Kaili. Socialistas europeus assistentes no processo judicial de corrupção
O eurodeputado Pedro Marques disse hoje, em Estrasburgo, que os socialistas e democratas vão fazer um inquérito interno e que pediram para serem constituídos assistentes no processo judicial contra a representante socialista grega Eva Kaili, acusada de corrupção.
© Global Imagens
Política Eva Kaili
Pedro Marques, que falava como vice-presidente da bancada dos Socialistas e Democratas (S&D) do Parlamento Europeu (PE), à qual pertencia Eva Kaili, explicou que o grupo de eurodeputados "pode ter sido lesado pela ação de alguns deputados ou assistentes", pelo que "se vai constituir como parte ofendida" no processo contra a deputada grega.
Entretanto, o PE decidiu hoje pôr termo ao mandato de vice-presidente de Eva Kaili.
A decisão que a eurodeputada socialista grega não pode exercer o cargo foi aprovada por 625 votos a favor, um contra e duas abstenções, representando uma dupla maioria de dois terços dos votos expressos e uma maioria dos deputados que compõem o hemiciclo.
Kaili, que era até hoje uma das vice-presidentes do PE, foi, esta semana, detida e acusada de envolvimento num caso de corrupção relacionado com subornos de um país do Golfo, presumivelmente o Qatar, o país que organiza, este ano, o Campeonato Mundial de Futebol.
A investigação policial, conduzida pela polícia belga, levou à detenção de várias pessoas e à realização de pelo menos 20 buscas em quatro dias para recolher informações e provas sobre o caso de alegada corrupção.
"Estamos furiosos com esta situação. Eu pessoalmente estou enojado com a situação. É demasiado mau", sublinhou Pedro Marques.
"Já conhecíamos as sistemáticas alegações de corrupção na atribuição do Mundial ao Qatar - que estão a ser investigadas nomeadamente pelas autoridades francesas e outras - e agora também aqui [foi apontada] a corrupção de uma das principais instituições da democracia europeia", referiu.
Admitindo que todas as instituições "farão uma análise do que se passou", o eurodeputado português e representante do grupo parlamentar S&D adiantou que a acusada "foi primeiro suspensa e agora expulsa", na sequência da sua detenção "em flagrante delito".
"Eu próprio, em nome do grupo, pedi aos meus colegas que têm algum elemento das suas equipas envolvidos nas investigações que suspendessem as suas funções, o que já aconteceu", acrescentou.
O eurodeputado adiantou ainda esperar que "se se confirmar, de facto, [que houve] corrupção de algum Estado do Golfo, em particular do Qatar" haja "sanções duras" porque "corromper a democracia europeia é demasiado grave e não pode passar sem consequências".
Para evitar situações idênticas no futuro, o representante defende que a comissão de inquérito deve tirar consequências, como uma maior proteção legal de denunciantes.
Em relação ao Estado responsável pela parte ativa da corrupção, Pedro Marques considera que também ser alvo de resposta exemplar.
"Sanções económicas e sanções diplomáticas que terão que ser adotadas relativamente às relações da União Europeia (UE) com estes Estados. Se se comprovar que as autoridades de um Estado corromperam ativamente a democracia europeia, isso tem que ter consequências gravíssimas", disse, salientando que "é preciso fazer tudo para preservar a imagem do Parlamento Europeu".
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