Desde o arranque da campanha, a porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, assumiu que o objetivo era claro: recuperar o grupo parlamentar do PAN. Com isso em mente, a campanha contou com ações quase exclusivamente nos centros urbanos, deixando de fora o interior do país, e Lisboa e Porto, os dois distritos onde o partido tem historicamente melhores resultados, concentraram a maioria das iniciativas.
Nestes 11 dias de campanha, a caravana do PAN percorreu Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro, Faro e Coimbra para falar, sobretudo, sobre as causas do partido, com foco especial na proteção animal, na defesa das vítimas de violência doméstica, na transição climática e propostas para a habitação, saúde e educação.
Depois de nas últimas eleições ter ficado a poucos votos de eleger no Porto, foi na cidade invicta que Inês de Sousa Real apostou grande parte das suas fichas nesta campanha, com o objetivo de eleger o cabeça de lista portuense Hugo Alexandre Trindade.
Por lá, optou pelo formato que foi replicado em grande parte da campanha, com visitas a associações, movimentos e instituições relacionadas com a defesa animal, saúde, desporto ou mobilidade a servirem de palco para o partido apresentar as suas propostas nessas matérias e a líder apelar ao voto no PAN para cumprir o objetivo de ter um grupo parlamentar.
A campanha passou pontualmente por Faro, Aveiro e Coimbra, mas Lisboa destacou-se como o eixo principal da ação eleitoral do partido. Com perto de uma dezena de ações na capital, o PAN quis abordar temas tão distintos como os desafios jurídicos da alimentação vegetal, o ruído do Aeroporto Humberto Delgado, o referendo à tauromaquia ou as falhas nas políticas públicas de habitação.
Em quase todo o lado, foi-se repetindo o formato das ações de campanha: a líder, acompanhada de uma pequena comitiva, normalmente composta por candidatos e apoiantes, visitava o espaço ou reunia com responsáveis e finalizava com declarações à imprensa onde reforçava as propostas do PAN ou aproveitava para deixar críticas ao executivo da AD.
Mas houve também espaço para o contacto direto com os eleitores. Inês de Sousa Real marcou presença na Feira de Carcavelos, na Feira de Espinho, no Mercado Municipal de Benfica e no Mercado Municipal de Faro. O partido dinamizou ainda uma distribuição de panfletos à porta da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa.
Porto e Lisboa - onde Inês de Sousa Real tem sido eleita - foram desde o início apontados pela líder do PAN como os distritos como as principais apostas do partido para conseguir eleger. Esta terça-feira, porém, Setúbal juntou-se ao leque de possibilidades, com Sousa Real a admitir, durante uma ação de campanha na Serra da Arrábida, a ambição de recuperar uma deputada no terceiro maior círculo eleitoral do país, como já não acontece desde 2019.
Entre as propostas que o PAN quer levar para discussão no parlamento na próxima legislatura, o partido tem dado especial enfoque à criação do SNS Animal, à implementação da "segunda-feira sem carne", a licença parental de seis meses remunerada a 100% e o alargamento do prazo de denúncias de crimes de violência doméstica.
A campanha do PAN prossegue hoje entre Braga e Porto, prevendo-se que encerre, na sexta-feira, com um jantar no Sana Hotel Malhoa, em Lisboa.
Nas legislativas de 2024, o partido foi o que teve menor votação entre os que estão representados no parlamento, obtendo 1,95% dos votos, correspondentes a pouco mais de 126 mil votos, e manteve um único mandato parlamentar, novamente ocupado pela porta-voz Inês de Sousa Real.
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