A Coligação Democrática Unitária (CDU -- que junta PCP e "Os Verdes") teve 180.943 votos (quando ainda faltam apurar os votos no estrangeiro) e 3,03%, ultrapassando aquele que tinha sido o seu pior resultado de sempre em legislativas, há um ano, quando teve 3,3% (202.325 votos).
Além da perda de votos, a CDU perdeu também um deputado eleito pelo círculo de Lisboa, o histórico António Filipe (número dois da lista), confirmando a trajetória descendente que se verifica desde 2019.
A CDU tem renovado em todas as legislativas desde então recordes negativos, quer em votos quer em deputados (com exceção de 2019, em que aquela força teve o mesmo número de deputados de 2002, mas menos votos).
A bancada parlamentar do PCP fica agora apenas representada pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo (eleito por Lisboa), a líder parlamentar Paula Santos (Setúbal) e Alfredo Maia (Porto).
Se em 2024 bateu por escassa margem o Livre, assumindo-se como sexta força política, desta vez a CDU ficou atrás do partido liderado por Rui Tavares, mas teve melhor resultado que o Bloco de Esquerda (algo que não acontecia desde 2011), mantendo o mesmo lugar.
A CDU tinha voltado a apostar no antigo líder parlamentar Bernardino Soares para conquistar um mandato, desta feita pelo distrito de Beja, que não conseguiu, depois de o mesmo deputado comunista ter falhado a eleição por Santarém em 2024.
Apesar disso, o melhor resultado da CDU, tal como em 2024, voltou a ser aquele distrito do Alentejo, com 13,56% (10.000 votos), ficando atrás do Chega (27,73%), PS (26,49%) e AD (20,89%).
Além de Paulo Raimundo ter apontado como objetivo mínimo a eleição de seis deputados e mais 100 mil votos, outro dos objetivos definidos era o regresso de "Os Verdes" ao Parlamento, com dois caminhos apontados como possíveis pela CDU: Heloísa Apolónia, por Setúbal (onde era número três), e Mariana Silva, por Lisboa (onde era número quatro).
Na descida do Chiado, na quinta-feira, a antiga deputada Mariana Silva chegou a dizer que a CDU estava convicta no regresso daquele partido à Assembleia da República, tomando-o como certo, com a coligação a ficar muito longe dessa possibilidade.
Se em 2024 Paulo Raimundo acreditava que a CDU seria "a grande surpresa" da noite eleitoral, também esta campanha foi marcada pelo otimismo do candidato, que chegou a afiançar que os seus objetivos mínimos poderiam ser suplantados.
No entanto, a CDU não encontrou o sobressalto, que por tantas vezes o secretário-geral do PCP pediu, nem viu "o bom ambiente" da campanha, que o líder comunista tantas vezes notou, materializar-se em votos.
Paulo Raimundo, que foi eleito no final de 2022 para suceder a Jerónimo de Sousa, voltou a constatar, tal como em 2024, um quadro difícil e exigente, optando por não falar de vitória nem de derrota da CDU, mas antes um "resultado de resistência", face ao contexto.
Quer na noite eleitoral quer durante a campanha, o líder comunista voltou a escusar dar respostas diretas e claras sobre diálogos à esquerda, mas considerou que será necessária "uma ação comum de democratas e patriotas" para enfrentar "a política de direita", antevendo uma revisão constitucional, face à maioria de dois terços de AD, Chega e Iniciativa Liberal no Parlamento.
Para o futuro, Paulo Raimundo perspetiva combate na Assembleia da República, mas também fora dela.
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