotas políticas como, por exemplo, com a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, onde a TAP só perde dinheiro, só se mantém em nome da CPLP. São rotas que estão ao serviço desses países e não de Portugal", atirou.
Processo de privatização da TAP descolou finalmente?
Recorde-se que o Governo anunciou, na quinta-feira, 10 de julho, que deu o pontapé de saída para a reprivatização da TAP.
O decreto-lei foi aprovado pelo Executivo e ainda terá de ser promulgado pelo Presidente da República, sendo que o objetivo é levar o caderno de encargos a Conselho de Ministros dentro de 15 dias e o processo concluído dentro de um ano, embora o calendário esteja dependente de aprovações regulatórias.
O Governo assegurou que o objetivo da privatização de 49,9% da companhia aérea portuguesa passa, por entre outras coisas, "recuperar o investimento público".
"Recuperar o investimento público, melhorar o serviço aos passageiros e garantir que a TAP continua a crescer com sede em Portugal", assegurou o Executivo de Luís Montenegro, enumerando uma série de benefícios desta decisão para os "portugueses", como "melhorar o serviço para os passageiros".
Quem não concorda com a decisão é o PCP, Livre, BE e PAN, que classificaram o arranque do processo de reprivatização da TAP como "uma opção errada", questionando "a pressa" do Governo.
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