Com 99,23% dos votos contados, a IL teve cerca de 330 mil votos nestas eleições legislativas - mais 11 mil do que em 2024, correspondendo a 5,53% - obtendo um grupo parlamentar de nove deputados, mais um do que tinha até ao momento. Este foi assim o melhor resultado da IL em legislativas, ainda que inferior ao que o partido alcançou nas europeias de maio de 2024.
O crescimento eleitoral do partido foi transversal a todo o país: a IL aumentou a votação em 17 dos 20 círculos eleitorais do território nacional, só se tendo verificado uma diminuição na Madeira, Beja e Faro. Apesar disso, não conseguiu alcançar a eleição em nenhum novo distrito, tendo obtido mandatos precisamente nos mesmos círculos eleitorais do que em 2024: Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Setúbal.
Apesar de o partido ter batido um recorde na sua história, o ambiente que se viveu no Palácio Xabregas, em Lisboa, onde decorreu a noite eleitoral do partido, foi sobretudo agridoce, com os membros da IL a reagirem com silêncio e alguma apreensão às primeiras projeções televisivas.
Ainda que, durante toda a campanha eleitoral, Rui Rocha nunca tenha querido estabelecer qualquer meta eleitoral fixa -- só disse que pretendia "crescer" e obter o "melhor resultado de sempre", o que se verificou --, a expectativa geral era que a IL tivesse um crescimento maior do que o obtido esta noite, num contexto eleitoral visto como favorável para o partido.
Essa desilusão foi assumida por Rui Rocha que, no discurso eleitoral da noite -- com um tom mais de derrota do que de vitória --, frisou que a IL cresceu em número de deputados, votos e percentagem, mas ambicionava mais.
"Queríamos ter crescido mais, obviamente. Creio que fizemos muito ao longo deste tempo para merecer a confiança dos portugueses. Não foi possível crescer mais, eu assumo esse ponto", afirmou.
Além de não ter alcançado esse crescimento ambicionado, a IL vê também gorada a possibilidade de obter uma maioria absoluta com a AD, o que tornava difícil de concretizar a sua intenção de entrar para um Governo, que foi rapidamente descartada por Rui Rocha quando subiu ao palco do Palácio Xabregas, ao som da música "We Will Rock You", da banda britânica Queen.
"Olhando para os resultados, o que vemos nesta altura é que as maiorias possíveis estão constituídas. Portanto, o nosso papel será o papel de, no parlamento, continuarmos a defender as nossas ideias, de continuarmos a dizer aos portugueses: têm aqui um partido de confiança que os vai defender e que vai querer levar Portugal para a frente, a partir do parlamento, onde teremos maior representação", referiu.
No entanto, o líder da IL manifestou-se disponível "para as conversas que houver a ter nos próximos dias, para todos os contactos" e frisou que, na Assembleia da República, terá exatamente a mesma postura que teve na última legislatura.
"Quando entendermos que as medidas propostas são medidas adequadas, corretas e que contribuem para o desenvolvimento do país, cá estaremos para viabilizar. Sempre que merecerem crítica, cá estaremos com a mesma intensidade a criticar", referiu.
Apesar deste resultado agridoce, Rui Rocha recusou qualquer arrependimento quanto à postura que o seu partido assumiu no passado recente, salientando que "não teria feito nada diferente" e que a IL esteve "à altura das circunstâncias quando outros falharam".
"Estivemos certos e quero-vos dizer que não troco essa posição: uma posição de ética, de rigor, de transparência, de confiança nos portugueses, de não dar tudo a todos e dizer aos portugueses, cara a cara, aquilo que deve ser dito. Eu não troco essa posição: não é só para o passado, é sobretudo para o futuro", frisou.
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