A ida às urnas resultou não só no reforço da Direita na Assembleia da República, como também no alargamento do espetro - com o Parlamento a ficar representado por dez partidos, um número recorde.
Já em 2019, o mesmo número de partidos ocupou as bancadas parlamentares - mas, agora, o Parlamento dá as boas-vindas a um novo partido: o Juntos pelo Povo (JPP).
Mas que partido é este?
O JPP já tinha sido 'posto' à prova há alguns meses, quando, no passado março, destronou o Partido Socialista e se tornou o partido da oposição na Região Autónoma da Madeira.
Agora, e vindo da Madeira, o JPP entra na Assembleia da República, com o deputado Filipe Sousa, um dos fundadores do partido.
Corria o ano de 2008 quando nasceu no concelho madeirense de Santa Cruz, o grupo de eleitores designado Pelo Povo de Gaula. No ano seguinte, o grupo passou a designar-se movimento de cidadãos Juntos Pelo Povo. Em 2013, o JPP ganhou a Câmara de Santa Cruz, afastando o Partido Social Democrata da liderança autárquica que detinha desde 1976 e, dois anos depois, em 2015, torna-se um partido político.
O deputado eleito no domingo é um dos fundadores deste partido, juntamente com o irmão, Élvio Sousa, secretário-geral do JPP, com quem o Notícias ao Minuto falou a poucos dias das eleições.
O JPP torna-se assim o primeiro partido com sede fora de Lisboa a eleger um deputado para o parlamento português.
Sediado na Madeira, o JPP concorreu em 10 círculos eleitorais - Coimbra, Braga, Faro, Setúbal, Porto, Lisboa, Açores, Madeira, Europa e Fora da Europa -, mas era na região autónoma que a probabilidade de eleição era maior.
Já quanto às reações, o secretário-geral considerou que este era "um momento marcante, histórico, que vai delinear a extensão territorial do JPP a nível nacional, mas sem dúvida é o momento e mérito próprio deste movimento que se tornou partido e de todos os cidadãos que confiaram em nós."
"Hoje é um momento histórico também porque mostra que o mérito do partido Juntos Pelo Povo não foi ter uma referência em Lisboa ou no Porto, foi ter uma referência na Região Autónoma da Madeira", considerou.
JPP já tinha tentado um lugar no Parlamento
Apesar de se ir estrear no Parlamento nacional, não é, no entanto, a primeira vez que vem a votos com os olhos postos no continente. Em 2015, ano em que concorreu pela primeira vez em eleições legislativas nacionais, com listas por 14 círculos, obteve um total de 14.275 votos (0,26%), dos quais 8.670 na Madeira.
Já nas Legislativas de 2019, o partido registou 10.552 votos (0,21%) num total de 10 círculos, dos quais 7.125 na região autónoma, situação que praticamente se repetiu nas legislativas de 2022, em que concorreu em seis círculos, com um total de 10.786 votos (0,20%), sendo 8.722 na Madeira.
Em 10 de março de 2024, o Juntos Pelo Povo avançou em 10 círculos e obteve o melhor resultado de sempre em eleições nacionais, com 19.145 votos (0,31%), dos quais 14.344 na Região Autónoma da Madeira, cuja lista era encabeçada por Filipe Sousa.
Filipe Sousa é presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz desde 2013, mas suspendeu a função em 7 de abril para encabeçar a lista às legislativas.
Vêm deputados da Madeira... e críticas também
Na distribuição de representantes madeirenses no parlamento nacional mantêm-se os três mandatos da coligação PSD/CDS. O Chega mantém o seu eleito, enquanto o PS perde um dos seus dois deputados.
Já no domingo, o presidente do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, destacou que a AD coligação PSD-CDS/PP alcançou uma vitória "contundente e indiscutível" na região e que o Partido Socialista "pagou muito caro" a queda do Governo.
Albuquerque agradeceu a participação da população madeirense neste ato eleitoral, considerando que "ao contrário das expectativas e ao facto de termos eleições de forma recorrente nos últimos anos houve uma participação significativa importante da população" que participou neste ato cívico de "continuar a participar massivamente" os sufrágios.
Para o governante insular, "o PS pagou muito caro a irresponsabilidade de derrubar o Governo" e, acrescentou, "sendo um partido da formação do sistema democrático tem que aprender com esta lição".
Também defendeu ser necessário "criar condições de estabilidade", adiantando que "isso passa por acordos pontuais para a aprovação do Programa do Governo e do Orçamento".
"Não é desejável para o país", face ao cenário económico, a atual situação política internacional e aos desafios necessários de crescimento económico, "continuar a brincar aos partidos políticos e às eleições todos os anos".
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