O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, está este sábado a participar num almoço de militantes do partido, em Portalegre, no qual aproveitou a oportunidade para discursar, acusando o Governo de demagogia sobre a questão dos impostos.
Raimundo começou por dizer que a "grande emergência nacional" que o país precisa de dar resposta é "o aumento geral e significativo" dos salários e das pensões, acusando o Executivo de António Costa de querer "reduzir as despesas do Estado", considerando que é "o mesmo que dizer que vai cortar nos serviços públicos, na saúde, na educação e nos apoios sociais".
"Todos os dias enchem a boca de impostos, páginas e páginas de jornais sobre o assunto, mas no concreto estão-se nas tintas para os trabalhadores [PS, PSD, IL e Chega]. Votaram todos juntos contra as medidas que propusemos para tributar os lucros dos grandes grupos económicos, da banca, da energia, de todos aqueles que se estão a abotoar à custa do sacrifício de milhares e milhares de pessoas", afirmou Paulo Raimundo.
"No fundo, o que querem a propósito da conversa dos menos impostos é garantir que os grupos económicos ganham em todos os tabuleiros, passariam a pagar ainda menos impostos, ao mesmo tempo que vão tomando conta da saúde e da educação, enquanto o Estado se ia livrando aos poucos destas duas responsabilidades", acrescentou Raimundo, salientando que "o capital ganhava à custa dos salários, dos direitos e do próprio país".
O representante do PCP fez ainda lembrar que foi graças às iniciativas do partido, entre 2016 e 2019, que "foi possível ir corrigindo a injustiça fiscal criada pelo enorme aumento de impostos decidido então pelo governo PSD-CDS com personagens e com dirigentes que hoje são, parte deles, líderes dos seus sucedâneos, nomeadamente Chega e Iniciativa Liberal".
Paulo Raimundo enfatizou ainda que o PCP procura "soluções, caminhos e respostas" para a vida das pessoas e acusou os responsáveis pela injustiça fiscal e pela fuga de impostos para os paraísos fiscais, "que leva qualquer coisa como 1.000 milhões de euros por ano".
Esse dinheiro "sai da riqueza que nós criamos" e vai "direitinho para os paraísos fiscais", destacou ainda o dirigente comunista, acrescentando que "são os mesmos pela sua ação ou cumplicidade que hipocritamente vêm queixar-se que os serviços não funcionam, mas são os primeiros a contribuírem para a sua destruição".
[Notícia atualizada às 15h32]
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