"Não é altura de arriscar com experiências de quem não tem experiência"

O primeiro-ministro cessante advertiu hoje que o cenário internacional é muito complexo e que os próximos anos serão muito exigentes para Portugal, razão pela qual defendeu que não se deve apostar na inexperiência e em soluções que não funcionam.

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Lusa
02/03/2024 21:20 ‧ 02/03/2024 por Lusa

Política

Eleições

António Costa deixou este aviso no discurso que proferiu no comício do PS no Porto, cidade para onde se deslocou depois de esta manhã ter participado no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE) em Roma.

Com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a escutá-lo na primeira fila, assim como muitos destacados dirigentes socialistas, o líder do executivo deixou uma questão sobre o que poderá estar em causa nas eleições do próximo dia 10.

"Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos para continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, agora com mais energia, com novas ideias, mas sem mudança de rumo?", perguntou.

António Costa disse não ter dificuldade em assumir que era possível o seu Governo ter feito melhor.

"Não tenho dificuldade em aceitar que é sempre possível fazer melhor. Mas não é altura de arriscarmos com experiências, nem com a repetição de soluções que já se demonstraram que não funcionam. Não é altura de arriscarmos com experiências de quem não tem experiência", acentuou.

Já na parte final da sua intervenção no comício do PS, fez uma alusão às diferentes sensibilidades existentes no seu partido, mas para desdramatizar esse fator.

"É muito bom que o PS esteja aqui todo, na sua pluralidade, mas também naquilo que é a garantia de confiança que emprestamos ao povo português. Este é o PS que desde Mário Soares nunca deixou de ser o que era e que nunca, em circunstância alguma, deixou de estar ao seu lado em momentos de dificuldade", alegou.

Depois, referiu-se especificamente ao seu sucessor na liderança do PS, Pedro Nuno Santos, fazendo uma alusão ao facto de ter sido secretário de Estado e ministro nos seus governos.

"Pedro Nuno Santos é um político com experiência, que já teve de decidir, teve de fazer escolhas, sabe que não pode prometer aquilo que lhe possa passar na alma, porque sabe que cada promessa tem um custo -- e que esse custo é cobrado um dia", referiu.

Para António Costa, na atual conjuntura, Portugal "precisa de dar outra vez a confiança ao PS e fazer de Pedro Nuno Santos o próximo primeiro-ministro".

No seu discurso, o primeiro-ministro referiu-se aos riscos provenientes das guerras em Gaza e na Ucrânia, com "a ditadura" de Putin na Rússia, assim como às consequências negativas de um possível regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e ao facto de algumas das maiores economias europeias se encontrarem em recessão.

Estes fatores, na sua perspetiva, tornam os próximos anos do país algo de muito exigente. Neste contexto, numa alusão crítica ao presidente do PSD, Luís Montenegro, embora sem o nunca o citar, disse: "Ir para o Governo não é ir inaugurar a obra, é tomar decisões sobre a sua localização e saber como a pagar".

 "Antes de cada obra, é preciso fazer o concurso para o projeto, responder às providências cautelares, ultrapassar o contencioso, responder ao Tribunal de Contas, lançar o concurso para a empreitada e, finalmente, a obra começa, onde também muitas coisas podem correr mal", apontou.

Neste contexto, deixou uma farpa no seu antecessor no cargo de primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

"Parece que alguns estão muito preocupados com a imigração. Eu estou mais preocupado com a falta de mão-de-obra que faz parar muitas obras", contrapôs, recebendo uma prolongada salva de palmas.

No seu discurso, o primeiro-ministro procurou realçar a dificuldade do combate à inflação, fenómeno que disse ter atingido todos os países ocidentais, mas que em Portugal conseguiu terminar 2023, segundo dados da OCDE, "com o terceiro maior aumento de rendimentos".

António Costa puxou por dados como o equilíbrio orçamental, a redução da dívida para menos de 100% do Produto Interno Bruto e pelo facto de todas as agências de ratings atribuírem A à dívida da República, mas também acentuou que estas contas "não são vaca sagrada". E apontou mesmo o exemplo de a dívida portuguesa ter aumentado, por decisão do Governo, durante o combate à pandemia da covid-19.

O líder do executivo referiu-se igualmente a setores considerados sob pressão, como a saúde, mas para alertar para a circunstância de os partidos da AD terem votado contra a lei de bases da saúde, que foi negociada à esquerda e que o Presidente da República ameaçou vetar. Uma referência para assinalar que a AD, na perspetiva de António Cista, não quer reforçar o Serviço Nacional de Saúde.

"Alguém acredita que eles vão reforçar o SNS?", questionou.

Neste comício, disse também que Pedro Nuno Santos teve a boa notícia de que, de acordo com estimativas, em 2026, haverá em Portugal excesso de médicos de família. Usou ainda o Plano de Recuperação e Resiliência para evidenciar o número de centros de saúde e de novas habitações que estão em construção.

"É claro que não está tudo bem, mas há muitos problemas que estávamos a resolver", acrescentou.

[Notícia atualizada às 22h23]

Leia Também: Assis espera que Costa seja o próximo presidente do Conselho Europeu

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