Chega vence em Elvas por falta de respostas dos governos em várias áreas

A carência de respostas na saúde ou transportes e problemas relacionados com a imigração e segurança são fatores apontados em Elvas, distrito de Portalegre, para justificar a vitória do Chega neste concelho, nas legislativas de domingo.

Notícia

© MIGUEL RIOPA/AFP via Getty Images

Lusa
19/05/2025 17:59 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

Legislativas

Na freguesia rural de Santa Eulália, João Carmo, cliente de um café local, admitiu hoje à agência Lusa que já esperava uma vitória do Chega, porque o partido "tem sido a voz daquilo que o povo pensa" em relação a vários temas, como a segurança ou a imigração.

 

Elvas foi o concelho onde o Chega obteve a sua percentagem mais elevada a nível nacional no domingo: 43,51%, correspondente a 4.795 votos, num universo de 11.020 votantes.

O presidente da Associação Empresarial de Elvas, Rui Nabeiro, considerou à Lusa ter-se tratado de "um voto de descontentamento" por parte da população, por falta de respostas aos problemas locais.

"Eu penso que seja um voto, principalmente, de descontentamento da própria população aos partidos que já existem há muitos anos e que, efetivamente, não oferecem soluções diferentes e adaptadas", disse.

No caso do Chega, os melhores resultados percentuais por freguesia nas legislativas de domingo foram obtidos em autarquias do distrito de Portalegre, enquanto a AD -- Coligação PSD/CDS-PP e o PS obtiveram os seus em Vila Real.

No concelho de Elvas, o Chega foi o partido mais votado nas sete freguesias, mas foi nas de São Vicente e Ventosa (com 53,3% dos votos) e de Santa Eulália (52,29%) que granjeou as percentagens mais expressivas.

Em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de São Vicente e Ventosa, João Charruadas, eleito pelo PS, disse que este resultado é uma prova de que "as pessoas estão revoltadas" com as políticas desenvolvidas pelos sucessivos governos.

"Esta votação deve-se às políticas do bipartidarismo, PS e PSD. As pessoas sentem-se revoltadas com o descontrolo que houve na imigração, com a falta de médicos, a falta de transportes. Julgo que são estas as insatisfações das pessoas", lamentou o autarca.

Também o cabeça de lista do Chega à Câmara de Elvas nas eleições autárquicas deste ano, José Eurico Malhado, interpreta a vitória do partido em todas as freguesias do concelho considerando que "as pessoas estão chateadas" com as políticas desenvolvidas nos últimos anos.

"O descontentamento é transversal, é um todo, é transversal à saúde, à educação, à segurança, porque se vive no país inteiro", argumentou.

E Elvas, acrescentou, "é um concelho com uma certa limitação a nível industrial, com muitas pessoas idosas, em que não há um acompanhamento" da população.

A Lusa contactou hoje três investigadores e professores do ensino superior no Alentejo, na área da Sociologia, mas todos se escusaram a comentar os resultados eleitorais de domingo do Chega no distrito de Portalegre.

Nestas legislativas, o partido foi o mais votado, pela primeira vez, no círculo de Portalegre - com 17.220 votos (29,90%) - aquele que menos deputados elege no país, apenas dois. Conquistou um mandato e o PS ficou com o outro.

O partido de André Ventura venceu em sete dos 15 concelhos do distrito (Monforte, Campo Maior, Alter do Chão, Elvas, Sousel, Fronteira e Ponte de Sor).

A seguir, ficou o PS, com 16.125 votos (28%) e a conquista dos concelhos de Avis, Gavião, Crato e Nisa, enquanto na terceira posição deste 'pódio' ficou a coligação AD (PSD/CDS-PP), com 15.458 votos (26,84%).

Nas legislativas de 2024, o PS tinha sido o partido mais votado em 14 dos 15 concelhos de Portalegre, tendo Elvas já na altura sido conquistada pelo Chega, que também registou nesse município a melhor votação a nível distrital.

Agora, o Chega elegeu para a Assembleia da República o gestor João Lopes Aleixo, enquanto o PS elegeu o jurista Luis Moreira Testa, num distrito onde a coligação PSD/CDS-PP, que candidatou Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, ficou em terceiro lugar, com 15.458 votos (26,84%), mas sem deputado.

Aliás, este foi o único círculo eleitoral do país onde a AD não elegeu, ainda que tenha conseguido ser a força política mais votada em quatro concelhos: Marvão, Arronches, Portalegre e Castelo de Vide.

De acordo com os dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, votaram no distrito 57.596 eleitores dos 92.532 inscritos, ou seja, houve uma votação de 62,24% e uma abstenção de 37,76%.

Leia Também: PS perdeu mais de 400 mil votos e Chega conseguiu mais 175 mil

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas