Numa noite eleitoral em que o partido só respirou de alívio após a contagem dos últimos votos, o PAN garantiu a manutenção da sua representação parlamentar por, pelo menos, mais uma legislatura. Ainda assim, Inês de Sousa Real reconheceu que o resultado ficou "aquém das expectativas", uma vez que não foi cumprido o objetivo de eleger um grupo parlamentar.
"Como porta-voz do PAN e como deputada única, tenho a consciência de que este não é o resultado que nós gostaríamos de ter tido. Gostaríamos de ter elegido um grupo parlamentar. Seria importante que não estivesse sozinha no parlamento", afirmou a dirigente, que ocupa o único lugar do partido na Assembleia da República desde 2022.
A nível nacional, o PAN obteve 1,36% dos votos (80.850), contra os 1,95% registados em 2024 - uma perda de cerca de 37,7 mil votos -, sendo o pior resultado desde que passou a ter representação parlamentar. Apenas nas legislativas de 2011, em que se estreou com 1,04% dos votos, teve uma votação mais baixa.
Apesar de manter o mandato por Lisboa, como em todas as eleições desde 2015, o partido caiu também neste círculo: de 32,8 mil votos (2,49%) em 2024 para 23,3 mil (1,84%) este ano.
A noite eleitoral decorreu em clima de silêncio e apreensão no Hotel Lux Lisboa Park, onde algumas dezenas de militantes e apoiantes acompanharam a contagem e o alívio só chegou a dois minutos da meia-noite, com a confirmação da eleição de Sousa Real após o apuramento dos votos na freguesia das Avenidas Novas, Lisboa, a última a ser contabilizada.
Inês de Sousa Real foi a última deputada a ser eleita pelo maior círculo eleitoral do país, Lisboa, impedindo a CDU de eleger o seu segundo deputado ou o PS o seu 13.º. Os 23.369 votos no PAN em Lisboa (28% do total nacional do partido) deram uma vantagem, na contabilidade por método de Hondt (a equação que calcula a atribuição de mandatos), de 178 votos sobre o PS e 654 votos sobre a CDU.
No discurso que encerrou a noite, a líder do PAN mostrou-se disponível para dialogar com a AD, que venceu as eleições, mas avisou que não abdica das causas do partido. Admitiu ainda que a queda acentuada no número de votos exige reflexão interna sobre falhas na transmissão da mensagem do partido.
Ainda assim, a líder do PAN insistiu - como já tinha feito quando o partido perdeu a sua representação parlamentar na Madeira - que o principal responsável pela descida no número de votos é o voto útil e os curtos ciclos políticos.
O Pessoas-Animais-Natureza estreou-se em legislativas em 2011 com 1,04% dos votos. Elegeu pela primeira vez em 2015, com André Silva por Lisboa e alcançou o seu melhor resultado em 2019, elegendo quatro deputados pelos círculos de Lisboa, Porto e Setúbal. Em 2022, caiu para 1,58% e voltou a ter apenas uma deputada. Em 2024, subiu para 1,95%, mas voltou a eleger apenas Inês de Sousa Real.
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